quarta-feira, novembro 09, 2005

colagem de arquivo 1

Outra vez parecia que a morte estava próxima, mas sentia isso sempre e nunca havia morrido, talvez gostasse de pensar na morte, ficava ali, inventando mortes variadas, como se assim pudesse sabotá-la, se não a morte, a vida pelo menos. Assim se distraia, imaginando se há alguma dor de morte, uma dor única e só uma vez sentida, uma dor de romper, de um fio que escapa, coisa assim, para ele a morte era fria, um gelo que precederia a dor do rompimento, um gelo que falasse ao cérebro: -Morremos!.
Mas era bom de humor, ria sempre, até demais, sua risada era irritante, parecia idiota, de tanto rir de quase nada, mas assim ria de tanto pensar na morte, pensava se aquilo, sua obsessão, lhe era natural, pois, desde sempre, quando ainda moleque, já pensava na danada e desde daquela época matava formigas com lupas ou lentes, também pensava porque crianças tinham fases de matar, geralmente bichos, ou mesmo folhas, mas há também as que se excedem e matam colegas ou pais, isso realmente era algo a se pensar.
Mas outro dia andava ele pensando em seu assunto quando, distraído, coitado, foi atropelado e, não deu outra, morreu. Corri e ainda ouvi ele falando: "Tá frio! Tá frio!", e começou a gargalhar, depois caiu, um sangue escorrendo da boca e um entre riso bem humorado.

1 Comments:

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