quarta-feira, abril 18, 2007

VOU TE CONTAR UMAS HISTÓRIAS E TALVEZ VOCÊ VÁ GOSTAR:


(O NOME PODERIA SER ''PARA DOMINGOS OLIVEIRA'' OU MESMO ''A ÚLTIMA CARTA DE ADEUS'' OU AINDA '' TUDO É MOTIVO PARA UM SOLITÁRIO IMBECIL'', MAS O QUE TA AÍ É MESMO O MELHOR)


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Era um diazinho cinza desses sem graça e você tava na janela e me falava aquelas coisas malucas que eu nunca poderia pensar. Você falava desse mundo bonito que existia por aí, essas coisas que nunca entendi, mas que sempre me agradaram porque você falava e eu queria acreditar.
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Mas daí veio essa coisinha dura que tava me dando nas costas. Essa coisinha que você falava que ía passar e dei aquela chorada tímida de homem super-macho que eu sempre tentei ser. E você ficou tão feliz com a minha chorada, tão feliz. Acho que foi nesse dia que pensei: é, é, essa maluca me ama.
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Depois de um tempo tava você com uma dorzinha dessas daí e eu peguei meu saquinho e falei que você tinha que acreditar, que só acreditando que daria certo e dái eu lembro (e lembro tão bem que eu fico triste só de lembrar) que você riu e olhou pra mim de um jeito assim - um jeito que nem era arrogância, mas era como se fosse, e você disse: deixa, deixa, eu prefiro minha aspirina.
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E depois eu lembro que você me telefonou e disse que eu não tava certo e que eu devia ter auto-estima e eu tripudiei e falei que essa coisa de auto-estima era coisa de americano inseguro e você ficou ofendida e disse que aquilo eram os seus valores e que, sendo assim, nada disso fazia sentido e era melhor que a gente parasse já porquenada do que tínhamos vivido tinha valido a pena.
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Daí veio aquela maré mansa e eu ficava deitado o dia todo e olhava pro teto e pensava que a vida era esse jogo previsível de sim e de não. E eu ficava horas olhando pela janela e discutia mentalmente com todos os meus inimigos e falava tudo que eu sempre pensava, mas que nunca tinha dito porque, afinal, eu tinha que conviver com as pessoas por mais que isso me aborrecesse.
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Já tinha passado 5 anos dessa coisa toda. Dessa coisa toda que era meu mundo de solitário satisfeito e de pessoa arrogante que eu sempre tinha sido. E tava tudo certo e a vida caminhava daquela maneira lenta que sempre tinha sido meu sonho. E aí eu vi você e olhei e olhei e não fui visto e pensei que era mesmo mentira e que era mesmo uma pena ter passado tanto tempo mentindo.
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Eu já tava velhinho e a gente se encontrou e sentamos e conversamos e lembramos de tudo com aquela cara alegre de quem foi satisfeito com a própria vida. E aí, na hora de dizer adeus, você me olhou com carinho e disse você continua o mesmo. E eu olhei pra você, e meus olhos tavam vermelhos, e disse é verdade, e você mudou bastante.
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Agora você morreu antes de mim e eu fico pensando que o mundo pode ser mesmo injusto. E eu deito na cama e olho pro teto e fico tentando pensar como tudo seria se não tivesse sido como foi. Acho que isso é coisa de velho, de velho triste, isso de pensar naquilo que não aconteceu. E eu deito e acendo o meu cigarro e eu fico olhando a brasa e pensando naquilo que você iria pensar.