terça-feira, outubro 09, 2007

jogo de estilo - ?

no meio da noite louca. uma música que toca. ninguém repete, ninguém diz nada. é quase de manhã e as pessoas ainda estão dormindo em seus lares. o cachorro vadio na rua no meio parado no poste. quem até quando e onde. os canalhas rezando ainda antes das igrejas abrirem seus cofres. a miséria é colorida e alegre. crianças sujas que brincam com brinquedos inventados. ( eu penso agora meu bem que te quero e digo da tua boca e do sorriso e do medo e lembro da tua carne branca e da sua voz tremida no meu ouvido: o sussurro das letras faladas) o sol no céu ainda escuro e os olhos cansados. risos. risos. risos e esperanças. marés novas para novas possibilidades. o terno alinhado do rapaz triste que passa com os passos firmes em direção ao nada. ninguém me esperando na multidão com um sorriso cínico para me enganar: vozes ouvidas e ainda sem forças e sem precisão. (quem sabe te pego, ô malucá?). as pistas cinzas e os óculos modernos da artista frustrada que trabalha no banco do Brasil. o sorriso que a criança suja no colo da mãe suja dá. o infinito sistemático e que sempre volta ao pensamento. (não quero sua cara seu medo louco ou seu desejo de não ser você mesma. não quero seus olhos miúdos e sem direção). o infinito e o riso e o fim e a velhazinha que gargalha enquanto alimenta os pombos. o sol no ceú claro e azul numa noite de segunda feira. a tristeza se esvaindo em táxis amarelos que passam em grande velocidade e sem nunca parar. a avenida começando a sumir em baixo de pneus pretos de ônibus de empresas enormes e globais e boas para a boa preservação da boa imagem que dá usar a boa preservação do bonito nome que é o meio ambiente que dá alegria e reconhecimento. o sol que surge e a gente que passa com cara de sono e tédio e raiva e até ódio e loucura também porque gente não é e nem deve ser de ferro ou coisa que pareça. gente de todos os lados e para todos os cantos com todas as caras que todas as gentes podem ter mesmo que ocupem um mesmo e pequeno espaço. ( o fim tão próximo pode ser tão azul e amarelo quanto branco e vermelho porque tem coisas loucas e lindas e loucas de novo que nem imaginam que podem ocorrer e ser aquilo que ninguém espera ou imagina ou deseja e acontece. daquilo que me faz esperar e ser generoso com o tempo e com as coisas que nem posso sorrir e cantar como quem imagina um mundo melhor que se safe no meio do nada que esconde umas glórias antigas que ainda resistem.)