o de sempre.
Meu velho amigo me telefonou e foi mais ou menos isso:
"Minha garota andava assim, de pescoço esticado e olhando pra todos que passavam. Ela era uma belezinha e tinha uns olhos verdes malucos e lacrimosos. Você sabe que eu sempre adorei essas mulheres que choram, não sabe?
- Pô, claro que sei...e você sabe que eu sempre achei que todas as mulheres choram...
- Eu sei, cara, mas essa era diferente...sei lá...ela tinha uma melancolia que não era só charme, sabe? E ela não sofria por causa dessas coisinhas de mulher, sabe? Na verdade ela nem falava de sofrimento, nem nada. Ela só era assim. E eu olhava pra ela e ficava pensando que eu tinha que fazer ela falar, e eu ficava insistindo tipo 'fala, fala, eu quero saber tudo' e essas coisas que eu sempre faço e que sempre dá certo.
- Mas e daí? Deu certo?
- Deu.
- E então qual é o bode, pô?
- Sei lá. Eu achava que aquilo era um desses mistérios de mulher...achava que era um troço que nem ela sabia, ou que, se soubesse, não saberia explicar...mas era uma tragédia mesmo, uma tragédia real. Porra! A merda da melancolia dela era explicável por uma merda de tragédia real! Eu perdi o interesse na hora, cara. Era uma coisa pra psicólogo, saca? E não pra mim, que tava ali numas de desvendar uma mulher...
- E aí?
- E aí tu já sabe, pô. O de sempre. Eu desencantei na hora...
- Que merda...
- Pois é. ( Tempo) Pô cara, eu sempre falo contigo essas coisas...deve ser meio chato, né?
- Fica tranquilo, cara. Tu sabe que eu tenho um blogue, né?
- Sei...
- Então, eu sempre falo dos nossos papos lá...
- Ah é?
- É, mas fica tranquilo que eu dou uma mudadinha. Meio que misturo as histórias que você me conta com umas que eu invento...
- Hahahahahaha...
- O quê?
- É tua cara fazer isso...hahahaha...tu sempre foi mentiroso pra caralho!...hahaha...
- É. Eu falo disso também..."
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