sexta-feira, julho 20, 2007

A história mais bonita do mundo não pode ser contada porque ninguém entende e porque quem poderia querer entender prefere deixar que as coisas sejam assim como se fossem simples e todo dia vem uma nova coisa que passa e a gente olha e o rosto fica cada vez mais belo e mais calmo e talvez a coisa seja mesmo essa de se misturar de um jeito sem decidir e de deixar ser carregado pras coisas como se fossem elas, as coisas, quem decidissem alguma coisa e não há receio nem há derrota nem há vitória e nem o que poderia ser feito há apenas o que ocorre de jeito tão espontâneo e que passa por instâncias tão incríveis que as explicações se tornam meros objetos de um raciocínio que não cabe aqui e nem lá e que nem presta porque tende a decidir as coisas que não precisam de decisões porque são coisas que partem de outro lugar inacessível e coisas que devem não ser ditas nem pensadas para que sejam apenas sendo sem antecipações e necessidades outras que não a pureza de ficar assim por horas e horas de pensar em silêncio por horas e horas de olhar os olhos por horas e horas e de esquecer as buzinas e os barulhos e mesmo de se dar ao luxo de se esquecer de si mesmo.