pergunte ao querido fernandinho.
Fique com as suas tristezas que eu fico com as minhas. É melhor assim. Nada de compartilhar desgraças. E também guarde as suas alegrias. Não há sentido em dividir as coisas raras. Essa idéia de dividir certas coisas com os amigos, ou com os queridos, ou com o diabo a 4, não faz sentido. Divida um Whisky que ganhou no ano novo, mas não divida essas outras coisas. É desperdício. A gente entende muito mal de nós mesmos e menos ainda dos outros. Não por culpa de um ou de outro, apenas porque é assim e porque sempre que contamos uma pérola percebemos que ela nem é tão pérola assim. E sabe? Essa desilusão que os outros trazem não vale a pena. Não por nada, mas porque sua pérola particular tende mesmo a te abastecer mais do que aos outros. Cada um com seus calos e cada um com suas pérolas. Há tantos prazeres solitários que não precisam de divisão: uma cagada depois de a ter inibido, uma foda fantástica com uma desconhecida que nunca mais verá, um livro que você leu e achou que entendeu o mundo, um filme de super herói americano que te fez chorar, etc. Você pode até comentar essas coisas com um amigo, mas não queira que ele entenda. Ele nunca entenderá. Ninguém nunca entenderá. É só você, sozinho, na solidão do seu umbigo, que é capaz de se aproximar dos motivos que fazem você ser o que é. E mesmo assim a gente mesmo não se aguenta.
(Nessa hora eu lembro das pessoas que me acham pessimista. Eu não me acho pessimista. É só uma questão de ironia. Não sei se sei explicar, mas é mais ou menos assim: você brocha com uma mulher, certo? E sente o peso disso e a desgraça toda. Mas você não se considera um brocha. Você acha que aquilo aconteceu alí e que não vai acontecer de novo. Você sabe que seu pau ainda pode ficar duro e fica feliz por causa disso. Pra mim otimismo é isso: perceber que cedo ou tarde você terá uma nova ereção.)
A vida é sempre vasta e alegre e triste e triste de novo. A gente segue adiante porque a morte continua sendo uma desgraça. Melhor vivo do que morto, melhor de pau duro do que mole. Cada um segura o rojão como pode e cada um queima os dedos como agüenta. A gente se repete e a gente se adora e a gente é sempre incompreendido.
Fique onde está e não olhe pro lado, a vida é melhor assim.
(acabei de reler e achei que é um texto messiânico da porra. dane - se. não é assim que funciona?)
2 Comments:
Oi Fernando, adorei o texto, o seu pessimismo e otimismo, e essa visão desiludida e lúcida de que as grandes coisas da gente são mesmo nossas e pronto. Agora, quanto ao "melhor de pau duro do que mole", passa lá no mariadapoesia http://mariadapoesia.blogspot.com/2004/08/hit.html e depois me diz o que cê acha! =)
um beijo, Maria
Já conhecia seu hit da época que descobri seu blogue e fiquei fuçando. É duca mesmo. Ainda colo aqui.
Mas tanto o meu pau quanto o seu, pensando depois de reler, são próximos, tipo primos nas férias.
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