Fui comprar cerveja pros amigos que estão chegando. E isso é o que importa, os amigos e a cerveja. O resto são os pretextos todos que inventamos pra suportar a porra louca que é a vida. Eles tão vindo de Sampa e eu conheci eles na época que eu morava lá. Foi, acho, a época mais gloriosa de todas. Eu tinha 17, 18 e era um grande gênio que estava apenas esperando o reconhecimento. Com 18 tudo era mais simples e mais vital, sem paranóia de nada. Apenas a irresponsabilidade que se tem nessa idade sem ter culpa. Porque irresponsável eu continuo, mas agora a maldita culpa me acompanha.
Foi uma puta época porque eu tava pela primeira vez morando longe dos meus pais e porque também foi a primeira vez que eu morei sozinho, no caso com mais três amigas. E era mesmo uma casa ótima e a gente era feliz pra caralho e tinha muita festa sempre. E a gente falava de teatro e de arte e eu era moleque e cagava minhas regras achando que com 20 eu já seria reconhecido como gênio. É uma merda de nostalgia maluca que eu vou ter nesse feriado, lembrando das pequenas glórias do passado. O fato é que o tempo só faz complicar tudo, o tempo passa e é terrível e é isso aí e por isso mesmo é bom inventar novas mentiras pra seguir adiante.
Agora a cerveja tá na geladeira e quando os caras chegarem vai ser bacana jogar conversa fora e ouvir as histórias que a gente teve no tempo que parou de se ver. Esses reencontros são bons e queria ter muito dinheiro pra poder promovê-los. Seria do caralho bancar todos os amigos e alugar uma casa num canto maneiro e ficar falando e atualizando as histórias. Uma vez por ano um tipo de festa dos mortos, sei lá. Tipo todo feriado de 7 de setembro o Fernando banca tudo e a gente chafurda junto.
1 Comments:
Ela te respodeu.
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