meu velho amigo
É impossível reproduzir exatamente o que meu amigo me falou, mas foi mais ou menos assim:
Eu não entendi aquele dia. A gente tinha saído, tinha bebido. Não lembro muito bem, mas tinha havido alguma discussão, tinha algum clima ruim e eu não lembro porquê. Eu sempre lembro dos climas ruins, mas nunca dos porquês. E nesse dia ela tava muito bonita, sabe? Sabe quando você tá com um mulher e fica pensando 'caralho, ela é a coisa mais tesuda que existe'? Era um dia assim. Ela tava vestida de botas e vestido de frio, era uma coisa. Se não me engano tava de jaqueta jeans também. E eu adoro jaqueta jeans em mulheres espertas. E a gente tava assim, meio abalado, sabe? Mas eu tava num tipo de coisa de quebrar aquilo, de quebrar aquele clima de merda. Eu tava tentando ser divertido e contar minhas histórinhas. E a gente subiu pro nosso quarto e ela ainda mantinha essa atitude, mas eu me esforçava e via que tava dando um certo resultado ainda que ela insistisse com a teimosia de mulher dela. Porque mulher é teimosa mesmo e ela era assim também e também sabia que era papel dela fazer aquilo porque daí eu continuava tentando remediar essa coisa de merda que tava no ar. E eu achei que ela tava sacando a minha assim como eu tava sacando a dela, que era essa coisa de resistir e sorrir ao mesmo tempo, sabe como é? Ela ficava fazendo suas exclamações e tudo, mas havia um prazer visível nela. Um prazer que ela deixava eu ver e que me fazia ter certeza disso. E assim, assim nesse pacote, eu comecei a tarar ela de um jeito mais agressivo, saca? Eu fiquei calando a boca dela com uns beijos, uns beijos roubados e babados, saca? Uns beijos pra marcar território. E ela continuava nessa mistura de riso e de bronca e continuava sorrindo e, as vezes, ria mesmo, e ria alto, mas ainda com a atitude de to brava, sabe? E eu insistia em dar essa cárater tesudo nas coisas e ela insistia na dela e eu disse que ela era a pocahontas porque ela tava de vestido e botas e que eu tava com tesão nela porque ela era a pocahontas e porque eu queria trepar com ela assim, de saia e botas, num tipo de fetiche e de disputa de força, sabe? E ela ao mesmo tempo em que me beijava soltava suas queixas e, olha, as queixas eram assim, daquele tipo meio porrada que fala o que pensa mesmo, ou seja, era agressivo o que ela me falava e eu tentava interromper ela e beijava ela e ela deixava e eu metia minha mão em baixo do vestido dela e falava pocahontas e ela ria e me beijava e parava tudo e soltava umas agressividades e de novo eu e de novo ela. E nesse clima louco a gente foi ficando tesudo, sabe? Sabe quando você fica tesudo e entra no clima de ser bicho? Ela me agredindo e a gente disputando força e tudo o mais. E ela já tava sem calcinha porque nesse meio eu tinha tirado a calcinha dela e tavamos loucos e ela falava pára, mas ria e me beijava e sacou que a brincadeira era mesmo a mistura daquilo tudo e eu entrei mais na onda e comecei a por o pau pra fora e passar nela, passar sabe?, sem entrar mesmo e aí, não sei o que foi que aconteceu, mas aí ela embarrerou e aumentou a agressividade e eu voltei a fazer minha fita, mas ela não cedeu e começou a ficar muito agressiva mesmo, agressiva de uma maneira que já não era a de antes e eu fiquei vendido porque parecia que tava tudo tão claro, sabe? Mas daí ela deu essa travada e eu não entendi e a gente parou, e parou mesmo, e eu saquei que a merda era maior e ela me deu um puta discurso sobre quem era ela e essas coisas e eu não entendi nada e olhava pra ela e pensava que ela tava mentido porque ela tava se fazendo de desentendida, o que é mesmo uma coisa muito irritante. E eu ali sem ação e sem entender. Sem entender nada de nada porque aquela reação dela parecia ser cerebral, sabe? Era uma reação de um lado racional e escroto. De um lado que era ela falando 'eu sou mulher, mas não sou mulherzinha e eu me imponho e se me quiser você tem que engolir isso' e eu pensava que isso não tinha nada a ver com aquilo, com aquilo que era uma manifestação de amor, sabe?, uma manifestação de amor. Mesmo. Eu sabia daquilo que ela tava falando e eu até concordava, mas eu pensava que ela tinha viajado porque era bem mais simples, bem mais. Era uma coisa pra um dia, um dia de sexo bom e diferente entre duas pessoas que já se conhecem a algum tempo. Era só isso. E era uma manifestação de amor, porra.
Porra, depois desse dia tudo fudeu. Foi depois desse dia que tudo acabou e ficou pior e morreu e morreu agonizante, que é uma merda de maneira de morrer.
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