quinta-feira, julho 12, 2007

A origem de um jovem arrogante.

1
Era uma negona bem típica. Nariz negróide, beiço exagerado, bunda gorda. Ela tinha quase trinta, acho que vinte e oito. Eu tinha 16 recém feitos e tava em São Paulo. Era bem simples. Foi ela que me ensinou a trepar.
2
Eu era um semi-virgem. Tinha perdido o cabaço, mas só tinha trepado uma vez. A buceta ainda era um mito. Uma coisa. Eu ainda tinha medo de buceta. A possibilidade de uma buceta se abrir pra mim ainda era uma ameaça.
3
Ela me educou. Ela me tratou como um rei. Ela me dava segurança. Ela dizia: “Seu pau é grande, seu pau é grosso. Você me deixa maluca. Teu pau é a coisa mais gostosa que existe e nem quero ver quando você for mais velho. Me come, cachorrão, me come.” Esse tipo de coisa é muito importante pra um semi-virgem de 16 anos. Eu acreditava em tudo e me sentia ótimo.
4
Ela falava sacanagens. Ela elogiava meu desempenho. Ela me anunciava como um deus do sexo. Ela me educou. Ela era uma piranha deliciosa. Ela dizia tudo que com 16 anos se precisa ouvir. A gente trepava sempre e em qualquer canto: rua, construção, motel furreca. Uma beleza.
5
E teve o dia que eu perdi o medo da buceta. Ela era preta. Uma negona bunduda e vulgar, uma maravilha. Era mais velha e me tinha como aluno. Então eu vi, num dia, eu vi. A buceta dela. Não a buceta, os pelos. A buceta dentro. Na carne de dentro. Com a cor que tem a carne de dentro. Uma cor de mistério. Eu digo rosa, mas tem gente que diz roxa. Uma cor com luz própria. Uma coisa louca que, no caso dela, contrastava berrantemente com a cor da pele. A pele preta e a buceta rosa. Deus existe. Deus é bom. A coisa branca que escorre no meio da profusão de cores.
5 e ½
(é uma cor sem definição e, pra mim, está mais próxima do rosa cintilante. Porque é uma cor viva. Viva e que transborda. Uma cor que só vendo pra tentar entender. Uma cor que brilha, que reluz. Uma cor coisa e que nem dá pra olhar com indiferença. Um dia, pra uma mulher amada, eu disse: 'olhe, olhe sua buceta, veja a cor dela, veja isso, tente entender'. Acho que ela nem entendeu, mas ta tudo certo. Eu lembro mesmo é da coxa gorda e preta que minha educadora tinha e lembro de como a buceta dela reluzia no meio daquilo. Brilhava e dizia 'vem, vem, cachorrão'. Uma delícia. Eu ia.)
6
Porque depois de tudo eu perdi o medo das bucetas. Elas precisam de mim assim como eu preciso delas. Buceta amada é a única diferença possível. Mas buceta sempre brilha mais ou menos. E buceta é sempre bom. A diferença da buceta amada é que ela brilha mais. A luz dela é mais própria e mais aconchegante. A diferença da buceta amada é o olho no olho, o beiço no beiço, o milagre eminente. A buceta amada pode sempre ser a buceta mãe. E isso não é simples. Não é mesmo.