sábado, julho 07, 2007

Agora tua cara diante de mim. Tua cara pálida, tua cara branca, tua cara amarela e sem cor. Os vincos do teu rosto e teu beiço virado de desprezo pelo mundo. O mundo fede você diz. O Rio fede mais que o mundo você insiste. Teu medo das crianças pobres que passam com sacos de cola na mão. Teu medo que é a outra parte do teu desprezo. Tua beleza pintada e estudada. Tua morbidez que se manifesta como sinal de inteligência. Cala tua boca. Abre a tua boca. Coloca a merda do mundo na tua boca. Acabou - se o sonho. Agora teus hematomas te ajudam a entender que teu sonho de superioridade já era. Tá fraca, tá cansada, tá sozinha e finge ter companhia. Arranja um idiota na rua e apanha dele. Teu sangue combina com teu batom. Pinta tua cara. Pinta teu corpo com as langêris. Trepa com a luz apagada e geme como aprendeu nos filmes. Finge. Fica parada e depois começa. Faz de conta que gozou. Faz de conta pra ti mesma que é a primeira vez. Culpa o idiota das tuas desgraças. Faz ele te bater para contar a tragédia no salão. Tua vida em paz na confusão inventada. Teus inimigos inocentes alimentando tua farsa. Teus amigos burros compartilhando teu fracasso voluntário. A culpa você repete. A culpa deles que têm pau. Que te machucam com esse pau. Que te faz fingir gostar. Que te faz fingir fingir. Tua cara vincada. Tuas tetas mordidas. Tua buceta ralada. Teus dedos finos e amarelos. Teu beiço virado. Teu cu mal comido. Tuas sardas cancerosas. Tua dúvida da própria mentira. Tua dúvida, tua dúvida.