querido diário.
Agora te vejo e te digo: a vida curta de todos nós. Só eu sei e você nunca entenderá. Tudo num átimo de sensações mais ou menos definitivas. Eu to aqui. Eu to pronto. Nada me tira de mim. E meu desejo é vasto e louco e pode agradar. Dias inteiros, tardes inteiras. A vida inteira, quiçá. Nada além do que é. A imensidão calculada que tem um sorriso de uma criança que sabe que assim sorrindo você fará as vontades dela. É apenas o que é, mais nada. É vontade de escrever e se perder na escrita. Eu afirmo. Eu decido. Eu quero. Eu não me importo. É sempre sobre mim e nem sempre, e cada vez menos, sobre você. Você que nem abriu a porta aquele dia que eu passei bem perto daí e telefonei e fui repelido. Eu levava balas de morango porque você sempre reclamava que as balas de morango eram cada vez mais raras. E fui repelido e é assim que é: é acordar porque a janela tava aberta e a chuva molhou o seu corpo. Porque teve um dia em que a casa alagou e foi uma grande história que você nem entendeu porque você só lembrava da tragédia e nunca das graças das situações inusitadas. Mas depois de tudo sempre houve as pequenas glórias, os pequenos apertos e as mãos sabendo que não acionavam coisas simples. Porque as mãos não sabem do que a gente falou, elas sabem delas mesmas e é assim que deve ser. Eu afirmo. Eu repito: a cara no espelho nem parece a cara que se vê. A cara do espelho é a cara dela que se enxerga e mente pra si mesmo. É a cara do controle que não existe e da experiência que não soube aproveitar. É o medo da vida que é tão terrível. Que é meu único medo e que é o único medo que pode existir.
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