Domingos e todas essas coisas
Às vezes, aos domingos, eu descia pra comprar duas cervejas que bebíamos enquanto preparávamos o almoço. Cortava cebola e dava longos goles no meu copo, levantava, acendia um cigarro e via o arroz, essas coisas. A gente sentava na mesinha da cozinha e conversávamos com a leve sensação de embriaguez. A gente ria e ela falava, ela sempre falava mais do que eu e eu gostava disso porque sempre achei que mulher fala mais mesmo. Às vezes eu nem gostava do papo, mas gostava da situação. Ela com aquelas angústias que eu nunca entendi e que, provavelmente, nunca entenderei. Coisa de mulher, sei lá.
A gente ficava ali e as vezes a gente se empolgava e eu descia e comprava mais cervejas e a gente cortava queijo e deixava o almoço pra depois. E a gente bebia e ficava bêbado e rindo e depois, na confusão do álcool, acabava na cama fazendo o que, afinal, um casal deve fazer. E depois, enquanto um tomava banho o outro preparava tudo e, finalmente, a gente comia o almoço já preparado. Geralmente a gente comia muito, muito mesmo. Talvez pelo porre, talvez pelo sexo, não sei.
Então a gente deitava na cama e ficava vendo Tv e ela perguntava da louça e eu falava que depois a gente arrumava e ela dormia e eu não e ela acordava e reclamava porque a louça tava lá e que só ela fazia tudo e que isso não era justo e essas coisas todas que mulher fala e que eu continuo pensando que é mesmo coisa de mulher isso de falar muito e quase sempre reclamar.
Sei que no fim de tudo a gente era feliz. Ainda mais porque sei que felicidade não existe e que devemos mesmo celebrar o fato de ainda estarmos vivos. A gente aproveitou enquanto deu e, se ainda estivermos vivos, iremos aproveitar. Seja junto, seja separado.
1 Comments:
legal. bem legal. lindo, na verdade.
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