O Mundo Perfeito.
Um café e um cigarro. A janela bem aberta e a t.v ligada. Ela tá sentada com os pernas meio cruzadas em cima do sofá. É difícil descrever essa postura. Ela não olha a tv e fica olhando pra fora com uma cara maluca de horizonte. De vez em quando ela dá uma tragada mais longa no cigarro e a fumaça sai toda pelo nariz. Ela fica com uma cara muito séria nessa hora: a fumaça pelo nariz e o horizonte. Parece que ela tá pensando em alguma coisa e não quer me dizer. Eu olho ela de rabo de olho e penso o que diabos passa na cabeça dela. Toda mulher é um mistério. É terrível.
Ela levanta e está animada, não sei se foi o café ou o cigarro ou alguma coisa que ela pensou quando olhava pro horizonte. Ela me diz alguma coisa e eu falo aham e me oferece uma comida que ela fará pra ela e eu digo não obrigado. Ela sai saltitando. Desde muito pequeno eu lembro que ela tem essa coisa de saltitar, outro mistério.
Ela volta com um pratinho de bolachas com manteiga e me oferece de novo e eu pego uma e ela dispara a falar. Ela tá animadíssima.
Ela fala e nós conversamos e eu penso e falo também e a tv tá ligada e a janela tá aberta e o mundo parece estar calmo e organizado. De repente eu me dou conta que tô me sentindo em paz e uma leve sensação de vitalidade me invade. O mundo parece perfeito.
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