quarta-feira, agosto 08, 2007

Pau mole.

Eu chego no doutor e sentencio:
- Meu pau ta mole, doutor.
- Como assim, meu filho?
- Assim mesmo. Mole. Uma desgraça.
- Mas me explique.
- Olha, doutor, eu posso até explicar, mas o fato é que ele tava mole na hora que eu precisava dele.
- Meu filho, mas isso não faz nenhum sentido...quantos anos você tem?
- 25.
- Então fique tranqüilo. Me explique direito isso.
- Porra, doutor. Eu queria ele lá pronto e ele me abandonou.
- Eu sei, eu sei como é, meu filho...mas preciso que me explique como foi pra eu tentar entender o que pode ser a causa...
- Assim, doutor, eu chamei uma garota pra ir na minha casa. Ela foi. Bebemos um whiskeyzinho de leve. Nada de mais. Uma ou duas doses em dois. No mesmo copo, sabe?
- Sei sim, continua.
- Então a gente se atracou e tal.
- Sei, sei. Mas, durante isso, durante os malhos, como é que era?
- Os malhos?
- É. Os malhos. As preliminares...
- Ah, ta...não, durante os malhos tava tudo certo. Meu pau tava duro e tudo...o senhor não se incomoda de eu falar pau, ?
- De maneira alguma. Continue.
- Então, tava tudo certo durante os malhos.
- Sim, mas quando ele ficou mole?
- ...a gente já tava tesudo e ela disse pra eu por camisinha...
- E aí?
- Bem, aí eu segurei os malhos mais um pouco e ela pegou a camisinha e eu o encapei.
- Sim?
- É. Encapei o bichinho.
- E?
- , daí eu enfiei nela, doutor?
- Ok, e depois?
- Depois ele ficou mole, doutor. Ficou mole assim. Foi ficando mole, parecia papel na água.
- Sei, sei. Mas você tava lá, copulando, e ele ficou mole, é isso?
- Não. Ela pediu pra vir por cima. Aí ela meio que me masturbou...e aí, nessa hora, eu saquei.
- Continue, continue.
- Nessa hora eu saquei que meu pau ia me abandonar.
- E?
- Como e?, doutor? Aí eu até enfiei nela, quer dizer ela enfiou ele nela mesma, mas já tava errado. Era uma meia bomba que não encaixava.
- Vejo, vejo.
- O quê, doutor?
- Fique tranqüilo, meu filho.
- Mas como assim? Sem nenhum exame?
- É. Foi psicológico.
- Mas não foi a primeira vez...
- Ah é? Como foram as outras?
- Não. Na verdade teve só uma vez antes.
- Continue, continue.
- Quer que eu fale da outra vez, é isso?
- Sim, sim. É importante.
- Da outra vez eu mesmo expliquei pra mim mesmo. É que era uma mulher assim, que até virou minha namorada. Sei lá. Acho que eu queria muito, sabe?
- Sei sim. Mas foi de camisinha?
- Sim. Mais ou menos do mesmo jeito. Duro e depois mole. Como água e papel.
- Ah...
- O que doutor?
- E dessa vez? Dessa vez não era uma garota especial?
- Não, de modo algum doutor...
- Mas você não tinha alguma coisa com ela?
- Como assim? Ela é minha amiga...
- É...eu sei...eu sei...mas você não queria dela algo mais?
- Assim, de namorar, por exemplo?
- É, por exemplo...
- Não isso não, mas...
- Mas?
- Mas é que ela sempre me desafiava, sabe?
- Sei, sei.
- Então.
- Olha. Acho que nem precisamos de exames. Isso ta muito na cabeça. Fique tranqüilo. E camisinha é fogo, rapaz. Tem gente que tem alergia a camisinha.
- Meu Deus.
- Pois é. Tem gente que tem alergia ao látex. Funciona como osmose. Tem uma substância no látex que é capaz de penetrar na pele e afetar a ereção. Mas isso é 1 em 100.000. Você já fez sexo com camisinha?
- Sim.
- Até o fim?
- Sim.
- Então esse não é o seu caso. O mais comum é mesmo o lado psicológico.
- E, então, doutor? O que eu faço?
- Olha, não tem muita saída. Você tem que ficar calmo e não pensar em agradar. Tem que esquecer que quer agradar aquela pessoa.
- Mas não tem nada que possa me ajudar, doutor?
- Olha, os remédio pra isso funcionam num caso assim, mas apenas pelo fator psicológico mesmo. Não vale a pena você usar.
- Então me fala, doutor? Me fala o que eu faço pra facilitar a minha vida?
- Quer mesmo saber o que eu acho?
- Claro. Sim.
- Arranje uma mulher legal e namore com ela e depois de 3 meses de fidelidade façam um DST completo e esqueçam a camisinha...
- Mas, doutor...
- Camisinha é uma desgraça, meu filho. É um mal necessário. Mas pra fazer um sexo bom o melhor mesmo é que você ame a sua parceira...
- Mas...
- Olhe, meu filho, eu sei que isso não é simples, mas isso resolveria tudo.
- Sei, sei.
- Mais alguma coisa?
- Não....acho que não...
- Então fique tranqüilo. Arranje uma mulher legal que tudo dá certo...
- É...
- Você sabe.
- Sim, eu sei.
Saí do consultório e liguei pra minha amiga:
- Olha, acabei de sair do medico e ele me disse que a culpa foi sua...
- hahahaha....
- É sério. A culpa é sua porque a gente não se ama.
- Hahahhahahahaha...
- Você vai ficar rindo, é?
- Hahahaha...como assim?....hahaha...o que que que eu faça?...hahaha...que eu te ame...hahaha...
- Credo. É. O doutor tem razão: eu preciso é de uma mulher legal...
- Hahahaha....
Eu desligo o telefone. Eu vou pro meu bar e penso: “mas afinal, quem pode ser assim tão legal?”.