sábado, outubro 20, 2007

musique- que: de C.H à B. B

No meio da noite você imagina as coisas delirantes que estaria fazendo se ela estivesse por perto. Você pressente essas dores loucas que ela iria provocar na sua alma fraca e aborrecida. Os milagres têm nomes de mulheres. E há milagres que podem valer uma vida inteira.

Porque se trata de ter uma certeza exagerada que aquela mulher que passou é o próprio sentido da vida. E nessa impressão ligeira vem a doçura da esperança que acompanha a fêmea amada e louca, que é assim que a mulher amada deve ser: louca. Louca e necessária.

Uma criatura que lhe tira de todas as coisas e que lhe rouba do seu próprio umbigo que insiste em se isolar. Uma mulher com buceta de ouro é 1 em 1.000. É só ela que pode saber de coisas que nem ela mesma vai entender. É quase um grito no escuro, é quase a última centelha. Ela delira falando pra você coisas terríveis, mas mesmo assim você sorri.

Depois de um porre homérico você esbarra com ela ao acaso e ela lhe pede um cigarro e abre a boca pra lhe dizer prenúncios sinistros e belos que você já esperava ouvir. Ela lhe beija com violência e leva você com ela. Você logo entende que o desprezo dela é apenas falta de crença em milagres eternos. Você repara que ela se esforça pra não sorrir na sua presença, você entende que ela lhe ama.