sexta-feira, novembro 30, 2007

lembrança:

A cabeça lenta rodando. E uma puta dor nas omoplatas. E a memória do médico me dizendo: "alguma hora seu ombro vai cair, mas não vale a pena operar". E isso já faz dez anos ou pouco menos, oito que seja.
Lentidão boa pra escrever e pra falar sozinho. Ou invento ou conto história. Tanto faz, não é?


Lembro da boca carnuda e da única língua que beijei e que tinha piercing. Aquele troço geladinho roçando dentro da minha boca. Era bom. A língua já era boa. Nem fria, nem áspera. Uma quantidade exata de saliva. Ela era alta. Talvez pouco mais alta que eu. Loira e gostosa. Era o estereótipo da adolescente rebelde, mas tinha coisas dentro da cabeça. Surpreendia as vezes.

A sacanagem tinha começado com um baseado grande que a gente tinha fumado. Eu ainda morava em São Paulo. Depois do baseado a gente pôs música e cantou. E daí, e não lembro bem como fomos parar lá, a gente tava no banheiro. Era um banheiro grande e branco que tinha até banheira. Lembro que a Arminda esquentava água no fogão pra tomar banho de banheira.

Mas o que quero dizer é que a gente tava lá. Eu e ela. Eu e a Cássia, que era o nome dela. Eu, no meio da euforia da maconha, tinha inventado um jogo. Um jogo bem idiota e adolescente que eu tinha inventado porque facilitava a sacanagem que já tava rolando. Era simples: a gente fazia fotos. Isso mesmo: fotos. Como aquele exercício de teatro que tem no livro do Boal. E aí a gente tava no banheiro e fazia essas fotos diante do espelho. Eu fazia uma posição e congelava e ela encaixava na minha posição e congelava também. A gente ficava um tempo congelado junto diante do espelho e fazia uma nova posição, sempre invertendo quem começava. Bem simples. Bem legal. Aí eu encaixei e peguei num peito dela, o direito se não me engano. A gente congelou. Tirou a 'foto' e continuou com a brincadeira: Boca aberta. Língua no buraco da boca. Foto. Língua pra fora. Boca chupando língua. Foto. Mão na pia. Mãos nos ombros. Foto. Mão no pau. Peito esquerdo pra fora. Foto. E etc e etc.

Sei lá quanto tempo o jogo durou. Mas a gente tava chapado e se divertindo de verdade. E também éramos novos e metidos. Achávamos inteligente aquele tipo de jogo. Eu devia ter 18 e ela 17 ou 18 também.

Daí eu não lembro bem como, mas lembro que a gente tava na varanda que tinha no ap. e que ficava no quarto que a Mari e a Minda dormiam. Lembro agora que a gente bebia cerveja também. Lembro das latas no parapeito da janela. E a gente falava e falava e falava. Éramos novos e metidos, enfim.

E eu lembro que na varanda eu tentei beija-lá e ela resistiu. E rapidamente eu entendi que ela continuava com o espírito de jogo do jogo de antes e segui essa lógica. Eu lhe roubava uns beijos melados e ela resistia. Eu insistia fazendo minha parte do jogo. Às vezes a gente se beijava e se roçava por minutos longos e prazerosos. Beijos e lambidas e apertos e mãos na bunda e no peito e no pau e no cabelo, etc. Aí ela fazia a parte dela e a gente voltava a falar e falar e falar. E isso durou bastante tempo. Não lembro o quanto. Mas era bastante tempo. Ainda mais com maconha que muda tudo.

Era meio fim de tarde, não era bem noite. Tava só eu e ela na casa. Não lembro onde os outros estavam. Então teve essa hora mais louca. Quando os beijos duraram mais e eu tirei o peito esquerdo dela pra fora e começei a chupar. Peito pequeno e bonito de uma loira. O mamilo mais escuro do que eu tinha imaginado, mas ainda assim delicioso e ficando duro com a minha saliva.

Mão no pau, mão na buceta e ela explode falando que isso não está certo. E começa à fugir de fato e sai da varanda e pega sua bolsa e vai até a porta e bate a porta e some no elevador velho do prédio velho e escuro.

E acabou a história. E acabou a lembrança.

E eu nem acho a Cássia no orkut.