domingo, abril 16, 2006

Domingo de Pascóa

Lá por quatro da tarde fui almoçar no Shopping. Fiquei o feriado inteiro enfurnado em casa e fazia tempo que não via os rostos das pessoas. Quando saí pensei que devia sair mais, mesmo que pra miudezas, pois, afinal, é quase sempre bom ver gente - ainda mais quando elas não nos dizem respeito e não temos a obrigação de cumprimentá-las.

No Shopping vi todos e vi que a solidão no bicho homem é, de fato, um troço que permeia toda, e qualquer, vida. Era eu minha solidão habitual, de quem é jacu e mora longe dos seus; e a solidão dos outros que, embora estivessem acompanhados, estavam, na maioria, com seus olhos secos de quem não sabe pra que, afinal, serve a vida. Famílias grande compostas por diversos solitários.

O fato é que há um lado no ser humano que é de tristeza profunda e que, por mais boa vontade que haja, ninguém, jamais, entenderá. É a solidão do mundo que às vezes sentimos. Solidão que não é pra se partilhar. Que é pra remoer mesmo e ver que não há saída pra quem está vivo. Pra perceber que no fim de tudo seremos nós mesmos que sentiremos o frio da morte. A boa solidão é solitária, solidão a dois (ou a dez) é incompreensão de poetas medíocres.

Havia alguns grupos que pareciam esquecer que a solidão existe. Mas isso também é normal e até eu, um jacu perfeito, às vezes esquece. Mas depois volta sempre, volta sempre porque uma das desgraças da vida é justamente a ausência de sentido, o ''está tudo bem/está tudo mal". A seqüência terrível de ser ou não ser que é a vida. É, inclusive, por essas e por outras, que Sr. Shakespeare é genial. Mas isso não vem ao caso.

Ao caso vem apenas uma necessidade de escrever que forja um sentido pra vida. Ao caso vem o mundo em toda sua grandeza e miséria, vivendo sempre lado a lado, que é pra provar que todos somos merdas. Ao caso vem nós, o idiota que escreve e o idiota que lê, pra provar que a solidão existe e que no fim de tudo a gente morre um pouco a cada dia e muito a vida inteira. Seja lá o que isso quer dizer - afinal, infelizmente, não temos controle de tudo.

1 Comments:

At 4:12 AM, Anonymous Anônimo said...

E aí, Brother? A solidão tá dentro da gente o tempo inteiro, não há como escapar disso. Mas de vez em quando dá pra disfarçar a sensação. Grande abraço.

 

Postar um comentário

<< Home