segunda-feira, agosto 28, 2006

Não me venha com suas desgraças que elas não me interessam. Eu não tenho que gostar de suas dores e nem acho que seja obrigado a ouvir os seus lamentos. Escreva se quiser, vá no estádio de futebol ou na terapia. Berre o que quiser e onde quiser, mas não me encha o saco com sua mania de educação e bom senso. A gente não precisa se amar e, muito menos, ser amigos. Então me mande a merda e eu também lhe mando a merda e que, assim, fique tudo em paz.
Não preciso de gente me dando lição ou falando como devo ou não agir. Não preciso ouvir desgraça alheia pra me comover comigo mesmo. Sempre achei que toda merda é coletiva e que a pior vaidade é a daquele que acha que sofre mais do que os outros. Então não banque o Cristo de compreensão se, no fim, tudo que fazemos é pro nosso próprio umbigo. Para de falar do bem do mundo e de 'fazer a sua parte'. Isso é mentira e consolo pros solitários, então não se deixe enganar. Não leve a si mesmo tão a sério e pare com esse blá-blá-blá teórico e infeliz que adora citar os nomes que achou no Google.
Fale menos ou arranje sua turma. Funde um grupo filantrópico e se engane junto com os outros. Fique a vontade pra me esquecer e pra falar mal de mim por aí. Me use como quiser, mas, de preferência, me odeie porque pelo menos o ódio é um sentimento vital. Tenha mais sangue nas veias e menos amor no coração. Tenha mais raiva e fique mais calmo porque se não, ao longo dos anos, esse amor todo lhe mata e toda sua tolerância vai acabar virando um cancêr. Então viva em paz e pare de se sentir culpado pelos problemas que não são seus.
A merda é sempre coletiva e não tem jeito. Faça o que deve fazer, mas pare de achar que faz algo por alguém. Isso é bobagem. Isso é a Vera Loyola promovendo festas pra cachorros pra arrecadar dinheiro pros pobres. Isso é a auto-satisfação mascarada de boa ação. É como esse texto. Disfarçado de Caga Regra, mas com jeito de auto-ajuda.