segunda-feira, novembro 13, 2006

Por tudo isso ou o que os olhos não vêem o coração não sente.(Apenas um jogo de estilo. Uma bobagem.)

Era apenas eu e era disso que se tratava. Não havia ela nem eles e o mundo era o meu campo de ação. Era simples e automático e era assim que eu queria. Plenitude de vitalidade e a sensação louca e impagavél que tudo só dependia de mim. Todo meu esforço era válido e sempre havia algum inferior a se pisar. Era uma matemática simples que me satisfazia e que pervertia a ordem das coisas. E as coisas que se danassem! Não eram nada ou eram menos. Menos que eu e o meu ego doentio de jovem hiperbólico. Eu e os outros. Os inimigos eram múltiplos, mas eu derrotava à todos. Eu era imbatível e chutava as bocas dos fracos pra impressionar os outros. Todos me adoravam e berravam: "Quebra ele, Fernando, quebra ele." E eu quebrava porque já sabia que era assim, que na porrada eu impressionava e adquiria fãs. Eu gostava daquilo. Daqueles olhos impressionados de outros fracos que se disfarçavam no meio da multidão. Eles falavam 'sim, sim, você é o cara.' e eu acreditava e sumia como quem não se importa com nada. Acho que foi aí que a farsa começou. Acho que foi aí.
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Nada era igual depois daquele tempo todo. Eu tinha virado um gordo escroto que ficava berrando e que continuava batendo nos fracos, mas a época era outra e eu já tinha começado a bater nos fãs. O isolamento era inevitável e eu pensava na merda toda que iria me esperar se eu continuasse vivo e chegasse à velhice. Era de novo uma matemática simples: o velho é apenas o cara que viu mais merda, só isso. Foi aí que eu comecei a pensar que meu pai era aquele cara por conta disso, por conta de todas as merdas já vistas. Era insuportável continuar. Meus olhos doiam e a merda da mancha branca que me acompanha até hoje apareceu pela primeira vez. Eu era caolho, cego e todos olhavam com nojo pro meu olho azulado. A vitalidade já era. O ódio ainda me parecia uma boa saída pra minha falta de visão do mundo. Era pelo ódio que eu ía ver as coisas, era pela raiva que eu ía encontrar Deus.