domingo, julho 29, 2007

5° Avenida.

(enviado especial)
A Rainha-Xota se apresenta sempre às 21:00 num pequeno teatro. Quando chego a Rainha-Xota tá no palco e tá belíssima no seu belo vestido vermelho purpura. Ela canta muitas canções antigas e três canções novas e surpreendentes. A Rainha-Xota conversa com a platéia:
- Durante muitos anos nessa vida as coisas passaram despercebidas. Eu não tinha controle de nada e deixava me levar facilmente por escórias que hoje me pedem favores que eu faço questão de negar. Quem não negaria?
E começa a cantar seu clássico: "ninguém me ama, ninguém me quer, ninguém me chama de meu amor". A platéia vai ao delírio e joga rosas no palco para grande comoção da Rainha-Xota que diz:
- Durante muitos anos só recebi espinhos...
E começa a chorar convulsivamente e pede desculpas entre lágrimas que borram seu rímel. O vestido vermelho purpura da Rainha-Xota está molhado das suas lágrimas coloridas pela maquiagem. Os enfermeiros entram. Tiram a pressão da Rainha-Xota que insiste que é capaz de cantar o bis. Ela canta:
- "A vida passa ,
a gente sente,
se enfraquecer.
mas em dias de luz,
de repente se vê
que o amor
pode aparecer..."
Ao final da música a Rainha-Xota está exausta e novamente entram os enfermeiros que a ajudam sair. Num último gesto de carinho com sua amada platéia a Rainha-Xota pega uma rosa branca do palco e a beija com ternura e diz:
- Eu não seria nada sem vocês, sem vocês que compreendem que eu sou essa rosa branca.