terça-feira, julho 24, 2007

reencontro

Eu olho pra você e vejo que foi uma mulher bonita. É disso que eu gosto em você. Não o que você é, mas o que você foi. Tem um frescor que ainda pode ser visto. Eu pressinto ele lá bem fundo no seus olhos, nas marcas do seu rosto. Quantos anos você tem agora? Eu não sei dizer. Sua idade não é clara no seu rosto. O tempo lhe marcou de outra forma e não faço idéia se tem 30 ou 40. Por que está tão distante de qualquer coisa que eu entenda? Nem a idade, meu Deus, nem a idade.
Infelizmente o tempo não volta e eu só pressinto uma brisa de beleza que você já teve. Uma beleza que eu nunca vou conhecer porque essas coisas não têm volta. Eu lembro que quando vi a identidade do meu pai eu senti isso. O tempo vai tirando certas coisas das pessoas e tem pessoas, como você, que eu só conheci depois disso. Depois que o tempo já tinha lhe arrancado um desejo mais puro.
Eu vejo toda sua beleza de agora, mas o que me pega é a outra beleza que eu não vi. Que nem era beleza propriamente dita, mas sim um tipo de viço que você devia ter. As vezes, quando eu vejo seu corpo, as vezes, bem raro mesmo, parece que aquilo vai voltar. Sua voz muda, seu rosto muda, sua respiração fica com outra matemática. Mas fica só nisso: nessa coisa inexplicável que só me prova que já houve algo mais belo antes. Eu não sei explicar, mas é tão claro quando isso ocorre.