segunda-feira, julho 23, 2007

todo controle do mundo.

Os olhos arregalados dentro do carro. Muito desejo de si mesmo, ele pensa. Acelera e acelera e acelera: a vida taí, as coisas correm, eu corro também. Muito tempo pra começar a viver, ele diz. Nada disso. Sou o deus da máquina, o senhor do desempenho. Não preciso da calma que inventaram pra mim. Eu não sou isso, eu prefiro a máquina. Acelera e acelera. Tem gente demais no mundo e nem sempre essa gente toda sabe das coisas, essa gente não lida bem com as máquinas. Eu não. Eu lido bem com as máquinas. Eu adoro as máquinas. Todas as máquinas existem pra mim, ele pensa. Medinho de máquina é o que sobra por aí, como se a máquina fosse a coisa. A máquina não é a coisa. As máquinas ainda são o de sempre. Ainda são extensões do nosso corpo. É isso que se tem que entender. Ela precisa de você. A máquina é tua escrava. Você sabe que é bom ter escravos. Todos sabem. Máquinas pra satisfazer e pra comer e pra fuder e pra sentir mais. Máquinas que deixam o teu corpo gigante, ele diz. Acelera e acelera. Na estrada longa sempre dá pra se chegar mais rápido. Mais vontade. Mais desejo. Mais falta de saciedade. Máquinas várias pra nunca se saciar e pra sempre querer mais. Máquinas de tesão, máquinas de paus e bucetas que fazem tudo. Um botão para o melhor orgasmo do mundo. Eu não preciso de ninguém, ele diz. Eu só preciso das máquinas que precisam de mim, ele diz novamente. Acelera e acelera. A vida é curta e as máquinas me distraem, ele sabe. A música alta, o carro veloz, a vida é boa e as máquinas cuidam de mim.