Querido diário.
Eu tô aqui com a minha cabeça e o meu pulmão ardido. Eu saio de casa, eu aperto os botões, eu volto pra casa, e volto de novo e de novo aperto os botões. Eu volto pra casa.
Diante da tela mais vontade que inspiração. Mas até aí tem aquilo que me disseram e repito: inspiração de cu é rola. O mundo é movido por esforço. A gente sobrevive por esforço. E por cisma também. Cisma que se melhora, cisma que se piora, cisma que ama, cisma que odeia, etc. Mas esforço é sempre mais legal na minha cabeça. Esforço é um puto que chega e diz: ó, não tem nenhum motivo pra fazer isso!, mas mesmo assim eu quero fazer e farei!
Esforço é um preto gigante com uma pica gigante e uma loira em quem ele bate. Inspiração é um velho a la Einstein, de cabelos desgrenhados e incapaz de amarrar o próprio cordão do sapato.
Sei lá: caga regras novos, apenas.
Tem também um coisa legalzinha que sou eu andando e vendo as casas de Botafogo. Acho casa do caralho. Fui criado em casa. Sou um cara acostumado a casa. É muito podre essas crianças de apartamento que ficam correndo no corredor minúsculo tentando gastar energia. Lembro da minha mãe dizendo: meu filho nunca case com uma mulher que passou a infância em apartamento. Elas são tão tristes...
Minha mãe é um gênio, não é?
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