sábado, outubro 22, 2005

o verdadeiro papai noel.



Gosto de ler teatro para ver essa gente que veio antes de mim. Essa gente que montou a banca do teatrinho antes de meus pais/avós nascerem. E lendo esses putos vemos que não estamos sós. Que tudo sempre andou por aí, nas bocas e nas cucas. E nos becos também.
De todos os putos o que mais gosto é o bom velhinho, o verdadeiro papai noel, Sr. Stanislavski. Afinal, embora aquele escrito semi ficcional do 'método' seja chato pra dedeu, ele foi, sobretudo, um bicho de teatro. Desses seres limitados que se especializam no nicho que todo teatro sempre foi. Ele gostava de teatro muito mais que o Grotowiski ou mesmo Artaud. Esses últimos tinham, acho eu, outro propósito com o teatro e o usavam para seus fins. Não também que não tenham sido geniais em seus limites naturais.
Mas o velho era diferente, tava ali pra fazer aquilo a qualquer custo. Gostava da cena e do aplauso, do ator, do mundo bacana que o teatrinho sempre tem. E ele tinha enorme prazer naquilo, não queria aquilo para fim redentores ou sei lá o quê. Queria fazer teatro por seu tremendo tesão. O velho fazia teatro por tesão. E tesão do bom.
"Minha vida na Arte" berra esse tesão. Esse negócio do bicho de teatro que tanto gosto. Tava ali e fazia o diabo a quatro, puta empreendedor de teatrinho. Bicho total de teatro.
Tem outro livro que é do caralho e que mostra isso, é 'O Cotidiano de uma Lenda', que são cartas do TAM. E lá tá o velho cheio de gás e solidão, querendo ganhar o mundo.
( Hoje em dia é quase feio querer que gostem de sua peça. É quase um pecado contra a Arte do Teatro. Bosta pra isso, pra essa opção imbecil de derrotado convicto. E o pior é que os canalhas se sentem bem sucedidos por serem fracassados. E isso é uma incompreensão total do fracasso, já que o fracasso é e ponto. Sem meio termos. O fracasso é tão absoluto quanto a Sorte, o Azar, Deus, etc.)
E tudo isso pra começar porque também não estou assim tão inspirado. Sei só que o velho é menos chato do que se fala por aí. Porque toda aquele metódo que criou foi feito pra ser usado quando necessário e não pra aplicar em qualquer circunstância. E tem idiota que estraga o velho. Fazendo dele um ditador que nunca foi de fato. E claro que ele caga suas regras, mas quem não caga?
Eu cago.

domingo, outubro 16, 2005

outro desses nichos.
cabaré alemão: super-palquinho.
não lembro da historinha dele.

é preciso reunir os animais

o teatro de nicho é manifestação inferior:
precisa de animais especiais que gostem de ver a si mesmos.
animais honestos por não desejarem o mundo todo.
o nicho é o lugar do teatro agora onde tudo pode ser mais divertido que o teatro.
as massas não existem e nenhum teatro chega a elas. "as massas" é uma abstração de uma época em que o mundo tinha sentido.
agora não. toda megalópole é a prova de que não há nada coerente. tudo é uma mistura onde cada vez mais a diferença está em ter ou não sorte.
e sorte não depende de escolha.
teatro de nicho é a solução para toda falta de solução possível.

sábado, outubro 15, 2005

SEMPRE NICHO:(idéia registrada)


teatro de nicho apresenta:

dias temáticos para animais especiais:
  1. - Segunda Cinza: peças melancólicas para quem sente saudades, nostalgia da vida e tédio profundo.
  2. - Terça Torta: peças pops de juventude transviada e ignorante.
  3. - Quarta Quente: peças de apelo sexual, que faz ode ao corpo e as partes pudentas.

- Quinta ....
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os nichos no teatro devem ser vários.

é preciso do excesso para que ocorra o teatro de nicho.

o nicho só tem poder em sua variedade.

é nisso que reside sua maior força: no seu poder de limitar sua força comunicativa.

de falar aos seus reflexos.