quinta-feira, agosto 31, 2006

cotidianaria

A Alice pirou. Não sei se ela tá achando que é ela a minha vagabunda adorável, mas, se for isso, ela pirou mesmo. Que seja. Sempre achei que ela não existe e é assim que vai continuar até o dia que ela me der um soco e dizer: prazer, alice. Acho que ela pode ser a C, a P e até a F ou a M. Tanto faz, dá tudo na mesma.
Botei uma pilha na minha vó pra fazer um blogue e ela fez e parece estar animada. Minha vó é muito animada e tem histórias ótimas e nunca vi alguém que tivesse tanto assunto quanto ela. Ela é uma velhinha cheia de vitalidade e que dirige seu carro vermelho a 160 kmh e que mostra suas multas com um puta orgulho maluco. Depois tem que pedir pra alguém escanear suas multas para ela por no seu blogue. No mais é só isso mesmo e o velho conta gotas de sempre que agora tá mais contínuo.

notícias roubadas de minha adorável vagabunda

Hoje ouvi uma conversa e descobri que minha vagabunda teve que ir viajar. Eu fiquei com cara de sonso e prestei atenção no papo de seus conhecidos.
Não entendi direito, mas pelo jeito não foi um motivo bom que a fez viajar. É uma pena. Ela é uma vagabunda incrível e que não merecia esse tipo de coisa. Entendi que é algo de doença, mas não entendi se era dela ou dos dela. De qualquer forma é uma merda.
Acho que quando ela voltar vou oferecer um vinho e tentar ser mais educado. Não sei se vai dar certo, mas vou tentar. Ela é vulgar, mas é gente fina. Fala merda pra caralho, mas é assim que nos entendemos.

quarta-feira, agosto 30, 2006

Hoje o dia é dela e ela estará linda e solta na cidade e vai sorrir para todos com sua boca imensa e vai dizer as coisas que quer e ninguém vai se importar e ela vai mandar todos à merda e dizer que é isso aí e que segue louca e doce e vai beber um bucado e alguma hora vai chorar porque ela sempre se emociona com as datas e com os amigos e ela estará linda e radiante e vai dançar e fazer fita e olhar pra tudo e pensar que tudo é bom e que a vida segue e que isso é mesmo a única coisa que importa.

o primeiro dia 30.

Sim.
Tudo está bem e os anos passam. E são bons e são ruins e alguns deles, bons e ruins, passamos juntos. E esse tempo eu sei que foi bom, apesar de todos os pesares e de todas as dores e tantas coisas que é mesmo uma pena a gente ter tirado tão pouca foto juntos.
E agora é assim: a gente mais velho e mais bundões e tentando levar adiante e esquecer as churumelas.
E que tudo seja sempre bom pra você. E que tudo seja ainda melhor porque é mesmo uma garota muito legal e que só não é um anjo porque anjo mesmo só eu. Que continue assim, com seus cremes todos e suas histórias detalhistas que as vezes eram longas demais, mas que davam um sentido muito maluco pra minha vida e pra tudo que a gente era.
No mais a gente segue e um dia talvez se esbarre e talvez se beije e talvez se case e talvez nada disso e talvez se fale e talvez sinta saudades.

terça-feira, agosto 29, 2006

A Alice está bravinha e eu fico muito contente. Sempre gostei de mulher bravinha e vai ver que é por isso que namorei tanto tempo uma mulher bravinha e doce, porque também sem doçura não dá.
Acho que agora o pau tá mesa e que assim que é legal porque, afinal, o mundo virtual é mesmo o lugar da mentira legítima.
Alice ficou bravinha e eu gostei do que ela falou e eu sorri e ri sozinho porque, querendo ou não, o que ela disse faz muito sentido.
Acho que Alice acha que ela é a perguntadora maluca, então que assim seja. Alice pode ser e achar o que quiser porque, até que se prove o contrário, Alice não existe.

Os perguntadores malucos estão soltos e volte meia aparecem aqui. Mas na média aparecem mesmo na televisão, principalmente na Tv Cultura e no tal Recorte Cultural. É uma gente tarada por perguntas e que, como tal, nunca querem saber de respostas. Quanto mais se pergunta melhor se é, essa é a regra. É gente que ouviu que filosofia se faz com perguntas e esqueceu que o mérito da filosofia é tentar realmente achar as malditas respostas.
É essa gente tipo eu e você, que faz teatro e, na real, é chato pra cacete e completamente limitado nos assuntos que se pode conversar.
Geralmente eles/nós andam com os idiotas que valorizam o processo e esquecem que os processos são feitos para chegarem à algum lugar. São todos pesquisadores especialistas em pesquisar novas pesquisas. É tudo um poço sem fundo que engana a gente e que parece dar um sentido pra essa merda toda.
E dái que a gente bate cabeça em tudo que é canto e, como não bastasse, inventa um blogue idiota com um nome idiota. É mesmo uma pena.

segunda-feira, agosto 28, 2006

Não me venha com suas desgraças que elas não me interessam. Eu não tenho que gostar de suas dores e nem acho que seja obrigado a ouvir os seus lamentos. Escreva se quiser, vá no estádio de futebol ou na terapia. Berre o que quiser e onde quiser, mas não me encha o saco com sua mania de educação e bom senso. A gente não precisa se amar e, muito menos, ser amigos. Então me mande a merda e eu também lhe mando a merda e que, assim, fique tudo em paz.
Não preciso de gente me dando lição ou falando como devo ou não agir. Não preciso ouvir desgraça alheia pra me comover comigo mesmo. Sempre achei que toda merda é coletiva e que a pior vaidade é a daquele que acha que sofre mais do que os outros. Então não banque o Cristo de compreensão se, no fim, tudo que fazemos é pro nosso próprio umbigo. Para de falar do bem do mundo e de 'fazer a sua parte'. Isso é mentira e consolo pros solitários, então não se deixe enganar. Não leve a si mesmo tão a sério e pare com esse blá-blá-blá teórico e infeliz que adora citar os nomes que achou no Google.
Fale menos ou arranje sua turma. Funde um grupo filantrópico e se engane junto com os outros. Fique a vontade pra me esquecer e pra falar mal de mim por aí. Me use como quiser, mas, de preferência, me odeie porque pelo menos o ódio é um sentimento vital. Tenha mais sangue nas veias e menos amor no coração. Tenha mais raiva e fique mais calmo porque se não, ao longo dos anos, esse amor todo lhe mata e toda sua tolerância vai acabar virando um cancêr. Então viva em paz e pare de se sentir culpado pelos problemas que não são seus.
A merda é sempre coletiva e não tem jeito. Faça o que deve fazer, mas pare de achar que faz algo por alguém. Isso é bobagem. Isso é a Vera Loyola promovendo festas pra cachorros pra arrecadar dinheiro pros pobres. Isso é a auto-satisfação mascarada de boa ação. É como esse texto. Disfarçado de Caga Regra, mas com jeito de auto-ajuda.

domingo, agosto 27, 2006

Descobri o nome da Metida que passa. Encontrei ela onde poderia ter encontrado mesmo, mas, pra variar, um ía e outro vinha. Acho que essa é a graça. O risco de conversar pode ser fatal. Ela pode ser uma chata de galocha e aí nem vai adiantar ela ter aquele maravilhoso nariz empinado. Ela ía lá prum tal lugar que já fui, mas que, na verdade, é um lugar estranho e que tenta misturar arte e cerveja. É a bola Cult da vez.
É mesmo uma pena ela não freqüentar o melhor bar do Rio de Janeiro que é o Coimbra.

Na festa muita destruição.
Todos bebem e falam pra caralho,
eu também.
Eu principalmente.
E você conhece um, conhece outro. Vê mais ou menos tudo que te mostram e finge quase sempre. A regra nas festas é fingir.
E sempre tem muita mentira e é assim mesmo que tem que ser porque não teria a menor graça se todos apenas descrevessem a própria rotina.

sexta-feira, agosto 25, 2006

A Melhor Metida de Todas

Hoje foi o terceiro dia que não a vi. Eu sempre encontro ela quando estou indo ensaiar. Ela passa por mim e a gente se olha e sabemos que já nos vimos antes. Ela é muito bonita e tem a pele muito branca e os olhos negros e os cabelos pretos e cacheados e uma cara de metida que adoro.
Ela é toda arrogante e na última vez que a gente se cruzou tive a impressão de que ela sorriu cheia de si, mas não tenho certeza e, de qualquer maneira, fico pensando que na próxima vez que cruzar com ela terei que ter alguma atitude para poder me vingar de seu sorriso superior que me agrada muito.
Reza a lenda que ela faz teoria, o que faz todo sentido com sua cara de 'foda-se, eu não preciso de ninguém'. O pior é que ela já me flagrou algumas vezes com uma cara estranha que eu sei que as vezes faço quando estou andando e me envolvo com meus pensamentos.
E daí que nem sei o nome dela e fiquei tentando achar ela na internet, o que é uma tarefa cansativa e inútil já que sem nome não adianta nem ter boca e nem ir a Roma.
Ela é mesmo muito bonitinha e arrogante e acho que eu poderia salvá-la de alguma forma porque eu também sou arrogante, embora não seja tão bonitinho.
Sei que ela passa por mim e que a gente se olha e se trata com desprezo porque somos assim e porque é assim que deve ser. Portanto, que seja.

quinta-feira, agosto 24, 2006

pra mim mesmo

Contando histórinhas e vendo as pessoas dançar. E a gente bate palma e solta o corpo e as velas e todo o resto criam mesmo um clima mais antigo. Cheguei a conclusão que todas danças são pra lembrar que a gente era bicho e vivia pelado e corria pelo mato pra caçar os javalis. Claro que as danças muito organizadas fogem disso. Vai ver que é por isso que tenho tanto problema em ver espetáculos de dança.

quarta-feira, agosto 23, 2006

ironia

Daqui a pouco vou começar a me irritar. Eu me conheço e logo ficarei pensando em quem é a maldita Alice. E como sempre sou desconfiado vou achar que ela é alguém que já conheço e que tá me dando o golpe. Ou seja, querendo ou não, a Alice me engana. E me irrita.
Porque se ela não for ela e for um outro vou, sem dúvida, ter um ódio profundo de tudo isso. Mas o que sei eu de Alice? Nada de nada, mas deduzo que ela entende francês e que mora no Rio. Que ela gosta de teatro e morou na Bahia, mas até aí a gente inventa tudo e mente tudo e assim a gente segue porque, enfim, é melhor seguir que morrer.
Agora é a Alice e amanhã um monte de cretino vai inventar pessoas pra me enganar e pra me encher o saco. E eu vou dar tréla pros cretinos e vou provar meu veneno de inventar e enganar. Não deixa de ser um tipo de destino.
Alice surgiu e vou falar dela porque sempre há a bola da vez. Amor secreto, amor único, tudo passa, mas por agora minha única dúvida é se ela se chama mesmo Alice ou se isso é apenas mais uma prova do meu próprio veneno.

terça-feira, agosto 22, 2006

ALICE 2

TENTEI
ENTRAR
NO
BLOGUE
DE
ALICE
E NÃO
CONSEGUI.

ALICE É
MESMO UM
MISTÉRIO.

sobre o comentário do último texto 3 ou ALICE

ALICE DISSE QUE LÊ MEU BLOGUE E DISSE UM MONTE DE COISA. DISSE ATÉ QUE SOU UM AMOR SECRETO E QUE ACHA QUE SOBRA AGRESSIVIDADE E FALTA MAU HUMOR. DISSE ISSO E DISSE QUE PREFERE O MAU HUMOR. MAS ALICE NÃO ENTENDEU QUE NÃO HÁ DIFERENÇA E QUE, EM VERDADE VERDADE, MEU UMBIGO NÃO DISTINGÜE UMA COISA DA OUTRA ATÉ PORQUE SÓ ESCREVO PORQUE GOSTO E PORQUE SOU VAIDOSO O SUFICIENTE PRA ACHAR QUE EXISTEM MILHARES DE ALICES NO PLANETA.

ALICE ME DEIXOU CONTENTE E EU BATI MINHAS PALMINHAS E PENSEI QUE TALVEZ EU POSSA CASAR COM ALICE, JÁ QUE ELA ME ADMIRA E QUE SOU VAIDOSO E DADO A EXTRAVAGÂNCIAS, EMBORA MUITA GENTE ACHE QUE SOU APENAS FRIO E CALCULISTA. QUE SEJA.

ALICE DISSE QUE EXISTE, MAS AINDA DUVIDO PORQUE SEMPRE DUVIDO E PORQUE É MESMO DIFÍCIL SE LIBERTAR DE VELHOS HÁBITOS. DE FORMA QUE TÁ TUDO BEM E FICO PENSANDO SE A ALICE NÃO É UM DESSES TRAVESTIS DE COPA, ONDE, AS VEZES, COSTUMO TOMAR MEU PORRE. NÃO SEI. ALICE É MESMO UM MISTÉRIO.

ALICE FALA E EU VENHO AQUI E FALO TAMBÉM DE FORMA QUE ALICE É MESMO UMA PESSOA ÚTIL, PELO MENOS PRA MIM. ALICE ACHA QUE EU POSSO A ACHAR IDIOTA E ELA TEM RAZÃO PORQUE ESSA É UMA TENDÊNCIA QUE EU TENHO E QUE TENHO IMENSA DIFICULDADE EM CONTROLAR. MAS DE QUALQUER MANEIRA NUNCA ACHO QUE O QUE EU ACHO SEJA FATO E, PENSANDO ASSSIM, TALVEZ ALICE NEM SEJA IDIOTA.

ALICE DEVE SER BONITA E LOIRA PORQUE É ASSIM QUE EU QUERO E ESCREVO. ALICE PODE ATÉ NÃO EXISTIR PORQUE, ENFIM, NÃO ACHO MESMO QUE A REALIDADE IMPORTA.

TUDO É MESMO MUITO SIMPLES: ALICE FALOU COMIGO E EU FALO COM ELA. É O MEU RESQUICÍO DE BOA EDUCAÇÃO.

BEIJOS E PALMINHAS PRA ALICE,
DO SEU AMOR SECRETO,
FERNANDO.

segunda-feira, agosto 21, 2006

Isso sim é texto.

SEGUE UM TEXTO COLADO QUE PEGUEI NO BLOGUE DO BORTOLOTTO(atirenodramaturgo.zip.net). É UM PUTA TEXTO DE UM PUTA CARA QUE É O BUKOWSKI. EU SÓ LI DOIS LIVROS DELE E TENHO QUE LER MAIS. MAS ATÉ AÍ A GENTE SEMPRE TEM QUE LER MAIS. AINDA MAIS ESSES CARAS, QUE ESTAVAM POR AÍ ATÉ A POUCO E QUE FALAM EM UMA LINGUA MUITO PRÓXIMA.


Ficar velho é muito estranho. A coisa principal é que você tem que ficar constantemente dizendo a si mesmo estou velho, estou velho. Você se vê no espelho quando desce no elevador, mas não olha diretamente para o espelho, dá uma olhada de lado, um sorriso amarelo. Você não está tão mal, você parece algo como uma vela empoeirada. Azar, fodam-se os deuses, foda-se o jogo. Você já deveria estar morto há 35 anos. Isto é uma cena a mais, mais uma olhada no show de horror. Quanto mais velho o escritor fica, melhor ele deve escrever, ele já viu mais coisas, já agüentou mais, já perdeu mais, está mais perto da morte. Esta última é a maior vantagem. E há sempre a nova página, a página em branco, 8 e ½ por 11 polegadas. O jogo continua. Daí você sempre lembra de uma ou duas coisas que os outros caras disseram. Jeffers: “Zangue-se com o sol”. Maravilhoso demais. Ou Sartre: “O inferno são os outros”. Direto no alvo. Nunca estou sozinho. A melhor coisa é ficar sozinho, mas nem tanto assim.
À minha direita, o rádio trabalha duro me trazendo excelente música clássica. Escuto isso por três a quatro horas por noite enquanto estou fazendo outras coisas, ou nada. É minha droga, lava a sujeira do dia de dentro de mim. Os compositores clássicos conseguem fazer isso por mim. Os poetas, os novelistas, os escritores de contos, não. Uma gangue de fajutos. Existe alguma coisa em escrever que atrai os fajutos. O que é? Os escritores são os mais difíceis de agüentar, nos livros ou ao vivo. E são piores ao vivo do que nos livros e isso é muito ruim. E nós adoramos falar mal uns dos outros. Como eu.
Quanto a escrever, hoje escrevo basicamente da mesma forma que fazia há 50 anos, talvez um pouco melhor, mas não muito. Por que tenho que chegar aos 51 para poder pagar o aluguel com meus livros? Quero dizer, se estou certo e escrevo igual, por que demorou tanto? Tive que esperar que o mundo me entendesse? E, se ele me entende, como estou agora? Mal, é isso. Mas não acho que não fiquei burro por acaso. Será que um cara burro se dá conta que é? Mas estou longe de estar satisfeito. Há alguma coisa em mim que não consigo controlar. Nunca dirijo meu carro por cima de uma ponte sem pensar em suicídio. Quero dizer, não fico pensando nisso. Mas passa pela minha cabeça: SUICÍDIO. Como uma luz que pisca. No escuro. Alguma coisa que faz você continuar. Saca? De outra forma, seria apenas loucura. E não é engraçado, colega. E cada vez que escrevo um bom poema, é mais uma muleta que me faz seguir em frente. Não sei quanto às outras pessoas, mas quando me abaixo para colocar os sapatos de manhã, penso, Deus Todo-Poderoso, o que mais agora? A vida me fode, não nos damos bem. Tenho que comê-la pelas beiradas, não tudo de uma vez só. É como engolir baldes de merda. Não me surpreende que os hospícios e as cadeias estejam cheios e que as ruas estejam cheias. Gosto de olhar os meus gatos, eles me acalmam. Eles me fazem sentir bem. Mas não me coloque em uma sala cheia de humanos. Nunca faça isso comigo. Especialmente numa festa. Não faça isso.
Ouvi falar que encontraram a minha primeira mulher morta, na Índia, e que ninguém da família quis o corpo. Pobre garota. Ela tinha o pescoço aleijado, não virava. Fora isso, era perfeitamente linda. Ela se divorciou de mim e devia ter feito isso. Não fui bom ou generoso o suficiente para salvá-la.
(Charles Bukowski)

sábado, agosto 19, 2006

bobagem também

Estou cansado e satisfeito. Ser humano é mesmo bicho porque sempre acha que estar cansado é um tipo de mérito. Não sei o porquê disso. Talvez porque esteja na bíblia o lance do suor e do trabalho ou talvez apenas porque a gente inventou essa história de dever cumprido. De qualquer maneira isso mostra que somos mesmo fúteis animaizinhos.
Hoje fiquei ouvindo essas histórias de memórias ancestrais e isso é realmente um troço muito doido. Fiquei viajando nessa possibilidade e pensando que caçar a própria comida deve ser mesmo uma experiência extraordinária. Você e a anta e você mata ela e fica feliz porque é capaz disso e porque ela é, enfim, seu alimento. Acho que é por essa memória ancestral que, as vezes, me encanto com a vida simples. Trabalha pra comer e come pra trabalhar e depois arranja uma fêmea e faz um filho que vai, de novo, comer pra trabalhar e trabalhar pra comer. E a vida segue e tudo está bem. E devia ser mesmo assim, tirando os dias de festas e tal, porque, afinal, festa sempre existiu também, nem que fosse a festa pro deus mato e tal, mas, ainda assim, era festa.
Sei que isso não tem volta, mas que dá pra entender uns malucos profissionais tipo o do filme "Homem-Urso". É como se a gente dissesse: quero ser o bicho que eu sou em paz, quero ser o animal que não pensa e que faz tudo porque tem que fazer.

sobre o comentário do último texto 2

Ele é o amigo do amigo do amigo do.
E vive desocupado e vem me encher o saco e não entende nada de nada e, além de que, pra mim tá claro que ele não existe, ainda mais sendo substantivo masculino.
E aí que o idiota leva a sério essas porcarias de textos e banca o herói do país inexistente. E achei que o inútil era eu de ficar aqui inventando essas merdas todas... É surpreendente, mas tem gente mais inútil que eu. Mas não sei se vou rir ou se vou chorar. Eu devo rir porque esse é o meu jeito, já ele vai chorar e dizer que não entende o porquê dessa agressividade.
E, pelo jeito, ele parece o velho defensor do amor. Tipo um Cristo fora de época. É mesmo uma pena ser assim. A única coisa que eu tava propondo era um jogo, uma brincadeira. E claro que pra esse jogo ter graça o barato era a sacanagem - ou o gol não é melhor quando o goleador humilha o goleiro? Mas, pro meu herói, sacanagem é ofensa e se não for ódio tem que ser amor, tudo muito simples.
Só fico com uma dúvida: se ele é ele o nome dele é José ou é Antônio? E se for ela? Que nome ela tem?

quinta-feira, agosto 17, 2006

sobre o comentário do último texto.

Rio de Janeiro, 17 de Agosto de 2006.


Você é Você?
Eu acho que não, mas, se for, não confunda alhos com bugalhos: eu não escrevi sobre você, mas sim lhe usei para escrever. São coisas diferentes.


Não importa nem o que eu penso, nem a verdade e muito menos a verdade sobre o que eu penso. Aqui só vale mesmo a sacanagem e não a realidade. Não quis lhe ofender ou coisa assim. Tudo é apenas sacagem.


Se você for você eu tenho uma proposta indecente: vamos guerrear. Você me usa pra escrever e eu te uso pra escrever. A gente se usa como inimigo e guerreamos até achar que tá ficando chato. Acho que isso pode ser divertido e render bons textos para nossos blogues. O que acha?


Eu já estou dentro e, sem querer, já começei. A idéia é apenas inventar um inimigo para ser xingado e a mistura de verdade e mentira fica por nossa conta e criatividade. Topas?
No mais estou aqui à sua disposição.

Atenciosamente,

Fernando Maatz.

P.S. A guerra só será oficialmente iniciada se escrever sobre mim no seu blogue.

ELA É LOIRA E USA LENTES AZUIS. SÓ ISSO JÁ ERA MAIS QUE MOTIVO PRA CHAMÁ-LA DE PIRANHA. SÓ MESMO MUITO IDIOTA PRA USAR LENTES AZUIS. AQUILO NÃO SE PARECE COM NADA. PARECE COM OLHO DE QUEM TÁ FICANDO CEGO, AQUELE AZULADO ESCURO QUE VAI COMENDO A RETINA DO INFELIZ.
MAS ELA COMPROU UMA MERDA DE UMA LENTE E TÁ USANDO EM SEUS OLHOS E ANDA DIVULGANDO O QUE ESCREVE E QUASE TUDO QUE ESCREVE É UM TIPO DE AUTO-AUTO-AJUDA. E AÍ PENSA QUE É INTELIGENTE PORQUE ESCREVE E DECIDE QUE TÁ TUDO BEM, EMBORA MUITAS VEZES SOFRA VOLUNTARIAMENTE PORQUE ALGUM DIA INVENTOU PARA SI MESMA QUE SOFRER ERA NOBRE. ELA ME PARECE SER UMAS DAS PESSOAS MAIS EQUIVOCADAS QUE EU NÃO CONHEÇO. E COMO EU NÃO CONHEÇO A GAROTA POSSO JULGÁ-LA A VONTADE PORQUE AFINAL JULGAR É UM GRANDE BARATO. E QUE DIGAM O QUE QUISEREM OS PURITANOS.
SEI QUE FICO JULGANDO ESSA INFELIZ E ME DIVIRTO A BEÇA PORQUE POSSO INVENTAR O DIABO A QUATRO E, NO FUNDO, ACHO QUE INVENTAR É SIM O QUE IMPORTA.
ENTÃO QUE SE DANE A INFELIZ E QUE ELA PARE DE USAR ESSAS LENTES QUE PARECEM TANTO COM OS OLHOS DE UM DEFUNTO.

terça-feira, agosto 15, 2006

resumo

Na festa todo mundo dança e se sacode e ri. Foco vendo todo mundo porque sempre acho mais divertido. É meu tesão de voyeur reprimido. Fico ali e passam pra lá e pra cá e uma louca acelera e dança revoltada e as amigas que estão com ela se afastam porque ficaram constrangidas com a dança da amiga. E a baixinha rebola e se insinua prum cara que não lhe dá muita bola, mas que entra na onda porque, afinal, ele é macho. E o rapaz ficou no mesmo canto dançando sozinho e se divertindo e quase levando a sério a dança como se tentasse uma nova maneira de se expressar. E aí os caras tavam ali conversando e vi eles se beijando e fiquei contente porque achava que um deles era meio recalquado, mas vi que não e que é um viado bem resolvido, o que acho que é um negócio importante. E tinha a amiga da minha amiga que é mesmo gostosinha e tudo, mas que falando sempre parece que ostenta uma sexualidade excessiva de forma que ela acaba ficando sem graça. E meu outro conhecido investe em várias mulheres e arrisca aqui e ali e acabei não vendo se ele saiu acompanhado ou não.
Aí deu os cinco minutos e percebi que deveria ir embora porque já tava chegando naquele estágio que você acaba se irritando e fiz tudo o mais rápido possível porque dar tchau é sempre chato. Saí e a Lapa tava mais ou menos vazia e tinha um travesti passando e eu olhei e ri porque sempre acho travesti engraçado e peguei a van e vim pra casa e quase passei no Coimbra, mas pensei melhor e vi que não era o caso já que eu tinha ficado horas e horas vendo figuras que é basicamente o que eu sempre faço no Coimbra.

ela não é ela mesma

Minha única leitora falou que eu tenho que atualizar de forma que eu atualizo e está tudo bem. Só podia mesmo ser uma leitora mulher porque essa coisa de cobrar é mesmo uma coisa muito mulherzinha. E minha leitora é muito mulherzinha e, como tal, adora cobrar. Elá é muito comprida, mas, ao contrário do que pode soar a palavra comprida, é uma mulher interessantissíma, embora seja mais ou menos tímida e limitada.
Uma vez ela me falou que não chupava pau o que fez eu ficar um tanto horrorizado porque acho mesmo que mulher que não chupa pau é menos mulher, sei lá. As melhores mulheres que eu conheço chupam pau, inclusive quanto melhor o papo da mulher maior a chance de ela saber chupar pau decentemente.
Mas minha leitora não tem disso e falou que acha muito nojento isso tudo e que ficou traumatizada porque um idiota não a avisou que ele ía gozar e ela se engasgou de maneira horrível e quase acordou a casa com sua tosse agoniada de quem tem algo preso no esofôgo. De forma que eu entendo o seu trauma, embora seja mesmo uma pena uma mulher tão comprida e interessante não chupar pau.

domingo, agosto 13, 2006

a última risada

"NADA A DIZER:
VOU DORMIR.
QUEM SABE, ESSA NOITE,
VOU MORRER?"

eu digo sim

Do meu lado o bom diabo com seus olhos e toda sua potência. E ele fala umas coisas e, muitas vezes, eu não entendo o que ele quer dizer. E então eu abro uma cerveja e fico pensando nele e pego os livros que tenho dele e faço as anotações nos cadernos que sempre tenho quando tô montando uma peça. Escrevo uma coisa ou outra e de repente me toco daquilo que o diabo tinha me sussurado, mas que ainda não tinha entendido. E aí eu fico contente e bato minhas palmas pro dêmo e venho aqui escrever minhas bobagens.
Daí que eu me lembrei que sonhei com o diabo e que ele falou que tem que ter calma e que é sempre bom lembrar que ele existe, independente do que diz os livros. E eu fiquei pensando que, no fim, todo sonho se trata de si mesmo e que, como não podia deixar de ser, o diabo do meu sonho deve ser eu mesmo. De forma que tá tudo em casa.
De qualquer maneira o diabo segue firme e diz sempre que é isso aí. Os olhos dele as vezes aparecem e seguem sempre me dizendo que, apesar de tudo, o que importa é que a merda é comum a nós dois e ao resto da humanidade. Eu solto um sorriso e ele gargalha alucinado dizendo "se fudeu, tu nasceu e vai morrer. Eu, pelo menos, ainda tenho minha gargalhada eterna."

sábado, agosto 12, 2006

Fico sentado e vejo as duas crianças que dançam. Criança é mesmo genial, um animalzinho perfeito que ainda não foi completamento moldado. E elas dançam, como que possuídas, e mexem o corpo pra cima e pra baixo numa repetição doentia e alucinada. Elas sabem que dançar não tem a ver com ritmo. Elas dançam e se repetem e giram sobre si mesmas e gargalham com o prazer de ficarem tontas. E seguem pra baixo e pra cima e provam que toda boa dança se trata mesmo de prazer e não de requinte.

sexta-feira, agosto 11, 2006

tudo velho

"QUE TUDO SEJA ASSIM,
COMO SE TUDO FOSSE FÁCIL."

quarta-feira, agosto 09, 2006

- como é que pode?
- o quê?
- pô, tu foge de mim.
- para com isso.
- é sério.
- ah...
- pensa bem, você some, faz de conta que me procurou...
- não é possível. será que é sina?
- não sei, mas que foge, foge.
- acha mesmo?
- acho.
- e você?
- o quê?
- acha que foge?
- acho, acho...

QUALQUER MIGALHA ME SATISFAZ DE FORMA QUE TÔ MUITO SATISFEITO. TEATRINHO VEM E ATÉ PARECE QUE TUDO VAI DAR CERTO E É MESMO ASSIM PORQUE AFINAL EU QUERO MESMO É ACHAR QUE TUDO VAI DAR CERTO. NADA DEMAIS, APENAS VER AS PESSOAS E NOS MEXERMOS E ACHARMOS QUE DAQUI A POUCO A COISA VAI.
OU SEJA, O DE SEMPRE.

segunda-feira, agosto 07, 2006

A vagabunda voltou.

Minha vagabunda deu sinal de vida e me telefonou e disse que estava por aí e que estava louca pra me falar as merdas que falou pros pais dela. Eu disse legal e perguntei o que ela queria e ela disse que nessa semana tomaremos um porre fenômenal porque só muito bêbada para falar todas as porcarias necessárias. Foi ela que usou o termo todas as porcarias necessárias.
Perguntei e no mais? e ela falou que foi tudo muito divertido e que encontrou seu ex numa festa e que tava muito louca e falou pra ele que ela fingia quando gozava. Eu fiquei sem resposta e falei u-hum e ela deu um tempo e falou que eu tinha razão porque ela era mesmo uma vaca recalquada porque, afinal, aquele ex tinha sido o primeiro a fazer ela gozar.
Aí ela riu escândalosa e perguntou se eu não achava estranho ela estar me telefonando já que eu nunca tinha dado o telefone pra ela. Eu falei que sei lá e ela riu de novo e disse que eu devia estar me achando e essas coisas e eu falei pode ser e combinei a cerveja e disse que quando a gente tava sóbrio não tinha muito sentido em se falar, ela concordou e confirmou a cerveja e disse pra eu me preparar porque ela tá com o diabo no corpo. Eu concordei e vim pra cá escrever essas bobagens que tem um monte de idiota que acha que é mentira.
Ela falou disso e perguntou o que eu achava e eu disse melhor assim e que se fodam os idiotas.

sábado, agosto 05, 2006

É UMA MERDA PORQUE SEMPRE FICO TENTANDO DECIDIR MINHA VIDA E AS VEZES AS COISAS NÃO SÃO ASSIM. E DAÍ EU LEIO PRA TER IDÉIAS E PRA ROUBAR IDÉIAS E PRA, DE NOVO, TENTAR DECIDIR A VIDA. E FALO COM UM E FALO COM OUTRO E CONTO MINHAS HISTÓRIAS E PENSO E PENSO QUE O QUE FALTA MESMO É FAZER - FAZER - FAZER.
FAZER PORQUE NÃO TEM JEITO E PORQUE A GENTE SÓ ENTENDE AS COISAS FAZENDO. FAZER É TER O SENTIDO, É CONSUMAR O SENTIDO INVENTADO. E AÍ EU FALO COM ELA E FALO MUITO SÉRIO MESMO PORQUE TEM QUE SER ASSIM: OU VAI OU RACHA. E ACHO QUE O RESTO TAMBÉM DEVE SER ASSIM, É NO VAI OU RACHA QUE AS COISAS ACONTECEM.
CHAFURDA E CHAFURDA E NÃO DÁ MESMO PRA DEIXAR DE FAZER AS COISAS POR MEDO. ATÉ PORQUE, COMO JÁ DISSE MIL VEZES, NÃO TEM SAÍDA. E DE QUALQUER MANEIRA MEDO SEMPRE TEM, SEJA DO SIM E SEJA DO NÃO. PREFIRO SEMPRE O SIM POR UM TIPO DE CONVICÇÃO OTIMISTA QUE INVENTEI PRA MIM MESMO PRA PODER ENCARAR AS COISAS. NÃO DEIXA DE SER UM POLIANA IDIOTA, MAS AFINAL MELHOR ISSO QUE SÓ RESMUNGAR. E OLHA QUE RESMUNGO MUITO, MUITO MESMO.