sexta-feira, agosto 31, 2007

Good Bye, My Love -


Agora sim, eu no mundo.
Eu e mais três.
Três dos que importam.
Dos que importam têm quinze no máximo e olhe lá.
Agora indo. Bem longe bem longe.
O bom de ir longe assim é que sempre se pode não voltar.




quinta-feira, agosto 30, 2007

Pam e Jim

A louca com sorriso de ouro. Ela passa e ela canta. Ela sabe que ainda sou uma criança com medo das mariposas. Ela vem num vulcão e bebe comigo. Ela me dá álcool, ela olha na minha cara e me faz perguntas diretas. Ela é o diabo com suas pernas longas e brancas. Ela é um sorriso doente que encanta e você não sabe por quê. Você sente que ela lhe levará para o inferno, mas você gosta e sente prazer. A diaba é a única coisa que importa e você sabe disso. Você tá vendido. Você morre por essa louca delirante que rebola pra outro na sua frente. A única diaba do mundo. A mulher que o bom Deus lhe ofereceu. Você adora saber que ela morre por você também.

diversão de nerd.

    1. Fique feliz.
    2. Bata palmas.
    3. Berre bem alto.
    4. Liberte-se do próprio tédio.
    5. .
    6. Tome um porre.
    7. Julgue alguém.
    8. Mate formigas e lesmas.
    9. Assista T.V.
    10. e
    11. veja um show de Strip-Tease
    12. ao
      vivo.
    13. .

quarta-feira, agosto 29, 2007

querido diário.

Gente chata do caralho. Um lambe o cu do outro. Você está linda. Não, você está lindo. É um troca troca de conveniência babaca e que engana a si próprio através do outro. Não deixa de ser uma estratégia boa. Me consola da minha dor. Ok, mas depois é minha vez. Malditas relações que inventam no outro o que ele não é. Só pra que aparente alguma coisa, só pra dar um sentidozinho pra vidinha de merda. Para com isso. Sente a vidinha de merda e bate palma sozinho. Você é capaz de cantar e bater palma ao mesmo tempo, acredite. Nem vai ser tão dolorido quanto você pensa. Você é tão profunda. Imagina, você é que é sensível. 69 de lambe cus, nem entendem o 69.

segunda-feira, agosto 27, 2007

é tudo sobre mim e minhas mentiras.

(para ler em 1 min e 20 seg.)

Você gosta de uma mulher, certo? Então você olha pra ela e ela ta te olhando com aqueles olhos imensos, sabe? Você repara que ela te adora e tudo e você fica feliz, certo? Os olhos dela são bonitos, você pensa. Você olha pra eles e vê que têm umas coisas que não te dizem respeito, que você nunca vai saber. Você sente certa tristeza, mas mesmo assim você ta feliz porque sabe que aquela mulher te adora, certo? Você entende que não pode saber tudo sobre a mulher amada, né? Você não gosta disso, mas sabe que é assim e tudo o mais. Das outras mulheres você sabe tudo, mas não da mulher amada, não é? É um tipo de regra que você entende, você pensa. Você fala com ela e tudo o mais. Ela fala um monte de histórias incríveis que você nem ouve direito, não é? Mas você vê a boca dela que se mexe, não? Você gosta da boca dela mexendo, não gosta? Ela pergunta o que você acha e você diz que ela tá certa e ela sorri te olhando. Você pensa que ela sabe que você só olhava a boca dela mexendo, não pensa? De novo você olha os olhos dela, certo? De novo você pensa que você não sabe tudo dela, certo?
Ela mexe mais que você, você pensa. Ela é mais bonita que você, você pensa também. Você olha pra ela e nota de novo que ela te adora. Você não entende isso, não é? Você acha isso estranho, não acha? Você também adora ela, não adora? Você não entende porque, mas você adora, não é? Talvez você adore ela só porque ela te adora , você pensa. Você imagina que só pode adorar uma mulher que você ache que te adore mais do que você à ela, não é? Você não vê sentido em pensar isso, mas mesmo assim você pensa, não é? Ela me adora mesmo, você pensa. Você se assusta de novo, não é?
Você se assusta fácil, você pensa. Você olha de novo pra ela e ela pergunta quê que foi e você não diz nada e ela te dá um beijinho, não é assim? Você lembra também de uma outra, não lembra? E você lembra que a outra era fraca, não lembra? Você pensa que essa é muito melhor e que esse é o problema, não é? Você pensa no nome dela que é muito mais bonito, certo? Você lembra que ela não tem apelidos, não é? Você se assusta de novo e ela te beija de novo. Você se assusta ainda mais, não?. Você olha pros olhos dela de novo, não olha? Você vê que eles podem te engolir, não é? Você sua bastante, não sua? Você controla as mãos dela que se mexem e chama ela pra dormir, não é? Você tenta não dormir agarrado, mas você não resiste, não é isso? O corpo dela se encaixa melhor do que você imaginou, não é? Você acordou melhor do que a maioria dos dias, você pensa. Ela é uma beleza mesmo dormindo, não é? Você se assusta mesmo muito facilmente, você pensa. Você sorri no caminho de casa, não sorri?

domingo, agosto 26, 2007

doce defunta

Não agüento mais sua cara esperando que eu diga o que não vou dizer. Desculpe, meu bem, mas você está morta. Eu não tenho como a ressuscitar. Eu não tenho como dizer: levanta -te! Para provar que você está viva você teria que levantar de seu caixão e dançar e rebolar e fazer beicinhos. E então, e só então, talvez eu começasse a desconfiar de sua morte.
Mas isso é muito difícil de acontecer já que tenho a impressão de que você já nasceu morta. É isso mesmo: você nasceu morta. Nasceu assim e as vezes, e só as vezes, aparenta estar viva, mas na verdade não está porque, enfim, nunca esteve.
Então prefiro assim: Você doce no caixão, a pele muito branca de condessa vampira, os mamilos sempre rosas como foram e os pêlos meio loiros também. Você no caixão é o seu melhor. Sua potência é ser defunta, a defunta mais linda que já vi.

Essa gente profunda que me perturba a alma. Essa gente que quer viver aquilo que estabeleceu após uma consulta aos números ou astros. Essa gente que não sou eu, essa gente é o inferno. ( E meu coleguinha engajado continua com seu discurso e suas fotos de miséria carioca. E também continua com sua maconha da boa e da verde.)

Muito gente no planeta pra que se goste de todos. Gente pelos ralos e culatras e os piores são sempre os mais inteligentes. Gente que reflete sobre a vida e que decide que seus modos são superiores ao resto da gentalha. Eu também sou isso. Eu sou isso invertido, mas é muito parecido. Cuspo pra cima que é pra me cair na cara.



" Nem Jesus, nem Deus.

Salva apenas o deboche:

os dentes podres

de um riso amarelo"

Os dias vadios que me satisfazem. Nas pequenas caixas pretas da máquina uma música melancólica que me agrada. Venho até aqui e começo a escrever. Meu prazer são essas bobagens. Percebo isso sem muita excitação. Não por nada, mas porque é isso mesmo: a velha sensação de que a vida é boa. Não porque a vida seja radiante, mas porque é o que é e continuo aqui me satisfazendo com as minhas conchinhas:
.
"Tudo passa bem,
embora seja mal.
A vida que vem
em um dia normal."

sexta-feira, agosto 24, 2007

DoBomBlogueDoSolda - Clique.

Sim
escarre cague mije
sobre mim
mas nunca diga
que não me amou
não chame cachaça
o que um dia foi bourbon
(márcio cobaia e marcos prado
do livro Três Quadrúpedes
Bípedes)

Do Galhardo - Fodão - ClicaJá.




TAKE IT HOME - Do Bortolotto - Linkado aí - Clica aí.

(tem umas coisas que a gente lê e entende tudo rapidamente. pra mim esse texto é esse tipo de coisa. não se trata de pessimismo ou otimismo, se trata de ver vida de frente, sem ais e uis, sei lá. isso que ele escreve poderia ser um lamento, mas nem é. se duvidar é mesmo uma ode. uma ode a porra da vida em tudo que ela tem. o leão é bonito, mas morde. e mesmo assim eu continuo gostando do leão.)


Ontem voltando do ensaio com a banda no carro do Selvagem Amalfi. Eu tava meio que absorto ouvindo meu MP4, mas num volume baixo servindo apenas de trilha sonora pro caso do Selvagem querer falar alguma coisa, mas ele também parecia quieto, apenas um pouco irritado com o trânsito. Vejo as pessoas todas muito irritadas e as minhas vulgares análises todas me levam a crer que em algum lugar do caminho elas tiveram opções erradas, mas não querem se arrepender, porque talvez em algum ponto elas consigam se sentir satisfeitas a ponto de acreditar que tenham feito as opções certas. São os tais dos planos que não se concretizam. São as tais das vontades irrealizáveis, e todos parecem meio frustrados e infelizes, mesmo quando contam piadas e riem com sinceridade. Mesmo quando falam algo e querem se fazer notar. Mesmo quando insistem em chamar a atenção. Chamam a atenção para sua alegria, mas tudo que eu consigo ver é uma tristeza filha da puta, o tal buraco negro da alma, o tal buraco de 12 que eu disse que não dá pra encher nem com todo o whisky do mundo. Eu também já fiz planos como todo mundo e acreditei neles. A maioria não deu certo e eu fui ficando frustrado e infeliz pra caralho. Aí ontem saí de casa e fui andando pela rua. Tava meio frio, mas eu tava protegido com a jaqueta dos pára-quedistas franceses que eu comprei num brechó de lá. Fui andando pela rua e me sentindo inacreditavelmente tranqüilo. Não estou falando de felicidade ou de bem estar. Tranqüilidade não tem nada a ver com bem estar. Talvez seja só um ítem no cardápio. Passei a tarde ouvindo música e bebendo com amigos (Cassiano, Picanha e Amalfi). O Picanha preparou um genial macarrão a gorgonzola e nós ficamos lá ouvindo B.B King. Aquela capa daquele disco. Meu Deus, a capa daquele disco. O garoto olhando a guitarra na vitrine. E aí na contra-capa ele indo embora com a guitarra nas costas, pisando em poças dágua. Aquela capa. Eu já tive esse disco. Eu era um garoto e também tinha planos. Eu tive esse disco. E um dia eu vendi o disco. Tava precisando de grana pra comer. Então vendi o disco. Mas nunca esqueci daquela capa. E a gente falando tanta coisa, na cozinha, na sala, e eu pensando na capa daquele disco. E aí fui encontrando as pessoas nos bares e pensando na capa do disco. Entrei nos Parlapatões e fiquei jogando bilhar. Por sorte, demoraram pra conseguir me tirar da mesa. Não queria sentar e nem conversar com ninguém. Tava pensando na capa daquele disco. E aí quando o Eldo e o Pedro ganharam de mim e eu tive que me sentar com uma garrafa d´água na mão, não queria olhar pra lugar nenhum, eu queria ficar pensando na capa do disco. Quando olhava eu via coisas, via as bolas caindo na caçapa, os amigos conversando em outras mesas, ouvia o burburinho do bar e eu ouvia os passos do garoto nas poças dágua. Pensava em desejos que talvez não se realizassem. Pensava em estratégias de fuga. E tudo parecia tão irreal. E eu queria que muitas coisas tivessem dado certo na minha vida. E eu queria que todos aqueles planos tivessem se realizado, como o garoto ambicionando a guitarra na vitrine. Como se a vida fosse isso. Como se fosse realmente possível colocar a guitarra nas costas e sair andando pisando em poças d´água. Mas há uma tempestade no caminho. Há um lugar que você simplesmente não pode chegar. Há tanta coisa atrapalhando. E tudo que você gostaria era simplesmente isso. Esperar a tempestade passar, embaixo de algum abrigo, um toldo de armazém, uma senhora voltando pra casa com os ingredientes de uma sopa de tomate, um velho sentado na soleira sem esperança nenhuma, sequer torcendo pra chuva passar. E eu não sei mais se a tempestade vai passar. Eu nem sei mais se há um lugar no mundo pra sujeitos estranhos que decidiram não mais retrucar a sorte. Mas eu ainda não sou o velho sentado na soleira. Então é melhor devolver a guitarra pro cara da loja e sair andando sem pressa, sem guitarra nenhuma nas costas, com essa chuva fria congelando minha alma negra. E esse buraco enorme que todo o whisky do mundo jamais vai preencher.

das 21:30 às 03:11.

Fora de si com a cabeça rodando no meio do asfalto.
As mulheres passam de mãos dadas com homens que nem olham nem reparam.
O mundo inteiro parece uma solidão sem fim.
Na rua tem postes bem distribuídos pelo espaço.
Na rua tem gente que ri fácil. É belo.
No bar eu e mais um que carrega um livro sobre a Jovem Guarda.
A lua é bela e eu sei disso sozinho.
Minha amiga me chama a atenção pra bela lua que perde seu encanto porque ela falou do que não precisa ser dito.
A rua fica deserta mesmo antes das 3:00.
Um cachorro para na esquina e rói um osso achado no meio dos plásticos.
É um cachorro que não late.
É um cachorro que não come os restos de comida de uma família completa.
Em casa a música e meu riso cínico.
Em casa eu estou livre dos outros que não sou eu.
Eu entro e cago com um copo de cerveja na mão.
Lá fora barulhos estranhos que poderiam ser tiros.
Lembro da garota bonita da peça de hoje.
Lembro das duas garotas bonitas da peça de hoje.
Lembro de mim mesmo:
Repito tudo pra mim mesmo:
O mundo é mesmo ótimo!

quinta-feira, agosto 23, 2007

Dentro de você é tudo bem bom.
O corpo perto.
Os olhos abertos.
Sorriso calmo.
A vida simples de um idiota satisfeito.

quarta-feira, agosto 22, 2007

querido diário.

Olhando pela janela.
Eu não sou eu mesmo, eu nunca fui eu mesmo. Tem umas coisas que faço que satisfazem e isso sim é o que posso ser. Mas isso não pode ser sempre porque sempre é jogo da velha empatado: um saco. E nem me entendam mal, nem sou melancólico ou pessimista. Não mesmo. É apenas porque a vida corre assim como deve. Nada de lucros e calcúlos pra chegar à algum canto. Eu não gosto disso, eu nem sei fazer isso. Se soubesse talvez fizesse e gostasse. Mas nem é esse o caso.
Eu não me ofendo facilmente e também não me 'acho' facilmente. Eu sou simples, eu já disse. Eu sempre sigo uma lógica previsível. Eu nem tenho esperança louca e por isso eu nem tenho medo de nada. Não acho que posso me frustrar. Eu topo o que pinta. Sou simples e tendo a facilitar sendo otimista em relação a mim mesmo. E apenas porque isso me é conveniente. Só por isso.

segunda-feira, agosto 20, 2007

<)*(>

Tava tudo certo aí sonhei com uma merda de uma noite de amor, sabe como é?


A gente se via e vinha pra cá pra beber conhaque com chocolate quente. Isso mesmo: conhaque com chocolate quente. Você dizia que nunca tinha bebido e coisa e tal. Eu preparava, dava um copo e você dizia: hum, hum, delícia, delícia! E a gente ficou nessas e ficamos bêbados e tudo. Você já tava rindo só com a boca, sabe? Só abrindo a boca e deixando o ar passar sem som. Então, tava assim, nesse estadinho. Muita mão muito carinho, né? Somos afetuosos, não somos? Pois é, somos demais: Um inferno! Então vinha você e dizia: hoje vamos nos amar. E eu: que isso?, como assim?. Você me pegava o rosto e me atacava um beijo. Beijo bom, beijo doce, boca quente de conhaque e tesão. Você assim vindo pra cima e eu meio lá, pensando: puta que la merda, to morto, não me seguro mais. E foi o que foi. Um sexo fenomenal. Assim, cheio de afeto, sabe? Pois é. Você insistia nisso, dizia: é amor isso, agora é amor. Hum hum. Era assim. Você nua e tudo, mostrando os pedaços do corpo e dizendo: e esse, e aqui, e minha nuca, você gosta da minha nuca?. Claro, claro!. Pô, o pior era isso: toda essa intimidade de antes trazida pra cama. Eu apontava o seu corpo. Eu mostrava uma pinta entre as coxas. Você ria. Ria com o riso aberto e dizia: sim sim, essa noite a pinta é sua, essa noite é amor, é amor. E a gente ria e tomava conhaque com chocolate quente e ria, ria muito, e falava coisas, coisas da vidinha vadia que temos: Ai, esse tipo de programa me arrebenta. - É, eu também não tenho saco pra essas exposições com gente que fala. E ríamos e ríamos. O sonho era isso: riso e sexo. Riso e sexo. A glória do mundo condensada num sonho. Minha desgraça! Todos meus planos são sempre assim. Eu sempre planejo no alto do meus porres: preciso apenas de uma mulher, uma mulher boa que me ame e com quem eu vou rir. Uma mulher que de vez quando me alimente e que me abra as pernas com ternura. Não é simples abrir as pernas com ternura. É por isso que essa mulher será especial.

diversão de nerd.

Eu
rosno
eu
mordo
eu
mato.
Todas
farsas
são
falsas
de
fato.

mundo.

(do blogue do solda)

(coisas que ouço por aí)

"Nada pior do que uma mulher queixuda. Nenhum homem decente tolera queixo pretuberante em mulher. É a coisa menos feminina que pode haver. Aquele queixo apontando mais que os seios. Isso é errado, é muito errado. Seios devem vir sempre antes. Sempre. Homem com mulher queixuda fica meio feminino, meio viado."

domingo, agosto 19, 2007

Os olhos fixos

na mulher mais bela de todo o oeste.

(O oeste é tudo que existe e é uma pena que os idiotas não entendam)

Ela é uma mulata sensacional.

Uma mulata louca e com olhos de japa.

A única mulata pra quem entregaria minha alma.

Peitos médios e sorriso de boca inteira:

os dentes de cima

e os dentes de baixo

que mostram uma borboleta.

Eu a vi apenas duas vezes,

eu a vi no meio da multidão de dentes amarelos.

Ela nem estava alí,

ela voava a meio milímetro acima.

Olhando pra ela um velha certeza me invade:

A humanidade é mesmo uma tristeza desprezível.

sábado, agosto 18, 2007

Não me interessa sua cara e suas manhas. Sua falsa generosidade de mulher fraca que não sabe o que pedir. Chegue chegando e já venha com as garras prontas. O enfrentamento da fêmea louca é o que lhe redime. Beijo na boca são apenas guerras de línguas, não é? Foi você que me ensinou como a vulgaridade pode se vestir de maneira comportada. Sua boca seca me agrada, assim como seus gemidos graves e fingidos. Todas as fendas levam à algum lugar, não levam?

quinta-feira, agosto 16, 2007

Querido diário.

Eu tô aqui com a minha cabeça e o meu pulmão ardido. Eu saio de casa, eu aperto os botões, eu volto pra casa, e volto de novo e de novo aperto os botões. Eu volto pra casa.
Diante da tela mais vontade que inspiração. Mas até aí tem aquilo que me disseram e repito: inspiração de cu é rola. O mundo é movido por esforço. A gente sobrevive por esforço. E por cisma também. Cisma que se melhora, cisma que se piora, cisma que ama, cisma que odeia, etc. Mas esforço é sempre mais legal na minha cabeça. Esforço é um puto que chega e diz: ó, não tem nenhum motivo pra fazer isso!, mas mesmo assim eu quero fazer e farei!
Esforço é um preto gigante com uma pica gigante e uma loira em quem ele bate. Inspiração é um velho a la Einstein, de cabelos desgrenhados e incapaz de amarrar o próprio cordão do sapato.
Sei lá: caga regras novos, apenas.
Tem também um coisa legalzinha que sou eu andando e vendo as casas de Botafogo. Acho casa do caralho. Fui criado em casa. Sou um cara acostumado a casa. É muito podre essas crianças de apartamento que ficam correndo no corredor minúsculo tentando gastar energia. Lembro da minha mãe dizendo: meu filho nunca case com uma mulher que passou a infância em apartamento. Elas são tão tristes...
Minha mãe é um gênio, não é?

quarta-feira, agosto 15, 2007

A cabeça
tá fora
do pescoço
que entra.
Empurra
os ombros
o máximo
que agüenta.

segunda-feira, agosto 13, 2007

quando os ossos acalmam.

O cavalo passeava tão vistoso e brilhoso. O pêlo bem curto e quase dourado. Eu via seus olhos olhando ele. Sua boca aberta e seu encantamento pelo animal. Você não se mexia. A sua respiração era só um fio e os olhos fixos só se moviam com o trote. Eu via você que via o cavalo. Eu entendi tudo. De repente. Num segundo. Eu entendi que era assim mesmo. Que era sempre assim que seria.


Você tinha um riso na boca. Um riso louco de mistério. Uma coisa que eu nunca tinha visto. Um riso que era diferente de tudo. Um riso inédito que confirmava aquilo que eu tinha acabado de entender. Eu nunca tiraria aquele riso da sua boca e ele seria sempre uma sombra em mim. Nesse pacote todo eu entendi isso também. É curioso como as coisas podem surgir de maneira tão rápida e definitiva.


Você continuava parada e eu nem queria piscar que era pra não perder nada daquilo tudo que eu estava entendendo. É como se se eu piscasse eu fosse perder algo de fatal. Porque tudo estava se dando assim: tudo tava surgindo com uma clareza enorme e em centésimos de segundos. Era tão claro tudo isso na minha cabeça. Era uma certeza tão profunda que eu sabia que se eu piscasse eu estaria perdido. Perdido pra sempre, pois teria perdido outra revelação fatal que surgiria enquanto você olhava o belo cavalo dourado que passava.

Eu resistia, mas meus olhos queimavam. Você não lembrava de nada, você era apenas dois olhos que acompanhavam um cavalo dourado. Eu sentia meu próprio esforço. Eu sofria com meu próprio esforço. O meu esforço era uma dor necessária pra que eu tivesse, enfim, o último entendimento total que eu só poderia ter ali, com você fixada num cavalo dourado.


E de repente de novo ela me invadiu e, de novo, eu entendi tudo e, então, pisquei longo sabendo que as revelações já tinham acabado. O cavalo dourado ía distante e você voltou ao normal e fomos andando de mãos dadas até o bar. E fomos andando de mãos dadas em silêncio. E era um silêncio bonito e triste, um silêncio tão terno, mas tão terno, que se eu morresse alí, morreria com a sensação de paz que sempre quis para a hora da boa morte.


No bar a gente não falou sobre nada. Não falamos sobre o cavalo, não falamos sobre nós, não falamos sobre dores ou alegrias. Falamos apenas de um filme ou outro, de um dinheiro que não tinha entrado e tomamos duas doses cada e voltamos pra casa e fizemos amor e depois dormimos enroscados e nus.


De manhã você saiu e me beijou os olhos e me olhou como nunca antes tinha me olhado e me acordou com a mão quente no cabelo e me disse o eu te amo mais sincero que eu ouvi e fechou a porta e deixou um bilhete dizendo que tinha café fresco na garrafa.


Eu levantei. Eu vi o bilhete. Eu lembrei de Deus. Eu dormi em paz.


Verdade Invertida.

Eu recebo uma ternura tão doce que nem sei se é pra mim. Se for pra mim eu digo que ela acerta e me pega e, se continuar assim, me deixa no chinelo e me leva no bico. E é isso que eu quero: uma mulher esperta que me leve no bico. Nada de mocinhas sonsas não sabendo o que não querem. Só as loucas necessárias pra uma vida de paz e desbunde. Sim sim sim, paz e desbunde é a combinação perfeita pra vida.
Chega de talvez. Só o sim sim e o não não. Nada de pode ser. Quero a louca que berra meu nome na porta e que me inferniza como só uma boa diaba é capaz de fazer. Eu nem posso nada com essas mulheres: mulheres que me arrastam eu obedeço. Eu sou bem simples: me arraste que eu lhe sigo. Minha filosofia de botequim tem seu cúmulo diante de uma louca-fêmea que me arrasta.
E ela fala com a calma louca de quem fala sozinha. Ela me perturba por seu discurso de 'lhe compro'. Eu topo, minha fêmea-diaba, eu topo. E me vendo. E sou barato pras grandes negociantes. Mas repare que nem tudo é assim. Meu conselho:
Venha rasgando e saiba a hora de segurar a tesoura. Seja mais esperta do que eu que eu viro um idiota agradável a lhe seguir. Mas eu aviso: sou mais esperto que aparento, mais vaidoso do que devo e mais arrogante que o tolerável.
Fui claro, não fui?

domingo, agosto 12, 2007

Amor.

Boca imensa.
Chupo seus beiços,
minha piranha,
chupo seus beiços.
Depois eu desço e
chupo sua xota.
Tão vermelha e
cintilante no meio dos ossos.
Eu chupo e agradeço.
Xota azeda de mulher vulgar,
corrimentos coloridos que me distraem a visão.
Puxo sua bunda,
com a mão por atrás,
que é pra pôr a língua
mais no fundo,
mais bem dentro,
mais cheiro e mais gosto.
Chupo o máximo que posso
a mamica arrepiada e
quase rosa.
Minha pica entrando
na xota gulosa.
Dentro e fora,
fora e dentro:
tentativa frustrada de enfiar no cu.
Nem tudo eu posso,
nem tudo eu aguento:
a pica rosa na xota rosa dentro e fora e fora e dentro.

sábado, agosto 11, 2007

Contando uma história que nem é minha.

Eu tava parado. Eu sempre to parado. Não tem nenhuma novidade nisso pra quem me conhece. Mas quem me conhece não me interessa então falo isso que é pra ver se os desconhecidos se manifestam. Mas, voltando ao assunto, eu tava parado.
Eu tava no balcão com o meu livro da vez e bebia minha segunda cerveja. Tem livro que só se deve ler bêbedo se não não se entende nada de nada. Eu lia um desses livros e, de vez em quando, olhava pra TV que mostrava as coxas das mulheres. TV sabe das coisas. A TV só mostra o que eles sabem que interessam o mundo: mulheres, sexo e violência.
Do meu lado tinha um idiota que dormia. Nem tava bêbado, mas é o tipo que vai pro bar pra pegar no sono. Eu conheço essa gente. Tem vários desses por aí. Na mesa perto tinha um homem e uma mulher. Ele come e ela bebe - depois vem um monte de idiota dizer que bar é um lugar machista...é foda. Essa gente não sabe nada de bar.
Mas o que eu quero contar não é isso. Eu quero contar do telefonema que recebi. A merda do celular é pra isso: pra receber ligações idiotas em lugares que se vai pra fugir de tudo.
- Oi.
- E aí?
- Certo, ótimo. Que tá fazendo?
- Quer a verdade?
- Claro.
- To no bar bebendo com meu livro.
- Hum.
- O quê?
- Pensei em ir aí? O que acha?
- Não quero. Desculpe, mas não quero.
- Mas você prefere ficar aí?
- Prefiro.
- Idiota!
- Sim, eu sou idiota.
- Não te ligo mais.
- Tá. Beijos.
Mulher tem sempre essa mania. Elas se comparam com tudo. Se comparam até com o desejo de se beber sozinho no bar com um livro feito pra se ler bêbado. Tudo vira ofensa pessoal na cabeça dessas loucas.
- Sou eu de novo.
- Oi.
- Olha, desculpa.
- Sem problemas. Tá tudo certo.
- Tem certeza?
- Tenho.
- Você é mesmo difícil...
- O quê?
- Nada...deixa pra lá. Nem sei porque liguei de novo. Beijo.
Eu não entendo porque elas se repetem tanto. As vezes parece que tem uma única mulher no corpo de várias. Elas fazem tudo igual. Tudo. Um inferno.
Leio mais um conto do livro e a mulher que bebia enquanto o homem comia insiste em me dar cerveja. Eu aceito e pago a conta com mais duas que trago pra casa. Ela tenta me dar mais cerveja e eu não aceito. Ela fica revoltada e quer que eu beba. Eu não quero. Eu tento ser educado. Eu saio com a minha sacola enquanto ela resmunga hum, hunf, iiiiii.
Eu chego em casa e o de sempre. Com a sacola na mão eu ligo a máquina que carrega enquanto preparo um copo. Eu sento aqui. Eu escrevo essas merdas. Eu não preciso de muito.

ClicaCá - Blogue da Estrela L.

O Sim tem três letras
O não também
Talvez tem seis
Porque é a soma
do que os outros dois têm
A diferença entre eles é o til
Que o sim não tem
E o não tem sim
SIM OU NÃO
a gente só diz sim
ou não
e se, às vezes,
diz talvez
quer dizer
um desses dois
ou sim
ou não
pelo sim e pelo não
não diga só talvez
diga não
não não é talvez
diga sim
sim não é talvez
ou não


(Alice Ruiz/ Estrela Leminski/ Téo Ruiz)

sexta-feira, agosto 10, 2007

Eu entorto seu belo pescoço e então você vira minha galinha. Eu seguro seu bico e risco o chão e você fica paradinha como uma boa galinha deve fazer. Com suas asas de galinha você voa no máximo uns 10 metros e a queda é quase sempre inevitável. Cisca sempre por aí catando as porcarias do chão e mexendo o pescoço como se fosse uma pomba e não uma galinha. Acho que nem uma boa galinha você chega a ser. Você é uma galinha que teima em ser pássaro. Galinha não é pássaro, digam o que disserem. Você cacareja pelo quintal. Não cacareja?

Coerência Interna.

Será que Alice ainda lê? Onde será que Alice se meteu? Será que Alice existiu? Será que Alice era uma delas me confundindo com outro nome? Será que Alice se chama mesmo Janaína? Será que isso vai funcionar? Por que será que Alice não deu mais sinal? Será que Alice morreu? Será que Alice teve 1 filho loiro e levemente estrábico? Cadê Alice? Alice é por que mesmo? E me disse: Tá, tá, tá. Será que a Alice mora agora no Japão? Cadê a Alice que me disse umas coisas uma vez e sumiu? Será que a Alice sou eu? Não seria genial se a Alice fosse eu? Cadê a Alice que pareceu entender meu gosto pelo farsa? Será que Alice descolou um namorado forte e saudável e carinhoso? Será que Alice descobriu que gosta de mulher e agora anda muito mais leve por aí? Será que ela já fez 30? Será que ela é ela outra que um dia me disse não sou eu? Será? Alice? Alice? Cadê a Alice?

quinta-feira, agosto 09, 2007

Eu olho pra frente e vejo
todas as mulheres,
todas elas,
todas que podem me dar.
Eu faço as coisas pra elas,
eu lambo as partes delas,
eu sou o amante da solidão que elas sentem.
A minha cabeça gira e sente prazer.
Eu repito: eu não preciso de nada,
eu não quero nada,
apenas noites afora chutando latas
e sonhando meias verdades.
Sou, enfim, a merda de sempre,
com a cara gorda de sempre
e com a falsa disposição generosa.
De novo eu mesmo e
toda minha capacidade de mentir.
De novo os sonhos rasos e
o falso medo da vida.
Agora eu e o mundo, adiante
com todas as mulheres e com todas as raivas.
Minutos de amor e minutos de ódio,
a paixão conta gotas do solitário que eu sou,
a meia bomba num pau mal amado e
o riso seco que encanta as minhas vagabundas.
O meu mundo é ótimo, meu bem,
e agora eu aproveito do que eu sei.

A boca tá escancarada na minha frente. Ela faz beicinho. Ela simula danças estranhas. No meio da primeira garrafa ela pôs um dedo no líquido e chupou o dedo. Riu muito. Riu escandalosa. Eu ri também pra acompanhar. Ela insiste que eu não devo sair da cadeira. Ela insiste em perguntar qual é o meu problema. Eu só rio. Ela elogia meu dentes, ela diz dentes de macho, dentes de cavalo. Ela quer que eu fique assim na cadeira. Eu não me mexo. Eu sigo as instruções. Ela sabe das coisas. Eu obedeço.

quarta-feira, agosto 08, 2007

E que venha A PEÇA PUNK!

(mate-me, por favor)

Ronnie Cutrone: Nico era muito esquisita para ter qualquer tipo de relacionamento. Não era uma daquelas mulheres com quem você fica ou ama, ou se diverte e anda por aí. Nico era realmente muito esquisita. Por um lado era muito fria e na dela e por outro era irritantemente insegura.
(...) Embora fosse a Princesa de Gelo, ela era espetacular, sabe como é, uma loira de arrasar. Mas Nico era estranha. Uma esquisitona, quer dizer, era só isso. Bonita, mas esquisitona. Você não tinha um relacionamento com Nico.

Pau mole.

Eu chego no doutor e sentencio:
- Meu pau ta mole, doutor.
- Como assim, meu filho?
- Assim mesmo. Mole. Uma desgraça.
- Mas me explique.
- Olha, doutor, eu posso até explicar, mas o fato é que ele tava mole na hora que eu precisava dele.
- Meu filho, mas isso não faz nenhum sentido...quantos anos você tem?
- 25.
- Então fique tranqüilo. Me explique direito isso.
- Porra, doutor. Eu queria ele lá pronto e ele me abandonou.
- Eu sei, eu sei como é, meu filho...mas preciso que me explique como foi pra eu tentar entender o que pode ser a causa...
- Assim, doutor, eu chamei uma garota pra ir na minha casa. Ela foi. Bebemos um whiskeyzinho de leve. Nada de mais. Uma ou duas doses em dois. No mesmo copo, sabe?
- Sei sim, continua.
- Então a gente se atracou e tal.
- Sei, sei. Mas, durante isso, durante os malhos, como é que era?
- Os malhos?
- É. Os malhos. As preliminares...
- Ah, ta...não, durante os malhos tava tudo certo. Meu pau tava duro e tudo...o senhor não se incomoda de eu falar pau, ?
- De maneira alguma. Continue.
- Então, tava tudo certo durante os malhos.
- Sim, mas quando ele ficou mole?
- ...a gente já tava tesudo e ela disse pra eu por camisinha...
- E aí?
- Bem, aí eu segurei os malhos mais um pouco e ela pegou a camisinha e eu o encapei.
- Sim?
- É. Encapei o bichinho.
- E?
- , daí eu enfiei nela, doutor?
- Ok, e depois?
- Depois ele ficou mole, doutor. Ficou mole assim. Foi ficando mole, parecia papel na água.
- Sei, sei. Mas você tava lá, copulando, e ele ficou mole, é isso?
- Não. Ela pediu pra vir por cima. Aí ela meio que me masturbou...e aí, nessa hora, eu saquei.
- Continue, continue.
- Nessa hora eu saquei que meu pau ia me abandonar.
- E?
- Como e?, doutor? Aí eu até enfiei nela, quer dizer ela enfiou ele nela mesma, mas já tava errado. Era uma meia bomba que não encaixava.
- Vejo, vejo.
- O quê, doutor?
- Fique tranqüilo, meu filho.
- Mas como assim? Sem nenhum exame?
- É. Foi psicológico.
- Mas não foi a primeira vez...
- Ah é? Como foram as outras?
- Não. Na verdade teve só uma vez antes.
- Continue, continue.
- Quer que eu fale da outra vez, é isso?
- Sim, sim. É importante.
- Da outra vez eu mesmo expliquei pra mim mesmo. É que era uma mulher assim, que até virou minha namorada. Sei lá. Acho que eu queria muito, sabe?
- Sei sim. Mas foi de camisinha?
- Sim. Mais ou menos do mesmo jeito. Duro e depois mole. Como água e papel.
- Ah...
- O que doutor?
- E dessa vez? Dessa vez não era uma garota especial?
- Não, de modo algum doutor...
- Mas você não tinha alguma coisa com ela?
- Como assim? Ela é minha amiga...
- É...eu sei...eu sei...mas você não queria dela algo mais?
- Assim, de namorar, por exemplo?
- É, por exemplo...
- Não isso não, mas...
- Mas?
- Mas é que ela sempre me desafiava, sabe?
- Sei, sei.
- Então.
- Olha. Acho que nem precisamos de exames. Isso ta muito na cabeça. Fique tranqüilo. E camisinha é fogo, rapaz. Tem gente que tem alergia a camisinha.
- Meu Deus.
- Pois é. Tem gente que tem alergia ao látex. Funciona como osmose. Tem uma substância no látex que é capaz de penetrar na pele e afetar a ereção. Mas isso é 1 em 100.000. Você já fez sexo com camisinha?
- Sim.
- Até o fim?
- Sim.
- Então esse não é o seu caso. O mais comum é mesmo o lado psicológico.
- E, então, doutor? O que eu faço?
- Olha, não tem muita saída. Você tem que ficar calmo e não pensar em agradar. Tem que esquecer que quer agradar aquela pessoa.
- Mas não tem nada que possa me ajudar, doutor?
- Olha, os remédio pra isso funcionam num caso assim, mas apenas pelo fator psicológico mesmo. Não vale a pena você usar.
- Então me fala, doutor? Me fala o que eu faço pra facilitar a minha vida?
- Quer mesmo saber o que eu acho?
- Claro. Sim.
- Arranje uma mulher legal e namore com ela e depois de 3 meses de fidelidade façam um DST completo e esqueçam a camisinha...
- Mas, doutor...
- Camisinha é uma desgraça, meu filho. É um mal necessário. Mas pra fazer um sexo bom o melhor mesmo é que você ame a sua parceira...
- Mas...
- Olhe, meu filho, eu sei que isso não é simples, mas isso resolveria tudo.
- Sei, sei.
- Mais alguma coisa?
- Não....acho que não...
- Então fique tranqüilo. Arranje uma mulher legal que tudo dá certo...
- É...
- Você sabe.
- Sim, eu sei.
Saí do consultório e liguei pra minha amiga:
- Olha, acabei de sair do medico e ele me disse que a culpa foi sua...
- hahahaha....
- É sério. A culpa é sua porque a gente não se ama.
- Hahahhahahahaha...
- Você vai ficar rindo, é?
- Hahahaha...como assim?....hahaha...o que que que eu faça?...hahaha...que eu te ame...hahaha...
- Credo. É. O doutor tem razão: eu preciso é de uma mulher legal...
- Hahahaha....
Eu desligo o telefone. Eu vou pro meu bar e penso: “mas afinal, quem pode ser assim tão legal?”.

A louca ta lá no batuque. Não olha muito. Olha assim de soslaio. Soslaio é uma palavra idiota, mas é a melhor pra esse caso. Ela se mexe menos do que pensei. É incrível. Agora eu vejo. Ela é jovem, muito jovem. Ela é uma menina que espera o amor. É impressionante. A maioria das mulheres são meninas que esperam o amor. Eu sei. Agora tem uma ou um idiota lendo e me chamando de machista. Ta certo então. Que seja. Sou machista. É mais simples achar isso. Que seja. Mas elas esperam o amor. E o amor é sempre um príncipe. Ou princesa. Tanto faz. Mas é sempre alguém que vem a cavalo. Você não entende? Foda-se. Eu falo só com quem entende. Eu não ensino nada. Eu repito o que você fala. Sempre. Sempre. Mas como dizia. Ela se mexe menos. Mexe pouco. Imaginei que ela suasse mais quando estivesse no batuque. Mas não. Ou pelo menos não tanto quanto eu pensei. Ela olha pra frente. As vezes pra quem ta perto. As vezes pros seus pares. Mas olha pouco. Olha menos do que seu privilégio de batuque lhe oferece. Eu vejo ela. Eu gosto de ver ela assim. A primeira coisa que eu lhe pediria, se eu tivesse na condição de quem pode pedir, era pra que ela batucasse nua pra mim. Ela pelada e batucando. Hum. Hum. Parece tão óbvio pensar isso. Mas talvez não seja. Não sei. Não interessa. É o que eu penso. E penso assim que a vejo batucando. Penso isso rápido. Por isso acho que é óbvio. Acho que é por isso. Acho não. Tenho certeza. É por isso.

(para ler com a voz rouca de cigarro)
A vida me chama, meu bem.
Os convites aparecem e
agora eu vou.
As mulheres de pernas abertas
e os beijos loucos madrugada adentro.
Novamente o mundo adiante,
os loucos nas ruas
e os porres homéricos.
Em cada cerveja um novo amor,
em cada beijo generoso uma nova senhora.
Não quero mais nada.
O mundo é cada vez melhor.
Eu sinto a velha força do álcool,
eu prevejo o futuro de devaneios infinitos.
A morte precoce já até me agrada,
eu preciso de pouco e é disso que eu lembro:
uma boca bem grande pra me lamber,
umas coxas bem separadas e brancas pra eu me enroscar.
Cabelos na cara e suor no rosto, meu bem,
é apenas disso que se trata:
Minha vitalidade brotando do mundo vulgar.

terça-feira, agosto 07, 2007

A brasa do cigarro ilumina nossos rostos. Agora tá tudo certo. Uma dose e um beijo na boca. Cada gosto que se sente. Lá fora um monte de maluco que berra e reclama. Eu aqui olhando o teto e reparando a bela bunda que me acompanha. Adoro bundas, sempre adorei. Peito é bacana e tudo, mas travesti tem peito e não tem bunda, se é que me entendem.
Depois de tudo um passeio na calçada. Eu falo: volto já, vou descer. Ela concorda, ela entende tudo. Fumo um cigarro na rua e olho pros que passam alucinados pra mais um dia de trabalho. Eu sorrio pra eles, eu digo bom dia. A maioria nem responde, mas tá tudo certo.
Em casa um café no copo e um cafuné no corpo. Eu tomo um banho, eu troco de roupa, eu saio pra rua. Yeyeye. Quem precisa dormir?

segunda-feira, agosto 06, 2007

pelo prazer da rima.

Daqui em diante
seus olhos na estante
olhando você.
Que bonitinho a gente
no mesmo caminho
e fingindo não ver.
Uma curva lenta
e outra que derrapa,
um tanto que se tenta
e outro que escapa.

BlogueDoSolda-Leminskão-ClicaCá.


domingo, agosto 05, 2007

- O fato é que eu to exausto. Faz muito tempo que eu to por aqui e isso só piora. Eu não tenho que aguentar certas coisas, eu não tenho que aguentar certas pessoas. Tenho? Porque se for sempre assim é melhor sair da casinha e olhar a janela. Eu não sei porque ela quer que eu seja isso. Quando ela me conheceu eu já era assim, não era? Eu ficava do lado dela, eu pegava a mão dela, eu dizia meu benzinho. Era bom isso. Ela gostava também. Mas acho que teve algo que deu errado, entende? Alguma hora eu deixei que algo passasse despercebido. Eu não sei ainda onde foi. Mas coisas desse tipo tem essa coisa, não tem? Num segundo, num micro segundo, você olha praquilo que sempre olhou e nota que algo morreu. Não é assim? Não é rápido assim? Uma vida inteira que se afoga num micro segundo. Eu penso muito nisso.

- Você pensa muito.

- É, pode ser. Mas eu não consigo parar de pensar. Eu vim pra cá já faz bastante tempo. Eu vim por causa dessas coisas porque na época era tão claro eu vir pra cá. Mas agora eu nem sei mais o que eu to fazendo aqui. Aqui nem tem mais as coisas que me trouxeram pra cá, entende? Eu queria mesmo entender quando a coisa se perdeu, em que momento. Eu sei que não adianta mais. Eu sei que a gente não recupera. Mas é como se eu fosse ser outro se eu soubesse disso. Po, eu já mudei tanto, sabe? Eu nem noto assim, mas quando eu lembro de mim a uns anos atrás eu vejo que eu mudei muito, muito mesmo. É claro que é bom e tudo o mais, eu fiquei mais esperto, não fiquei? Mas mesmo assim eu fico pensando: e se eu tiver me enganando a todos esses anos? E se esses 10 anos foram um grande erro? Porque esse tipo de coisa acontece e nem adianta dizer que isso é parte das coisas e que é assim mesmo. Não adianta. Esse erro já foi muito longe e ocupou muito tempo.

- Mas talvez nem seja erro.

- É. Talvez um monte coisa. Talvez sim, talvez não. Talvez. Talvez é um saco. Eu não gosto dessa coisa do talvez, eu nunca gostei, não acho bonito o talvez, o pode ser ou o que tiver de ser, será. Sei lá. Eu só quero sacar isso. Saber quando a coisa se perdeu. E aí, e só aí, eu vou ver o que fazer. Porque eu vou fazer alguma coisa sobre isso. Isso eu vou fazer. Vou mesmo.

Aqui de dentro posso ver o que nem disse e o que nem pensei. Aquela moça que passa me pisca os olhos. Os dois. E pisca bem devagar e esboça um sorriso e passa pra que eu nunca mais a veja. Depois, e ainda sentado, vem duas outras que não são ela e que me dizem 'saudades' e coisas do tipo e falam da época boa da vida como se fossem senhoras de 70 anos. Elas sorriem tanto quando reclamam de tudo e eu vejo as mãos de uma delas que tem uma unha bonita e que já me arranhou e que, até onde eu lembro, arranham muito bem. Elas seguem adiante e me convidam pra uma festa que eu não topo. Eu só parado. Eu só olhando.
Na volta pra casa eu sacudo empapussado dentro do veículo que carrega também um casal que briga sussurrado tentando ser discreto, mas nem adianta. Ela reclama de algo que ele tenta a fazer esquecer. Não adianta. Nunca adianta. Elas nunca esquecem, eu penso.
No caminho entra outro com duas latas na mão. Abre uma sonora e diz: é isso o bom, esquecer as tristezas e beber uma cervijinha. Eu aceno com a cabeça. Eu concordo mesmo com ele.
O veículo me deixa mais próximo do que eu esperava. Eu subo aqui, eu aperto os botões, eu lembro que todos têm razão.

sábado, agosto 04, 2007

os olhos duros. a boca mole. o corpo flácido. a respiração lenta em 3 por 3.
as pernas sem pêlos. o cabelo colorido. os joelhos tortos.
ela abraça ela mesma e dança bem devagar na sala sem móveis.
põe a cabeça no ombro, encosta o corpo na parede, faz carinho em si mesma.
o dedo médio na coxa, a língua fora da boca, o próprio reflexo na janela.
muda de música. apaga a luz e deita no chão e abre a janela.
o vento de fora. o vento na cara. o vento na coxa.
levanta de novo e enche o copo. bebe bem lento. lambe a boca.
muda de roupa. esvazia a garrafa. arruma a cama.
afofa os travesseiros. deita na cama. dorme em paz.

Pelas ruas as garotas mexem comigo e rebolam. Suas bundas largas, suas saias curtas, yeyeye. A vulgaridade delas tem alvo certo: qualquer homem decente tem tesão numa puta. O mundo é um circo colorido e elas sabem disso, se pintam muito e usam muito brilho: todos os animais são atraídos pelas cores.

Do que se trata além de você? Se eu me concentrar e fechar os meus olhos eu posso falar de você por horas e horas. Mas eu nem sei se eu devo. Eu nem sei se você me lê. E nem faço idéia se você aprecia o que eu falo de você.
Eu poderia falar tudo e inventar outro tanto. Podia dizer de umas coisas que me passam na cabeça quando eu lhe vejo ou quando ouço um desses sons que você faz. Esses sons que você faz, por exemplo, poderiam ser assunto pra um tratado ou uma enciclopédia. Cada som, Meu Deus, cada som.
Mas eu não me arrisco assim. Eu paro aqui pra escrever e escrevo, mas não publico. Fica tudo no arquivo: vários rascunhos pra você. Veja só, como pode isso? Eu que sempre menti tão bem, que sempre me libertei na mentira agora escondo umas verdades aí que foram escritas. Mas tenho clareza que, de fato, não se precisa dizer tudo.
Prefiro fazer esse texto assim e desse jeito. Desse jeito meio vago que nem é, na real, o meu jeito. Mas que é uma maneira de falar de você e pra você sem cutucar muito, sem atingir muito a onça fera maluca que dorme no seu corpo bonito. Eu tenho lá minhas saídas, não é?
Depois eu vou querer ouvir umas histórias, umas histórias que você tá me devendo. Mas isso é assim: olho no olho, mão na mão, coração na boca e eu lhe vendo falar e emitir os sons loucos que você emite. Vai ser uma beleza ouvir essas histórias.
Enquanto isso continuo aumentando os rascunhos e lendo os livros e pensando nas vidas e em mim e em você. O resumo é sempre parecido com os rascunhos: o mundo é bom, meu bem, o mundo é bom, enquanto continua é bom.

sexta-feira, agosto 03, 2007

depois de ontem.

(EM VOZ ALTA E CALMA)
Sacando o tempo passar reparo que até as plantas mudam de posição e eu fico pensando na vida e penso que a vida realmente pode ser boa. Preciso do que? Preciso ler alguma coisa e leio alguma história e depois vejo que o mundo é bom.

Não quero ser um cara de sucesso, não quero ser um cara pop. Quero apenas levar minha vida e, na medida do possível, quero viver a vida em paz.

Não tenho a ambição do reconhecimento. Quero apenas que de quem eu gosto também goste de mim. Não quero agradar ou atingir a todos. Minha matemática é simples e vulgar.

Do que quero posso apenas dizer que quero descolar uma mulher bacana porque isso eu quero mesmo. Não porque juntos seremos felizes pra sempre, mas porque acredito em parcerias e acho que o amor(ou qualquer nome que seja) é capaz de coisas incríveis. Acho que ter uma família com a pessoa amada deve ser uma experiência do caralho. Assim como dividir os salários para comprar coisas pra casa e etceteras.

Quero continuar com meu teatrinho agressivo que aparenta aquilo que eu nem acho e que me faz ter certeza que o mundo é, de uma maneira surpreendente, muito mais moralista do que eu. Porque aquele teatrinho lá só debocha das coisas sérias pra afirmar que essas coisas são realmente sérias e não o contrário, o que, acho, que nem sempre é bem compreendido - mas também ser compreendido é coisa pra publicitário e não pro meu teatrinho.

Quero que tudo seja assim e não quero ser esses caras que vivem dizendo que o tempo é curto e que não têm tempo pra nada. Quero meu salário médio e minha vida média. Quero a paz possível que eu possa ter.

E só.

A casa verde com muita gente. Tudo muito divertido, tudo muito eufórico. Tinha esquecido dessas coisas. Dessas coisas que meus pais me ensinaram que é o prazer de receber gente em casa. Meus pais sabem das coisas. Há qualquer coisa numa festa de muito inexplicável: animais juntos que celebram qualquer coisa. Uma gratuidade ótima, quase o sentido da vida. A festa, o regalo, podem ser o sentido da vida.
Numa festa todos são felizes. As pessoas que reclamam da vida numa festa não entendem nada de festa, não entendem que festa é isso: é fazer de conta que tudo é ótimo e tal. É farsa coletiva e bem resolvida, sem culpa, sem explicação. E, pelo menos pra mim, ninguém reclamou da vida durante a festa, de forma que foi tudo perfeito.

quinta-feira, agosto 02, 2007

DoBomSolda! Oiés! Né Não?