ÉTUDOSOBREMIMEMINHASMENTIRAS
Olhando pro nada eu chego quase longe. Eu não tenho todo esse interesse nas coisas que eu vejo nos outros. Eu entendo de inveja e de raiva. Eu entendo de ninharias e de apatia. Meu mundo é simples e eu poderia ser tranqüilamente um catador de conchinhas idiota e com pernas tortas.
sexta-feira, agosto 31, 2007
quinta-feira, agosto 30, 2007
Pam e Jim
diversão de nerd.
- Fique feliz.
- Bata palmas.
- Berre bem alto.
- Liberte-se do próprio tédio.
- .
- Tome um porre.
- Julgue alguém.
- Mate formigas e lesmas.
- Assista T.V.
- e
- veja um show de Strip-Tease
- ao
vivo. - .
quarta-feira, agosto 29, 2007
querido diário.
Gente chata do caralho. Um lambe o cu do outro. Você está linda. Não, você está lindo. É um troca troca de conveniência babaca e que engana a si próprio através do outro. Não deixa de ser uma estratégia boa. Me consola da minha dor. Ok, mas depois é minha vez. Malditas relações que inventam no outro o que ele não é. Só pra que aparente alguma coisa, só pra dar um sentidozinho pra vidinha de merda. Para com isso. Sente a vidinha de merda e bate palma sozinho. Você é capaz de cantar e bater palma ao mesmo tempo, acredite. Nem vai ser tão dolorido quanto você pensa. Você é tão profunda. Imagina, você é que é sensível. 69 de lambe cus, nem entendem o 69.
segunda-feira, agosto 27, 2007
é tudo sobre mim e minhas mentiras.
(para ler em 1 min e 20 seg.)
Ela mexe mais que você, você pensa. Ela é mais bonita que você, você pensa também. Você olha pra ela e nota de novo que ela te adora. Você não entende isso, não é? Você acha isso estranho, não acha? Você também adora ela, não adora? Você não entende porque, mas você adora, não é? Talvez você adore ela só porque ela te adora , você pensa. Você imagina que só pode adorar uma mulher que você ache que te adore mais do que você à ela, não é? Você não vê sentido em pensar isso, mas mesmo assim você pensa, não é? Ela me adora mesmo, você pensa. Você se assusta de novo, não é?
Você se assusta fácil, você pensa. Você olha de novo pra ela e ela pergunta quê que foi e você não diz nada e ela te dá um beijinho, não é assim? Você lembra também de uma outra, não lembra? E você lembra que a outra era fraca, não lembra? Você pensa que essa é muito melhor e que esse é o problema, não é? Você pensa no nome dela que é muito mais bonito, certo? Você lembra que ela não tem apelidos, não é? Você se assusta de novo e ela te beija de novo. Você se assusta ainda mais, não?. Você olha pros olhos dela de novo, não olha? Você vê que eles podem te engolir, não é? Você sua bastante, não sua? Você controla as mãos dela que se mexem e chama ela pra dormir, não é? Você tenta não dormir agarrado, mas você não resiste, não é isso? O corpo dela se encaixa melhor do que você imaginou, não é? Você acordou melhor do que a maioria dos dias, você pensa. Ela é uma beleza mesmo dormindo, não é? Você se assusta mesmo muito facilmente, você pensa. Você sorri no caminho de casa, não sorri?
domingo, agosto 26, 2007
doce defunta
Essa gente profunda que me perturba a alma. Essa gente que quer viver aquilo que estabeleceu após uma consulta aos números ou astros. Essa gente que não sou eu, essa gente é o inferno. ( E meu coleguinha engajado continua com seu discurso e suas fotos de miséria carioca. E também continua com sua maconha da boa e da verde.)
Muito gente no planeta pra que se goste de todos. Gente pelos ralos e culatras e os piores são sempre os mais inteligentes. Gente que reflete sobre a vida e que decide que seus modos são superiores ao resto da gentalha. Eu também sou isso. Eu sou isso invertido, mas é muito parecido. Cuspo pra cima que é pra me cair na cara.
sexta-feira, agosto 24, 2007
TAKE IT HOME - Do Bortolotto - Linkado aí - Clica aí.
(tem umas coisas que a gente lê e entende tudo rapidamente. pra mim esse texto é esse tipo de coisa. não se trata de pessimismo ou otimismo, se trata de ver vida de frente, sem ais e uis, sei lá. isso que ele escreve poderia ser um lamento, mas nem é. se duvidar é mesmo uma ode. uma ode a porra da vida em tudo que ela tem. o leão é bonito, mas morde. e mesmo assim eu continuo gostando do leão.)

Ontem voltando do ensaio com a banda no carro do Selvagem Amalfi. Eu tava meio que absorto ouvindo meu MP4, mas num volume baixo servindo apenas de trilha sonora pro caso do Selvagem querer falar alguma coisa, mas ele também parecia quieto, apenas um pouco irritado com o trânsito. Vejo as pessoas todas muito irritadas e as minhas vulgares análises todas me levam a crer que em algum lugar do caminho elas tiveram opções erradas, mas não querem se arrepender, porque talvez em algum ponto elas consigam se sentir satisfeitas a ponto de acreditar que tenham feito as opções certas. São os tais dos planos que não se concretizam. São as tais das vontades irrealizáveis, e todos parecem meio frustrados e infelizes, mesmo quando contam piadas e riem com sinceridade. Mesmo quando falam algo e querem se fazer notar. Mesmo quando insistem em chamar a atenção. Chamam a atenção para sua alegria, mas tudo que eu consigo ver é uma tristeza filha da puta, o tal buraco negro da alma, o tal buraco de 12 que eu disse que não dá pra encher nem com todo o whisky do mundo. Eu também já fiz planos como todo mundo e acreditei neles. A maioria não deu certo e eu fui ficando frustrado e infeliz pra caralho. Aí ontem saí de casa e fui andando pela rua. Tava meio frio, mas eu tava protegido com a jaqueta dos pára-quedistas franceses que eu comprei num brechó de lá. Fui andando pela rua e me sentindo inacreditavelmente tranqüilo. Não estou falando de felicidade ou de bem estar. Tranqüilidade não tem nada a ver com bem estar. Talvez seja só um ítem no cardápio. Passei a tarde ouvindo música e bebendo com amigos (Cassiano, Picanha e Amalfi). O Picanha preparou um genial macarrão a gorgonzola e nós ficamos lá ouvindo B.B King. Aquela capa daquele disco. Meu Deus, a capa daquele disco. O garoto olhando a guitarra na vitrine. E aí na contra-capa ele indo embora com a guitarra nas costas, pisando em poças dágua. Aquela capa. Eu já tive esse disco. Eu era um garoto e também tinha planos. Eu tive esse disco. E um dia eu vendi o disco. Tava precisando de grana pra comer. Então vendi o disco. Mas nunca esqueci daquela capa. E a gente falando tanta coisa, na cozinha, na sala, e eu pensando na capa daquele disco. E aí fui encontrando as pessoas nos bares e pensando na capa do disco. Entrei nos Parlapatões e fiquei jogando bilhar. Por sorte, demoraram pra conseguir me tirar da mesa. Não queria sentar e nem conversar com ninguém. Tava pensando na capa daquele disco. E aí quando o Eldo e o Pedro ganharam de mim e eu tive que me sentar com uma garrafa d´água na mão, não queria olhar pra lugar nenhum, eu queria ficar pensando na capa do disco. Quando olhava eu via coisas, via as bolas caindo na caçapa, os amigos conversando em outras mesas, ouvia o burburinho do bar e eu ouvia os passos do garoto nas poças dágua. Pensava em desejos que talvez não se realizassem. Pensava em estratégias de fuga. E tudo parecia tão irreal. E eu queria que muitas coisas tivessem dado certo na minha vida. E eu queria que todos aqueles planos tivessem se realizado, como o garoto ambicionando a guitarra na vitrine. Como se a vida fosse isso. Como se fosse realmente possível colocar a guitarra nas costas e sair andando pisando em poças d´água. Mas há uma tempestade no caminho. Há um lugar que você simplesmente não pode chegar. Há tanta coisa atrapalhando. E tudo que você gostaria era simplesmente isso. Esperar a tempestade passar, embaixo de algum abrigo, um toldo de armazém, uma senhora voltando pra casa com os ingredientes de uma sopa de tomate, um velho sentado na soleira sem esperança nenhuma, sequer torcendo pra chuva passar. E eu não sei mais se a tempestade vai passar. Eu nem sei mais se há um lugar no mundo pra sujeitos estranhos que decidiram não mais retrucar a sorte. Mas eu ainda não sou o velho sentado na soleira. Então é melhor devolver a guitarra pro cara da loja e sair andando sem pressa, sem guitarra nenhuma nas costas, com essa chuva fria congelando minha alma negra. E esse buraco enorme que todo o whisky do mundo jamais vai preencher.
das 21:30 às 03:11.
Fora de si com a cabeça rodando no meio do asfalto.
As mulheres passam de mãos dadas com homens que nem olham nem reparam.
O mundo inteiro parece uma solidão sem fim.
Na rua tem postes bem distribuídos pelo espaço.
Na rua tem gente que ri fácil. É belo.
No bar eu e mais um que carrega um livro sobre a Jovem Guarda.
A lua é bela e eu sei disso sozinho.
Minha amiga me chama a atenção pra bela lua que perde seu encanto porque ela falou do que não precisa ser dito.
A rua fica deserta mesmo antes das 3:00.
Um cachorro para na esquina e rói um osso achado no meio dos plásticos.
É um cachorro que não late.
É um cachorro que não come os restos de comida de uma família completa.
Em casa a música e meu riso cínico.
Em casa eu estou livre dos outros que não sou eu.
Eu entro e cago com um copo de cerveja na mão.
Lá fora barulhos estranhos que poderiam ser tiros.
Lembro da garota bonita da peça de hoje.
Lembro das duas garotas bonitas da peça de hoje.
Lembro de mim mesmo:
Repito tudo pra mim mesmo:
O mundo é mesmo ótimo!
quinta-feira, agosto 23, 2007
quarta-feira, agosto 22, 2007
querido diário.
segunda-feira, agosto 20, 2007
<)*(>
Tava tudo certo aí sonhei com uma merda de uma noite de amor, sabe como é?
mundo.

domingo, agosto 19, 2007
Os olhos fixos
na mulher mais bela de todo o oeste.
(O oeste é tudo que existe e é uma pena que os idiotas não entendam)
Ela é uma mulata sensacional.
Uma mulata louca e com olhos de japa.
A única mulata pra quem entregaria minha alma.
Peitos médios e sorriso de boca inteira:
os dentes de cima
e os dentes de baixo
que mostram uma borboleta.
Eu a vi apenas duas vezes,
eu a vi no meio da multidão de dentes amarelos.
Ela nem estava alí,
ela voava a meio milímetro acima.
Olhando pra ela um velha certeza me invade:
A humanidade é mesmo uma tristeza desprezível.
sábado, agosto 18, 2007
quinta-feira, agosto 16, 2007
Querido diário.
Eu tô aqui com a minha cabeça e o meu pulmão ardido. Eu saio de casa, eu aperto os botões, eu volto pra casa, e volto de novo e de novo aperto os botões. Eu volto pra casa.
Diante da tela mais vontade que inspiração. Mas até aí tem aquilo que me disseram e repito: inspiração de cu é rola. O mundo é movido por esforço. A gente sobrevive por esforço. E por cisma também. Cisma que se melhora, cisma que se piora, cisma que ama, cisma que odeia, etc. Mas esforço é sempre mais legal na minha cabeça. Esforço é um puto que chega e diz: ó, não tem nenhum motivo pra fazer isso!, mas mesmo assim eu quero fazer e farei!
Esforço é um preto gigante com uma pica gigante e uma loira em quem ele bate. Inspiração é um velho a la Einstein, de cabelos desgrenhados e incapaz de amarrar o próprio cordão do sapato.
Sei lá: caga regras novos, apenas.
Tem também um coisa legalzinha que sou eu andando e vendo as casas de Botafogo. Acho casa do caralho. Fui criado em casa. Sou um cara acostumado a casa. É muito podre essas crianças de apartamento que ficam correndo no corredor minúsculo tentando gastar energia. Lembro da minha mãe dizendo: meu filho nunca case com uma mulher que passou a infância em apartamento. Elas são tão tristes...
Minha mãe é um gênio, não é?
quarta-feira, agosto 15, 2007
segunda-feira, agosto 13, 2007
quando os ossos acalmam.
Verdade Invertida.
domingo, agosto 12, 2007
Amor.
sábado, agosto 11, 2007
Contando uma história que nem é minha.
Eu tava parado. Eu sempre to parado. Não tem nenhuma novidade nisso pra quem me conhece. Mas quem me conhece não me interessa então falo isso que é pra ver se os desconhecidos se manifestam. Mas, voltando ao assunto, eu tava parado.
Eu tava no balcão com o meu livro da vez e bebia minha segunda cerveja. Tem livro que só se deve ler bêbedo se não não se entende nada de nada. Eu lia um desses livros e, de vez em quando, olhava pra TV que mostrava as coxas das mulheres. TV sabe das coisas. A TV só mostra o que eles sabem que interessam o mundo: mulheres, sexo e violência.
Do meu lado tinha um idiota que dormia. Nem tava bêbado, mas é o tipo que vai pro bar pra pegar no sono. Eu conheço essa gente. Tem vários desses por aí. Na mesa perto tinha um homem e uma mulher. Ele come e ela bebe - depois vem um monte de idiota dizer que bar é um lugar machista...é foda. Essa gente não sabe nada de bar.
Mas o que eu quero contar não é isso. Eu quero contar do telefonema que recebi. A merda do celular é pra isso: pra receber ligações idiotas em lugares que se vai pra fugir de tudo.
- Oi.
- E aí?
- Certo, ótimo. Que tá fazendo?
- Quer a verdade?
- Claro.
- To no bar bebendo com meu livro.
- Hum.
- O quê?
- Pensei em ir aí? O que acha?
- Não quero. Desculpe, mas não quero.
- Mas você prefere ficar aí?
- Prefiro.
- Idiota!
- Sim, eu sou idiota.
- Não te ligo mais.
- Tá. Beijos.
Mulher tem sempre essa mania. Elas se comparam com tudo. Se comparam até com o desejo de se beber sozinho no bar com um livro feito pra se ler bêbado. Tudo vira ofensa pessoal na cabeça dessas loucas.
- Sou eu de novo.
- Oi.
- Olha, desculpa.
- Sem problemas. Tá tudo certo.
- Tem certeza?
- Tenho.
- Você é mesmo difícil...
- O quê?
- Nada...deixa pra lá. Nem sei porque liguei de novo. Beijo.
Eu não entendo porque elas se repetem tanto. As vezes parece que tem uma única mulher no corpo de várias. Elas fazem tudo igual. Tudo. Um inferno.
Leio mais um conto do livro e a mulher que bebia enquanto o homem comia insiste em me dar cerveja. Eu aceito e pago a conta com mais duas que trago pra casa. Ela tenta me dar mais cerveja e eu não aceito. Ela fica revoltada e quer que eu beba. Eu não quero. Eu tento ser educado. Eu saio com a minha sacola enquanto ela resmunga hum, hunf, iiiiii.
Eu chego em casa e o de sempre. Com a sacola na mão eu ligo a máquina que carrega enquanto preparo um copo. Eu sento aqui. Eu escrevo essas merdas. Eu não preciso de muito.
ClicaCá - Blogue da Estrela L.
O Sim tem três letras
O não também
Talvez tem seis
Porque é a soma
do que os outros dois têm
A diferença entre eles é o til
Que o sim não tem
E o não tem sim
SIM OU NÃO
a gente só diz sim
ou não
e se, às vezes,
diz talvez
quer dizer
um desses dois
ou sim
ou não
pelo sim e pelo não
não diga só talvez
diga não
não não é talvez
diga sim
sim não é talvez
ou não
(Alice Ruiz/ Estrela Leminski/ Téo Ruiz)
sexta-feira, agosto 10, 2007
Coerência Interna.
quinta-feira, agosto 09, 2007
Eu olho pra frente e vejo
todas as mulheres,
todas elas,
todas que podem me dar.
Eu faço as coisas pra elas,
eu lambo as partes delas,
eu sou o amante da solidão que elas sentem.
A minha cabeça gira e sente prazer.
Eu repito: eu não preciso de nada,
eu não quero nada,
apenas noites afora chutando latas
e sonhando meias verdades.
Sou, enfim, a merda de sempre,
com a cara gorda de sempre
e com a falsa disposição generosa.
De novo eu mesmo e
toda minha capacidade de mentir.
De novo os sonhos rasos e
o falso medo da vida.
Agora eu e o mundo, adiante
com todas as mulheres e com todas as raivas.
Minutos de amor e minutos de ódio,
a paixão conta gotas do solitário que eu sou,
a meia bomba num pau mal amado e
o riso seco que encanta as minhas vagabundas.
O meu mundo é ótimo, meu bem,
e agora eu aproveito do que eu sei.
quarta-feira, agosto 08, 2007
E que venha A PEÇA PUNK!
(mate-me, por favor)
Pau mole.
Eu chego no doutor e sentencio:
- Meu pau ta mole, doutor.
- Como assim, meu filho?
- Assim mesmo. Mole. Uma desgraça.
- Mas me explique.
- Olha, doutor, eu posso até explicar, mas o fato é que ele tava mole na hora que eu precisava dele.
- Meu filho, mas isso não faz nenhum sentido...quantos anos você tem?
- 25.
- Então fique tranqüilo. Me explique direito isso.
- Porra, doutor. Eu queria ele lá pronto e ele me abandonou.
- Eu sei, eu sei como é, meu filho...mas preciso que me explique como foi pra eu tentar entender o que pode ser a causa...
- Assim, doutor, eu chamei uma garota pra ir na minha casa. Ela foi. Bebemos um whiskeyzinho de leve. Nada de mais. Uma ou duas doses em dois. No mesmo copo, sabe?
- Sei sim, continua.
- Então a gente se atracou e tal.
- Sei, sei. Mas, durante isso, durante os malhos, como é que era?
- Os malhos?
- É. Os malhos. As preliminares...
- Ah, ta...não, durante os malhos tava tudo certo. Meu pau tava duro e tudo...o senhor não se incomoda de eu falar pau, né?
- De maneira alguma. Continue.
- Então, tava tudo certo durante os malhos.
- Sim, mas quando ele ficou mole?
- Pô...a gente já tava tesudo e ela disse pra eu por camisinha...
- E aí?
- Bem, aí eu segurei os malhos mais um pouco e ela pegou a camisinha e eu o encapei.
- Sim?
- É. Encapei o bichinho.
- E?
- Pô, daí eu enfiei nela, né doutor?
- Ok, e depois?
- Depois ele ficou mole, doutor. Ficou mole assim. Foi ficando mole, parecia papel na água.
- Sei, sei. Mas você tava lá, copulando, e ele ficou mole, é isso?
- Não. Ela pediu pra vir por cima. Aí ela meio que me masturbou...e aí, nessa hora, eu saquei.
- Continue, continue.
- Nessa hora eu saquei que meu pau ia me abandonar.
- E?
- Como e?, doutor? Aí eu até enfiei nela, quer dizer ela enfiou ele nela mesma, mas já tava errado. Era uma meia bomba que não encaixava.
- Vejo, vejo.
- O quê, doutor?
- Fique tranqüilo, meu filho.
- Mas como assim? Sem nenhum exame?
- É. Foi psicológico.
- Mas não foi a primeira vez...
- Ah é? Como foram as outras?
- Não. Na verdade teve só uma vez antes.
- Continue, continue.
- Quer que eu fale da outra vez, é isso?
- Sim, sim. É importante.
- Da outra vez eu mesmo expliquei pra mim mesmo. É que era uma mulher assim, que até virou minha namorada. Sei lá. Acho que eu queria muito, sabe?
- Sei sim. Mas foi de camisinha?
- Sim. Mais ou menos do mesmo jeito. Duro e depois mole. Como água e papel.
- Ah...
- O que doutor?
- E dessa vez? Dessa vez não era uma garota especial?
- Não, de modo algum doutor...
- Mas você não tinha alguma coisa com ela?
- Como assim? Ela é minha amiga...
- É...eu sei...eu sei...mas você não queria dela algo mais?
- Assim, de namorar, por exemplo?
- É, por exemplo...
- Não isso não, mas...
- Mas?
- Mas é que ela sempre me desafiava, sabe?
- Sei, sei.
- Então.
- Olha. Acho que nem precisamos de exames. Isso ta muito na cabeça. Fique tranqüilo. E camisinha é fogo, rapaz. Tem gente que tem alergia a camisinha.
- Meu Deus.
- Pois é. Tem gente que tem alergia ao látex. Funciona como osmose. Tem uma substância no látex que é capaz de penetrar na pele e afetar a ereção. Mas isso é 1 em 100.000. Você já fez sexo com camisinha?
- Sim.
- Até o fim?
- Sim.
- Então esse não é o seu caso. O mais comum é mesmo o lado psicológico.
- E, então, doutor? O que eu faço?
- Olha, não tem muita saída. Você tem que ficar calmo e não pensar em agradar. Tem que esquecer que quer agradar aquela pessoa.
- Mas não tem nada que possa me ajudar, doutor?
- Olha, os remédio pra isso funcionam num caso assim, mas apenas pelo fator psicológico mesmo. Não vale a pena você usar.
- Então me fala, doutor? Me fala o que eu faço pra facilitar a minha vida?
- Quer mesmo saber o que eu acho?
- Claro. Sim.
- Arranje uma mulher legal e namore com ela e depois de 3 meses de fidelidade façam um DST completo e esqueçam a camisinha...
- Mas, doutor...
- Camisinha é uma desgraça, meu filho. É um mal necessário. Mas pra fazer um sexo bom o melhor mesmo é que você ame a sua parceira...
- Mas...
- Olhe, meu filho, eu sei que isso não é simples, mas isso resolveria tudo.
- Sei, sei.
- Mais alguma coisa?
- Não....acho que não...
- Então fique tranqüilo. Arranje uma mulher legal que tudo dá certo...
- É...
- Você sabe.
- Sim, eu sei.
Saí do consultório e liguei pra minha amiga:
- Olha, acabei de sair do medico e ele me disse que a culpa foi sua...
- hahahaha....
- É sério. A culpa é sua porque a gente não se ama.
- Hahahhahahahaha...
- Você vai ficar rindo, é?
- Hahahaha...como assim?....hahaha...o que que que eu faça?...hahaha...que eu te ame...hahaha...
- Credo. É. O doutor tem razão: eu preciso é de uma mulher legal...
- Hahahaha....
Eu desligo o telefone. Eu vou pro meu bar e penso: “mas afinal, quem pode ser assim tão legal?”.
(para ler com a voz rouca de cigarro)
terça-feira, agosto 07, 2007
segunda-feira, agosto 06, 2007
pelo prazer da rima.
domingo, agosto 05, 2007
- O fato é que eu to exausto. Faz muito tempo que eu to por aqui e isso só piora. Eu não tenho que aguentar certas coisas, eu não tenho que aguentar certas pessoas. Tenho? Porque se for sempre assim é melhor sair da casinha e olhar a janela. Eu não sei porque ela quer que eu seja isso. Quando ela me conheceu eu já era assim, não era? Eu ficava do lado dela, eu pegava a mão dela, eu dizia meu benzinho. Era bom isso. Ela gostava também. Mas acho que teve algo que deu errado, entende? Alguma hora eu deixei que algo passasse despercebido. Eu não sei ainda onde foi. Mas coisas desse tipo tem essa coisa, não tem? Num segundo, num micro segundo, você olha praquilo que sempre olhou e nota que algo morreu. Não é assim? Não é rápido assim? Uma vida inteira que se afoga num micro segundo. Eu penso muito nisso.
- Você pensa muito.
- É, pode ser. Mas eu não consigo parar de pensar. Eu vim pra cá já faz bastante tempo. Eu vim por causa dessas coisas porque na época era tão claro eu vir pra cá. Mas agora eu nem sei mais o que eu to fazendo aqui. Aqui nem tem mais as coisas que me trouxeram pra cá, entende? Eu queria mesmo entender quando a coisa se perdeu, em que momento. Eu sei que não adianta mais. Eu sei que a gente não recupera. Mas é como se eu fosse ser outro se eu soubesse disso. Po, eu já mudei tanto, sabe? Eu nem noto assim, mas quando eu lembro de mim a uns anos atrás eu vejo que eu mudei muito, muito mesmo. É claro que é bom e tudo o mais, eu fiquei mais esperto, não fiquei? Mas mesmo assim eu fico pensando: e se eu tiver me enganando a todos esses anos? E se esses 10 anos foram um grande erro? Porque esse tipo de coisa acontece e nem adianta dizer que isso é parte das coisas e que é assim mesmo. Não adianta. Esse erro já foi muito longe e ocupou muito tempo.
- Mas talvez nem seja erro.
- É. Talvez um monte coisa. Talvez sim, talvez não. Talvez. Talvez é um saco. Eu não gosto dessa coisa do talvez, eu nunca gostei, não acho bonito o talvez, o pode ser ou o que tiver de ser, será. Sei lá. Eu só quero sacar isso. Saber quando a coisa se perdeu. E aí, e só aí, eu vou ver o que fazer. Porque eu vou fazer alguma coisa sobre isso. Isso eu vou fazer. Vou mesmo.
Aqui de dentro posso ver o que nem disse e o que nem pensei. Aquela moça que passa me pisca os olhos. Os dois. E pisca bem devagar e esboça um sorriso e passa pra que eu nunca mais a veja. Depois, e ainda sentado, vem duas outras que não são ela e que me dizem 'saudades' e coisas do tipo e falam da época boa da vida como se fossem senhoras de 70 anos. Elas sorriem tanto quando reclamam de tudo e eu vejo as mãos de uma delas que tem uma unha bonita e que já me arranhou e que, até onde eu lembro, arranham muito bem. Elas seguem adiante e me convidam pra uma festa que eu não topo. Eu só parado. Eu só olhando.
Na volta pra casa eu sacudo empapussado dentro do veículo que carrega também um casal que briga sussurrado tentando ser discreto, mas nem adianta. Ela reclama de algo que ele tenta a fazer esquecer. Não adianta. Nunca adianta. Elas nunca esquecem, eu penso.
No caminho entra outro com duas latas na mão. Abre uma sonora e diz: é isso o bom, esquecer as tristezas e beber uma cervijinha. Eu aceno com a cabeça. Eu concordo mesmo com ele.
O veículo me deixa mais próximo do que eu esperava. Eu subo aqui, eu aperto os botões, eu lembro que todos têm razão.
sábado, agosto 04, 2007
sexta-feira, agosto 03, 2007
depois de ontem.
(EM VOZ ALTA E CALMA)
Sacando o tempo passar reparo que até as plantas mudam de posição e eu fico pensando na vida e penso que a vida realmente pode ser boa. Preciso do que? Preciso ler alguma coisa e leio alguma história e depois vejo que o mundo é bom.
Não quero ser um cara de sucesso, não quero ser um cara pop. Quero apenas levar minha vida e, na medida do possível, quero viver a vida em paz.
Não tenho a ambição do reconhecimento. Quero apenas que de quem eu gosto também goste de mim. Não quero agradar ou atingir a todos. Minha matemática é simples e vulgar.
Do que quero posso apenas dizer que quero descolar uma mulher bacana porque isso eu quero mesmo. Não porque juntos seremos felizes pra sempre, mas porque acredito em parcerias e acho que o amor(ou qualquer nome que seja) é capaz de coisas incríveis. Acho que ter uma família com a pessoa amada deve ser uma experiência do caralho. Assim como dividir os salários para comprar coisas pra casa e etceteras.
Quero continuar com meu teatrinho agressivo que aparenta aquilo que eu nem acho e que me faz ter certeza que o mundo é, de uma maneira surpreendente, muito mais moralista do que eu. Porque aquele teatrinho lá só debocha das coisas sérias pra afirmar que essas coisas são realmente sérias e não o contrário, o que, acho, que nem sempre é bem compreendido - mas também ser compreendido é coisa pra publicitário e não pro meu teatrinho.
Quero que tudo seja assim e não quero ser esses caras que vivem dizendo que o tempo é curto e que não têm tempo pra nada. Quero meu salário médio e minha vida média. Quero a paz possível que eu possa ter.
E só.
A casa verde com muita gente. Tudo muito divertido, tudo muito eufórico. Tinha esquecido dessas coisas. Dessas coisas que meus pais me ensinaram que é o prazer de receber gente em casa. Meus pais sabem das coisas. Há qualquer coisa numa festa de muito inexplicável: animais juntos que celebram qualquer coisa. Uma gratuidade ótima, quase o sentido da vida. A festa, o regalo, podem ser o sentido da vida.
Numa festa todos são felizes. As pessoas que reclamam da vida numa festa não entendem nada de festa, não entendem que festa é isso: é fazer de conta que tudo é ótimo e tal. É farsa coletiva e bem resolvida, sem culpa, sem explicação. E, pelo menos pra mim, ninguém reclamou da vida durante a festa, de forma que foi tudo perfeito.