OS ARREPIOS AUMENTAM CADA VEZ MAIS. MEUS OLHOS BAIXOS COMEÇAM A LACRIMEJAR. OSSO DÓI, PANTURRILHA DÓI. TUDO BEM DEVAGAR. MEU CORPO EXISTE, EU PENSO. PENSO: MEU CORPO EXISTE MAIS DO QUE EU MESMO. TONTO. CANSADO. VONTADE DE NADA. A VIDA É SIMPLES, EU LEMBRO.
ÉTUDOSOBREMIMEMINHASMENTIRAS
Olhando pro nada eu chego quase longe. Eu não tenho todo esse interesse nas coisas que eu vejo nos outros. Eu entendo de inveja e de raiva. Eu entendo de ninharias e de apatia. Meu mundo é simples e eu poderia ser tranqüilamente um catador de conchinhas idiota e com pernas tortas.
terça-feira, julho 31, 2007
Frio Filho da Puta.
Ondas de frio nas costas.
Meu pau mínimo na samba canção.
Vontade de nada. Insuportável ficar na frente do computador.
Deito de novo, bem enrolado e com meus cabelos cheirando meu novo shampo.
O mundo é quase perfeito.
segunda-feira, julho 30, 2007
E Bob também disse
(do filme no direction home)
Puta que la merda!
Puta que la merda! Um monte de panaca na minha frente! Um monte de mulher louca me querendo pra marido! Puta que la merda! A porra do telefone toca e a vadia me diz um monte de merda. Não dá. Não entendo e já disse: fora, bayb, fora, vaca. Não posso ser mais claro, posso? Beijo uma boca nova que nem conhecia, ok? Uma boca nem carnuda nem nada. Uma boca fina e mais gelada que a média, certo? Mas uma boca nova. É disso que se trata: outra carne pra comer, outra língua pra passar nos mamilos. Agora eu aqui. É assim. Eu volto e faço o de sempre: meu pau melado e eu lembrando da cara de sacrifício que essa vadia fazia. Puta que la merda! Não sei o que era daquilo. Por que faz essa merda de cara? Nem entendo. Mas meu passarinho diz que ela acha que me comove. É foda. Mania que mulher tem de tentar te comover. Nem dá, ora bolas, nem dá, meu santo caralho. Aí, eu sou legal, não sou? Eu sou paciente, não sou? Eu explico tudo, não explico? Pois é. Nem adianta. Mal ponho o pé em casa e a porra do interfone toca. Bomba, já sei. E agora? Agora nada. Que se foda. Não atendo. To fora. To no Coimbra. To na puta que pariu, mas não to em casa. Não agora, pelo menos. Pô, sou tão claro que nem sei. Talvez eu faça um contrato e exija firma reconhecida e o escambau. Nem tenho pau pra isso tudo. Meu pau mole que nem sempre me obedece. É foda.Tem o que? Tem nada. O que se quer nem dá pra se ter assim. Acho que ninguém entende nada. Eu entendo sim e por isso vou aí, andando aí, as mãos nos bolsos, olhando pro chão que é pra garantir que não encontro ninguém. Minha paz é eu aqui, tá certo? Eu aqui sozinho, sim? Eu aqui, eu mesmo, eu só. Eu eu eu. Ninguém pra me tirar de mim. Eu e meu saco babado. Eu e meu pau melado. Um cigarro na mão e o computador ligado. Entende? É só disso que eu preciso. E uma música também. Nem é muito o que eu peço.
domingo, julho 29, 2007
5° Avenida.
(enviado especial)
A Rainha-Xota se apresenta sempre às 21:00 num pequeno teatro. Quando chego a Rainha-Xota tá no palco e tá belíssima no seu belo vestido vermelho purpura. Ela canta muitas canções antigas e três canções novas e surpreendentes. A Rainha-Xota conversa com a platéia:
- Durante muitos anos nessa vida as coisas passaram despercebidas. Eu não tinha controle de nada e deixava me levar facilmente por escórias que hoje me pedem favores que eu faço questão de negar. Quem não negaria?
E começa a cantar seu clássico: "ninguém me ama, ninguém me quer, ninguém me chama de meu amor". A platéia vai ao delírio e joga rosas no palco para grande comoção da Rainha-Xota que diz:
- Durante muitos anos só recebi espinhos...
E começa a chorar convulsivamente e pede desculpas entre lágrimas que borram seu rímel. O vestido vermelho purpura da Rainha-Xota está molhado das suas lágrimas coloridas pela maquiagem. Os enfermeiros entram. Tiram a pressão da Rainha-Xota que insiste que é capaz de cantar o bis. Ela canta:
sábado, julho 28, 2007
sexta-feira, julho 27, 2007
cançãozinha
doce
brisa
de
uma
voz
que
me
alisa
em
nós
que
me
acalma
em
vós
que
me
cabe
a
sós
que
me
tira
o
ar
que
me
faz
não
ter
pressa
pra
ver
o
tempo
passar
(refrão 2 x)
doce
brisa
desse
vago
luar
quinta-feira, julho 26, 2007
grande-eloqüencia.
quarta-feira, julho 25, 2007
terça-feira, julho 24, 2007
2 MOTIVOS PARA LER BUKOWSKI
reencontro
segunda-feira, julho 23, 2007
todo controle do mundo.
domingo, julho 22, 2007
morte anunciada: lembre de mim com carinho.
Daqui a pouco vou ver alguma coisa de muito terrível porque você estará lá e eu não estarei lhe acompanhando. Sua pele estará linda como sempre e você estará com aquele seu belo sorriso angustiado, mas mesmo assim feliz. Você não vai me ver porque eu serei uma pequena mosca a incomodar seus convidados, ou ainda, e isso seria o ideal, uma pedrinha no seu belo sapato novo. É só isso que eu sempre quis ser: uma pedrinha.
sábado, julho 21, 2007
mundo vasto mundo
O que que essa gente espera da porra da vida? Eu não entendo, eu sou ignorante. A vida não chega a lugar nenhum e é por saber disso que eu me sinto bem e livre. Eu não entendo essa expectativa louca pelo o que a vida vai ser. A vida está sendo e é assim mesmo. As glórias passam rápidas e nem são mais ou menos que as derrotas. É coisa parecida, aquele papo de faces da mesma moeda.
A vida não chega a lugar nenhum e nem deve chegar. A vida é um abstração louca se a gente pensar nela como um objeto. Não há nenhuma ambição realmente necessária pra vida. Eu entendo muito bem, por exemplo, as pessoas que querem ficar ricas. Isso é lógico, isso faz sentido, é palpável: com dinheiro tenho mais coisas, com mais coisas me sinto bem. Isso me é claro: só se trata de se sentir bem e olhem, e reparem, se sentir bem é tão vago quanto se sentir estranho.
Eu não entendo esse esforço louco pra emplacar, essa necessidade de ser reconhecido para que, enfim, se sinta vivo e bem. Seja pleno e não ligue pros outros. Que são os outros, oras? Um monte de chato que fala de suas próprias alegrias como se você tivesse que ficar alegre também. Eu não fico alegre com seu novo emprego e nem fico alegre com o seu novo amor. Que se dane. Que se foda. Eu fico alegre de saber que eu não preciso desse reconhecimento tacanho e de vitrine. Eu fico alegre só por mim mesmo. Cada generosidade idiota. Mania de amar o mundo que não chega a lugar nenhum e que ainda exige que o mundo te ame também. Isso sim é uma derrota.
Eu prefiro mesmo é o de sempre: a cerveja, os vagabundos, os cigarros e os papos fúteis dos bares de solitários. Nada de chegar a canto algum, nada de resultado com a própria vida. Viva bem e só. E viva bem apenas porque viver bem é melhor que viver mal. Tenha clareza apenas de si porque fora disso é o inferno e a guerra de coisas que nem sempre te dizem respeito.
O meu desejo é apenas morrer velho, bem velho, e com um riso torto na cara. Mas se pra morrer assim eu tiver que fazer contas eu to fora, eu morro antes. Nada de vidinha de sim, não e talvez. Quero apenas as bobagens que me agradam e as bucetas que se abrem pra mim.
307.
A noite é longa e eu to virando os meus olhos para o nada. Eu pego o cartão. Eu ligo.
- Número 307.
- Certo. Endereço?
A vida é simples, eu penso. Algum dinheiro a mais e algumas doses também. Eu recebo outra ligação?
- E aí?
- Opa.
- Tudo?
- Sim. E você?
- Também. Então que tal isso e aquilo?
- Nem posso. To esperando visita.
- Ah...
- Pois é...se eu soubesse.
Mais uma dose e o tempo passa que é uma maravilha. Será que espero?, eu penso. Eu espero, eu bebo, eu escrevo. Eu me empolgo comigo mesmo, eu penso. Graças a Deus, eu penso. Eu paro um pouco e pego um livro chato pra ler. Eu leio com calma enquanto ingiro meu liquido sagrado. A campainha. Eu abro a porta. Eu, as vezes, abro a porta pra pessoas que não entram, eu penso. Eu fecho a porta pra pessoas que querem entrar, eu arrumo o pensamento.
- Boa Noite.
- Boa Noite.
- Como é que vai ser...?
- Hahaha...
- O quê?
- Você quer alguma coisa? Eu to tomando wiskey, mas tem vinho também. Quer? Eu posso pedir cerveja também...
- Hahahaha...
- O que?
- Pode ser vinho.
São coisas novas na minha vida. Eu não estava preparado pra isso, mas eu fiquei pensando nas experiências como motes pra escritas e agora tô aqui. Irônico, eu penso.
- Você sabe que tempo é dinheiro, não sabe?
- Hahah...sei sim...
- Olha, bonitão, eu não to entendendo...
- Hahahaha...é isso mesmo. Fique calma.
- Tá certo.
Eu já sabia que esse tipo de papo era bom. Eu já entendia que elas entendiam certos tipos de coisas, mas eu estava encantado. Era cedo. Eu podia mudar de assunto, mas nem era o caso. Eu ficava rindo e enchendo os copos, rindo e enchendo os copos.
- Calma.
- O que?
- Como o que? Não tá vendo?
- Hahahahaha...
- Hahahahaha...
- Tá tudo certo.
- Eu sei...Hahahaha...
As horas passam rápido e tempo é mesmo dinheiro. Cada coisa que se pode fazer. As possibilidades são tantas que até me ajudam a entender porque faço tão poucas coisas e com tão pouca gente. Eu penso isso. Eu digo isso.
- É assim mesmo. A gente nunca sabe bem como é que as coisas são. Achei um monte de coisa antes. Mas agora não. Sabe? O mundo é grande, bonitão.
- É. Eu sei. O mundo é grande mesmo.
Eu volto e vejo tudo que eu tinha escrito e apago. Nem sempre tem coisas a serem ditas. Essas coisas por exemplo, eu penso.
sexta-feira, julho 20, 2007
quinta-feira, julho 19, 2007
excessão.
quarta-feira, julho 18, 2007
eu não resisto, eu não resisto.
terça-feira, julho 17, 2007
3 -
A noite na cidade
depois de um dia de chuva.
As poças se acumulam nas ruas
e refletem as luzes dos postes.
Eu-adoro-eu-vejo-o-brilho:
O asfalto molhado também reflete.
O som dos pneus que passam.
A aderência frágil da borracha na pedra.
(Sim, sim, são coisas antigas, meu bem)
Hoje nem há lua no céu,
mas é assim
eu nem preciso da lua,
eu repito:
' meu bem, meu bem, eu nem preciso da lua'.
Tá tudo certo agora,
uma cerveja aqui perto e
a vista calma que observa o mundo vazio.
(Eu já te disse que o mundo é bom, não disse?
Eu já te disse que eu te salvo, não é?)
Eu passeio com as mãos nos bolsos
e vejo os ratos que se agitam.
É dia de chuva, bayb, e as tocas molharam -
os ratos sabem das coisas e
saem das tocas
e passeiam no asfalto,
eu penso.
Volto pra casa com as minhas asas arriadas.
Eu vôo olhando
os meus pés
que correm no chão.
É-assim-que-se-anda-é-assim-que-se-voa.
'Bayb, bayb, você ainda não me conhece'.
segunda-feira, julho 16, 2007
domingo, julho 15, 2007
sábado, julho 14, 2007
sexta-feira, julho 13, 2007
quinta-feira, julho 12, 2007
A origem de um jovem arrogante.
1
Era uma negona bem típica. Nariz negróide, beiço exagerado, bunda gorda. Ela tinha quase trinta, acho que vinte e oito. Eu tinha 16 recém feitos e tava em São Paulo. Era bem simples. Foi ela que me ensinou a trepar.
2
Eu era um semi-virgem. Tinha perdido o cabaço, mas só tinha trepado uma vez. A buceta ainda era um mito. Uma coisa. Eu ainda tinha medo de buceta. A possibilidade de uma buceta se abrir pra mim ainda era uma ameaça.
3
Ela me educou. Ela me tratou como um rei. Ela me dava segurança. Ela dizia: “Seu pau é grande, seu pau é grosso. Você me deixa maluca. Teu pau é a coisa mais gostosa que existe e nem quero ver quando você for mais velho. Me come, cachorrão, me come.” Esse tipo de coisa é muito importante pra um semi-virgem de 16 anos. Eu acreditava em tudo e me sentia ótimo.
4
Ela falava sacanagens. Ela elogiava meu desempenho. Ela me anunciava como um deus do sexo. Ela me educou. Ela era uma piranha deliciosa. Ela dizia tudo que com 16 anos se precisa ouvir. A gente trepava sempre e em qualquer canto: rua, construção, motel furreca. Uma beleza.
5
E teve o dia que eu perdi o medo da buceta. Ela era preta. Uma negona bunduda e vulgar, uma maravilha. Era mais velha e me tinha como aluno. Então eu vi, num dia, eu vi. A buceta dela. Não a buceta, os pelos. A buceta dentro. Na carne de dentro. Com a cor que tem a carne de dentro. Uma cor de mistério. Eu digo rosa, mas tem gente que diz roxa. Uma cor com luz própria. Uma coisa louca que, no caso dela, contrastava berrantemente com a cor da pele. A pele preta e a buceta rosa. Deus existe. Deus é bom. A coisa branca que escorre no meio da profusão de cores.
5 e ½
(é uma cor sem definição e, pra mim, está mais próxima do rosa cintilante. Porque é uma cor viva. Viva e que transborda. Uma cor que só vendo pra tentar entender. Uma cor que brilha, que reluz. Uma cor coisa e que nem dá pra olhar com indiferença. Um dia, pra uma mulher amada, eu disse: 'olhe, olhe sua buceta, veja a cor dela, veja isso, tente entender'. Acho que ela nem entendeu, mas ta tudo certo. Eu lembro mesmo é da coxa gorda e preta que minha educadora tinha e lembro de como a buceta dela reluzia no meio daquilo. Brilhava e dizia 'vem, vem, cachorrão'. Uma delícia. Eu ia.)
6
Porque depois de tudo eu perdi o medo das bucetas. Elas precisam de mim assim como eu preciso delas. Buceta amada é a única diferença possível. Mas buceta sempre brilha mais ou menos. E buceta é sempre bom. A diferença da buceta amada é que ela brilha mais. A luz dela é mais própria e mais aconchegante. A diferença da buceta amada é o olho no olho, o beiço no beiço, o milagre eminente. A buceta amada pode sempre ser a buceta mãe. E isso não é simples. Não é mesmo.
quarta-feira, julho 11, 2007
Quase lá.
meu bem,
a mulher certa abre
a perna como ninguém.
Ela tem 30,
ou pouco mais
ou quase 30.
E abre a perna
e lambe os beiços
e chupa os bicos.
Ela nem precisa,
mas ela topa.
Ela sabe quem é,
ela não
prova
ou
desaprova,
ela topa, ela topa.
Ela se entrega
porque sabe
o que é bom,
ela não inventa
o que não quer.
Ela sabe,
ela tá resolvida,
ela tem 30
ou quase 30
ou 30 e poucos.
É mulher.
terça-feira, julho 10, 2007
Meu estômago tá queimando de excesso de café. É uma azia filha da puta, mas que me dá uma sensação de vitalidade difícil de explicar. Claro que tem a cafeína, mas eu conheço a sensação da cafeína. É diferente. O que tá me dando essa coisa é a azia mesmo. Ela aqui me lembrando que eu existo também nas minhas entranhas. A azia. Hum. A azia e minhas entranhas.
" Tão longe, tão perto."


" Vocês, vocês a quem amamos, vocês não nos vêem. Vocês não nos ouvem. Vocês nos imaginam tão longe. No entanto, estamos tão perto. Somos os mensageiro que aproxima os que estão longe. Somos os mensageiros que trazem luz aos que estão nas trevas. Somos os mensageiros que trazem a palavra aos que perguntam. Não somos a luz, nem a mensagem. Somos os mensageiros. Nós não somos nada. Vocês são tudo pra nós. "
segunda-feira, julho 09, 2007
querido diário.
domingo, julho 08, 2007
Madame Bela

sábado, julho 07, 2007
sexta-feira, julho 06, 2007
Você me olha. Pela primeira vez. Agora. Assim. Seus olhos são dois planetas. Duas bolas grandes envoltas em capas finas. Você tá aí. De repente é o que vejo: você está lá. Tá quase entregue. Não está entregue, mas é como se estivesse. Acabaram os recursos e as formalidades. Eu queimo nos segundos que passam. Sou atravessado e nem sei. Lembro do sonho de antes: um sonho besta que nem contei.
Assim: Você era maior do que eu e me olhava de cima e ficava sorrindo só com a boca escangalhada. Você não tinha dentes e sua boca era tão vermelha que eu não sabia se aquilo era sangue. Se aquilo era sangue da perda de dentes. E você ficava lá em cima com essa boca assustadora e de repente você piscava bem lenta e quando o olho voltava ele estava todo branco, como que cego, como se tivesse leite injetado. Então, com seus olhos de leite, você começava a abrir a boca e eu via suas gengivas sem dente que sangravam e você abria a boca cada vez mais e, assim, abrindo a boca assim, você começava a se engolir, como que virando do avesso. Sua boca escancarando e engolindo você mesma. Você tinha virado uma bolinha, uma coisa bem pequena que nem era tão redonda, mas era como se fosse. E essa coisa pequena, que era assim, era teu olho de verdade, teu olho de verdade que é azul e medonho. Eu nem sabia o que fazia. Eu olhava você que era uma bolinha que era seu próprio olho que me olhava. Eu estava parado e você mexia lá dentro do olho que você era agora. E era como se pedisse ajuda, como se dentro daquele olho você fosse um serzinho completo, mas com milímitros de tamanho. Mas eu não te ajudava porque eu achava que se eu rasgasse teu olho que era você agora eu teria tirado você daquela bolinha, daquela bolinha estranha, mas que te protegia. Como se ali dentro fosse seu habitat e tivesse um oxigênio especial para sereszinhos milimétricos. Mas lá dentro você estava triste e queria ajuda, mas eu não sabia o que fazer. Eu pensava assim: se eu a ajudar eu a mato e eu não quero que ela morra, melhor ela lá que ela sem existir. E você sofria lá dentro, você agonizava lá dentro e eu nem podia fazer nada.
quinta-feira, julho 05, 2007
2 -
A noite na cidade
vejo a metade da lua,
antes amarela de poluição
e depois branca como é.
Eu ando veloz até em casa,
eu quico no chão e vejo
a gente que passa.
Cada olho me olhando,
cada jeito de se andar.
Eu canto alto no caminho
e canto musica que invento
e musica que existe -
elas sempre se confundem.
Passa o Rio- Sul e
passa a gente do Canecão,
gente estranha que parece
os chatos do Leblon.
Chatos de lá e
que nem quero saber.
Eles brigam com o garçom,
eles reclamam seus direitos.
Eu ando até aqui,
e depois tem vinho
e tem cadernos.
Eu repito sempre pra você,
pra você mesma
e que sabe quem é.
Bayb, o muito tem solução,
eu repito: yé yé yé.
quarta-feira, julho 04, 2007
anotação que achei ao acaso
Gosto de quando elas dormem nuas em dia de calor. Horas e horas a olhar o corpo inerte, entregue, cansado. Elas fazem caretas, fazem beicinhos enquanto dormem. Gosto muito de incomodar o sono das belas mulheres. Cada expressão que elas fazem. E assim, no sono, toda expressão é mais verdadeira. Bicos, tremores, coceiras. Uma beleza.
terça-feira, julho 03, 2007
Roberta, entre tanto.
Nem te digo nada e já chego chegando e berro: no teu ouvido: nada. Nem te digo e nem te conto. Cada susto é um pulo no abismo. Sim. Donos de si e sem abalos. A lua no ceú não pode me fazer falta. Eu chego chegando e sei do que quer. Eu fujo dela. Eu fujo de você. Todas loucas a esperar os príncipes idiotas e atléticos. Eu tô fora dos seus sonhos loucos de vida curta. Eu to fora dos sonhos dela de vida longa. Nada de mais, mas eu nem te conto. Todo teu esforço é pra sentir algo novo. Todo o esforço dela é pra parar de ser ela mesma. Eu berro: nada. De tudo um pouco, cinema pra ver o que vê, teatro pra lembrar do que faz. Sim sim sim. Eu chego chegando e quero é enfiar o pé no peito. Escangalhar o sorriso da tua cara. Sua lágrima vaidosa eu já chorei, o teu amor muda apenas de objeto. Ama um e ama outro e repete as mesmas lamurias. Eu nem te digo: você com sua doçura, você que nem sabe que você é você mesma. E que nem é quem deveria ser. E que nem é a mesma de outras histórias. Sim sim. Os beijos são bons, os ataques e os carinhos e toda a vontade de morar no campo. É isso, princesa chorona, você quer criar galinhas e fazer bolo de fubá. Tanto faz com quem, tanto faz porquê. Cada um inventa o que pode e leva adiante do melhor jeito. É sempre pra sobreviver. Pra resistir. Beija na boca dele agora, beija e lembra de mim. Deixa que ele te pegue nas coxas e mostre os caminhos que já fiz. Teu corpo marcado pelas minhas mordidas e teu corpo sugado pela minha língua. É tudo semelhante se o que se ama não é o que se tem. Eu nem te digo e sempre repito: eu chego chegando e me nego a ter pena.
segunda-feira, julho 02, 2007
bukowski poemas.

domingo, julho 01, 2007
1 -
A noite na cidade
a lua é linda e eu nem dou pelota.
Eu não preciso da lua. Ye.
A lua é apenas um ganso no céu,
eu penso e repito:
- a lua é apenas um ganso no céu.
A senhora da minha frente sorri,
- mas os gansos tem penas.
- e a lua também minha senhora.
Ye. Ela sorri de novo e tá tudo certo.
É uma delícia esse vento no meu cabelo desgrenhado,
eu sou só, eu e meu livro,
todas as paisagens são para mim,
tá tudo certo. É uma maravilha.
Eu to lendo essas belas histórias,
eu e meu livrinho e o mundo é perfeito.
Sim, sim, a moça bonita do meu lado,
hum, coisa rica, hum, pele boa.
Ela repara em mim e eu nem dou pelota.
Ye. Eu não preciso dela,
mas eu gosto que ela me olhe assim de soslaio,
eu gosto disso, ye, ela me olha e eu faço minha cara
não preciso de você e ela adora minha indiferença.
Ye. Eu to aqui com minha histórinhas e ela quer saber o que eu leio.
Eu não deixo, eu sou bravo, eu mando. Ye ye ye.
O ônibus tá veloz no aterro,
essa é a vantagem do aterro,
eu adoro a velocidade e o vento que ela me põe na cara.
Ye, o mundo é bom, bayb...e eu posso provar.