sábado, junho 30, 2007

porque ler buk é bom.

Quando eu vi ela dançando é que eu tive a certeza. Vou comer essa piranha, vou sim. Ela dançava mal pacas. E cansava fácil e insistia naquela dança estranha que era um pular sem parar. Maravilha, eu pensei. Essas mulheres fracas me agradam. Ela é bem vulgar. Tá com os olhos pintados e as unhas também. Tem uma mão bonita pacas, mas é uma mão grande demais pra uma dama. Mas é isso. Ela não é mesmo uma dama. Ela é agora a minha vagabunda. Isso, vamos sair daqui, lá em casa a gente vê como é que fica. Ela nem diz nada, mas me segue. Maravilha. Tá tudo ótimo então. Na rua as luzes brancas dos postes faz com que eu a veja melhor. Ela até que dá um caldo, um caldinho eu penso.
Em casa eu logo ponho um cd da pesada. Um cd que me foi dado por outra. É isso. Eu adoro minha perversão solitária. Enquanto ela me chupa rola a música. É assim que é. Eu ouço a música e enquanto sou chupado por uma lembro da outra e trepo como se estivesse trepando com as duas. Uma maravilha nossa imaginação, não é? Ela só ri e me pergunta o que o safadinho tá imaginando e eu nem dou trela. Nada de mais, meu benzinho, nada de mais. Sou um amante esforçado, gosto de agradar minhas fêmeas, sabe? Ela sempre ri. Tem um riso bom. Riso de piranha meio escangalhada, mas que revela que ainda há esperança. É isso que eu adoro em piranhas. Em algum momento a gente percebe naquela merda que elas são um resto resistente de ternura. A ternura de uma piranha é algo que nenhuma mulher decente alcança. As mulheres decentes só têm ternura para si mesmas, elas são limitadas e só se entregam em doses homeopáticas. Ela gargalha quando eu falo isso pra ela e ela diz que adorou a música do nosso sexo. Eu gargalho e ela diz eita imaginaçãozinha, hein?
Piranha esperta e vulgar. Coisa fina pra uma noite solitária e que podia acabar mal. Quando ela acorda eu lhe agrado. Digo assim: fica assim, meio dormindo. Eu vou te siriricar e depois te faço um café. Ela sorri. Adoro o sorriso das mulheres quando acordam após um noite de foda. É. A estratégia de siriricar sempre dá certo. Depois que ela goza ela me olha com aquele olhar de gratidão. Nada melhor que isso.
O café é forte ela diz. Eu sempre faço assim. Café de macho. Sim, sim, café de macho. Ela bebe e se arrepia. Uma coisa, uma beleza ver ela se arrepiando com meu café de macho. Beijo na boca com gosto de café. Ela insiste em beijar e eu beijo também. Nada de sexo, só beijo. Beijos longos com gosto de café. Uma delícia. Ela ainda tá meio amassada, cabelo desgrenhado. E beijamos e beijamos. Hum hum. Nada de sexo. Só beijo.

sexta-feira, junho 29, 2007

a única verdade.

O mundo passa em paz e é só disso que se trata. Tudo tão simples que até precisa de explicação. Mas não. Nada disso. A vida e as coisas já estão acontecendo enquanto a gente pensa em tudo. É o carinho de agora e o não saber de depois. Mas isso é a cabeça que gira e não a vida que rola. A vida que rola segue e segue bem, as conta gotas existem só no susto. Eu não temo isso porque isso que já existe é mais legal que qualquer temor. Explicar pra si mesmo faz sentido quando achamos as testemunhas certas. Mas testemunha por testemunha sempre existem as testemunhas mais simples. E simples não somos. E simples nem é o caso.
O bololô é o caso. A confusão é o fato. Dia e dias falando sempre, quase vício, quase ódio e quase amor. Delícia de se entregar pra tempestade. E desse jeito tão reto, tão pingos nos is. Eu não me poupo de nada. Meus receios são as nossas vitórias, se é que você me entende.
E se não entende eu me recuso a explicar. Porque o prazer é esse, encontrar seus pares e consumi-los. O mundo justo de um conto de fadas. O que importa, não é? Pouco importa e, sabendo disso, eu digo e eu berro todas as minhas certezas passageiras.
Querer bem é querer bem. Querer perto é querer perto. O resto disso é um além que não chego e, porque não chego, não me importa. É apenas agora que tudo acontece e meu prazer é isso. É melhorar o que nem precisa de melhora. É salvar do afogamento um atleta que nada em todas as competições.
A Vida, com V maiúsculo, é sempre dura se pensarmos com a cabeça racional e fria que ela é. A vida precisa apenas dessas migalhas sem cor, dessas migalhas sem gosto que já nos satisfazem. Definir o porquê de um afeto é matá-lo, resolver uma relação em termos de sei , não sei, é deixar de vivê-lá. Nada disso nos diz respeito, nada disso pode proceder como verdade. Enquanto as coisas acontecem é somente a satisfação do acontecimento que nos diz respeito. É assim que é e é assim que é bom.

Do Galhardo Fodão. Clica aqui.


quinta-feira, junho 28, 2007

A lua enorme, o sorriso manso, olha prum lado olha pro outro e olha pra mim. Ri de repente, sotaque mastigado, casa de brinquedo e objetos de brinquedo. Uma música triste, uma música alegre, outra música triste e uma música em espanhol. Escreve, escreve, escreve. Desenha, desenha, desenha. Fala eu não quero, fala eu não posso, fala eu não consigo. Pensa, pensa, pensa. Nostalgia bonita, tristeza bonita, infância e mãe preta. Muito amor, muito medo, a vida dividida de todos nós. Café com comadre, beijo de desconhecido e punheta na rua. Pacote embalado, crepe e grampo, conteúdo frágil. Barulho de lápis, silêncio calmo, lembrar e esquecer. Torta de limão, bolo de côco, raiva de cachorro. Eu não sou eu, eu não me arrisco, eu não me afasto. Consulta dos astros, livros bem velhos, palavras antigas. Dicionário, dicionário, dicionário. Dez anos aqui, dez anos ali, o resto não sabe.

terça-feira, junho 26, 2007

Não suma da minha vida,
fique por perto.
Me esculache e me mal trate,
nada disso importa.
Eu falo muito o que eu não penso,
falo pelo som das palavras,
pelo gosto do discurso.
Eu não quero espantalhos,
nem quero pinguins na geladeira.
As vezes um fim de tarde em silêncio,
uma boa companhia
e uma ou outra confissão.
O que importa a vaidade
e o receio?
Não assim, não agora,
não pra nós.
Meu peito inflado
não é de ferro.
Meus óculos escuros
não me protegem do sol.
Eu ainda danço,
assim, escondido,
mas danço.
Sem deixar ninguém ver,
mas danço.
Eu sempre dancei assim
e é só por isso
que eu danço agora.
Eu não quero a pista,
não quero o macete,
quero apenas uma noite agradável
de passeio
e de medos divididos.
Um vento no rosto
e uma visão do oceano,
a paz pode ser simples
e até compartilhada.

Charles Bukowski - Aqueles Bons e Raros Momentos

quando os deuses descansam
quando os cães
se calam,
voce sentado numa espelunca Sushi
mandando ver nos palitinhos
entre duas grandes garrafas
de saquê
só que quietinho pensando
sobre todos os infernos
que você
sobreviveu,
provavelmente mais que
qualquer um
so que esses são seus
pra se lembrar.
Sobreviver é uma coisa
engraçada demais,
e doida.
Passando com segurança por todas
as guerras,
mulheres,
hospitais, xilindrós,
juventude,
meia-idade,
danças suicidas,
décadas
de nada.

Agora aqui
nessa espelunca Sushi
numa rua suburbana
de uma cidadezinha,
tudo passa à sua
frente
rapidamente
feito um filme
bom/ruim.

Há essa
estranha sensação
de paz.

Nem um carro na rua
passa,
nem um som.

Você segura os palitinhos
como se fizesse
isso há
séculos,
repare no pedacindo
de repolho na
borda do seu
prato.
aí, é isso aí,
todo aquele estilo,
graça,
caralho é tão
estranho
sentir-se bem por estar
vivo,
sem fazer nada
de mais
e sentindo
a glória
disso,
como um pleno
coral atrás
de você,
como as
calçadas,
como as
dobradiças.

cresce grama na Grécia
e até os patos
tiram uma siesta.

Tradução: Rodrigo Garcia Lopes

Agora eles me diminuíram de novo o tamanho da caixa. Eu não sei o que está acontecendo, mas desde do início desse ano eles estão radicalizando. No inicio era uma caixa boa e de madeira. Eu podia ficar ajoelhado e até deitar. O buraco era grande e eu podia ver bastante coisas. Via até as coxas das pessoas, era uma maravilha. Teve até um dia que eles me deram uma mão pra eu tocar. Eles deram as instruções e deixaram a mão entrar no buraco e eu podia passar ela em todo meu corpo menos no meu sexo. Era justo. Nessa época tinha mãos todos os meses. Mãos diferentes. Tinha uma muito bonita que pintava as unhas. Era uma maravilha.
Depois ele me mudaram pra uma caixa menor e de madeira mais vagabunda, uma madeira prensada e tinha um terrível odor de produtos químicos. O buraco não era lá essas coisas, mas pelo menos cabia mãos de crianças. Aí eles avisaram que eu só poderia passar as mãos na parte superior do meu corpo. "Do tronco pra cima, e sem -las na boca" dizia um dos artigos das instruções. Essa caixa já era bem mais desconfortável, mas com algum esforço eu ficava de cócoras. Era uma alegria quando eles me diziam que eu estava melhorando.
Foi a partir disso que vieram as caixão de papelão. Eram mudadas toda semana e não tinham buracos para as mãos. Agora ao invés de um grande buraco eram vários furinhos espalhados. Era difícil de ver, mas, pelo menos duas vezes, eles me deixaram tocar em dois dedos bem pequenos que eu pensei que deviam ser dedos de bêbes. Que pele macia! Que dedinhos lindos!
Mas agora a caixa é assim, praticamente um monte de papelão amarrado em mim atravéz de várias fitas adesivas. Os furinhos são muitos e infinitos e penso que devem ter sido feitos com agulhas. Raramente eu distingo uma cor ou um vulto. E mesmo assim sempre desconfio dos meus olhos, pois a caixa fica muito próxima e minha vista embaça, e eu não consigo espaço pra coçar os olhos.
Os dedinhos desapareceram, mas de vez em quando sinto que alguém puxa um fio de cabelo meu por um dos buraquinhos e fica acariciando. É uma delícia!

segunda-feira, junho 25, 2007

adoro mulheres.

Adoro mulheres,
suas cores e suas coisas,
seus jeitos de dizer
e seus medos de falar,

Adoro mulheres.
Quero ouvir o que elas dizem
porque elas falam dos causos
e dos detalhes de todos
e também porque elas têm todas as explicações:
As mais loucas
as mais impossíveis
as mais encantadoras.

Adoro mulheres
e também os mamilos:
Cada forma e cada cor
gostos multi cores.
Mulheres calmas e mulheres loucas.
Virgens e burras,
Espertas e inteligentes,
adoro todas as mulheres:
Cada coisa numa hora,
o tempo dividido com cuidado
as ovelhas que pastam e
os lobos tristes do caminho.

As mulheres que existem
e as mulheres que pensei
Adoro mulheres:
os cantores que elas ouvem
e os filmes que elas vêem.
Adoro a cara de não sei
e o medo de decidir.
Adoro quando são adoráveis
e também quando fazem força pra existir.

Adoro mulheres,
todas loucas e cheias de hormônios:
a cara pálida
e o medo de viver bem.
As mulheres do mundo
que são todas elas
que nem sabem nada
e que escrevem versinhos escondidos

Adoro mulheres,
cada corte nos pentelhos
cada cara de não sei
mordem a boca e mexem nas mãos.
E os olhos indecisos,
olhares vagos na direção certa.

Cada mulher, cada planeta,
adoro mulheres:
A pele cuidada e
o zelo de não mostrar o que não deve
As mulheres com medo
daquela mulher que não é ela,
elas implicam,
elas resmungam,
elas falam do que não sabem.

Adoro mulheres
quando de repente
elas resolvem
e decidem num sorriso
que querem tudo e que tudo podem,
adoro essas loucas,
cada mania de dizer não,
cada medo de dizer sim e
as coisas que elas inventam.

Os mundos em que elas vivem:
adoro mulheres e
suas coxas:
cada pedaço pra pegar
e, no meio dos pedaços,
um lugarzinho pra entrar...
eu adoro mesmo mulheres.

Os produtos que elas escolhem
e o prazer de passear:
Ali a areia bonita,
aqui a luz do poste.

Adoro mulheres
e as canções que elas ouvem
e como elas cantam assim,
sem querer cantar.
Adoro elas vendo T.V,
fazendo suspense e rindo sem parar.

Adoro mulheres:
brincando de ter medos,
fingindo sustos pra agradar.

Adoro mulher que se dá,
que abre a perna e diz vem,
mulher que balança e que dança
porque no fim toda mulher quer dançar.

Mulher que alimenta,
que prepara comida e
que diz pra não se acostumar.

Adoro mulheres:
O mundo inteiro e
todo nascimento
que passa por elas:
Mulheres loucas e mulheres vulgares,
adoro mulheres:
As meias, as totais e as assanhadas,
mulher que não nega
ou que nega querendo charminho,
adoro mulheres.

Cada poço sem fundo,
cada dor sem solução,
mulheres que berram e falam baixinho
querendo umas coisas que não dá pra entender.

Adoro mulheres,
minha mãe, minha filha e minha amante.
Mulher pra tudo:
Pra doença
pra raiva e
pra ir na feira.
Mulher que não diz,
que repete as coisas
e que acha que disse o que não disse.
Mulheres loucas,
mulheres medonhas,
adoro mulheres.

Repito tudo de novo e conto as mesmas histórias. Pela décima vez pela milésima vez. Os otários estão sempre esperando uma chance. Os esperto estão de olho em que os pode ajudar. Gente de merda por todos os lados. Eu não quero papo. Não quero nenhuma histórinha que eu mesmo possa inventar. Tô fora disso. Eu não quero saber dessa gente que insiste que tem algo depois de tudo. Não quero entender nada porque eu não me importo. Se ela me diz bom dia eu digo adeus. Foda-se a ciência louca dos mal amados. Eu quero apenas meu nome gritado por alguém que me xinga. Eu quero essa gente triste que vê na tristeza dos outros o próprio consolo. Nada além. A vida passa lenta e cada um faz o que pode. Dia sim dia não. Qualquer resposta é pra uma pergunta que não foi feita e eu repito: na minha solidão eu sei de mim e não preciso de bestas pra me dizer o que eu sei. Eu não quero nada além dos gritos. Espero apenas ter dinheiro pra montar um bordel. Vou tratar as putas como nunca. Serei o gigôlo mais honesto de todo o oeste. E isso me renderá belas chupadas e funcionárias satisfeitas. Eu quero ser podre e lançar a merda pra todos que eu puder. Eu quero ser salvo, mas eu nunca salvarei ninguém. Quero ser um solitário na minha salvação. Quero berrar. Quero cair fora. Quero fazer de conta. Nada de gente me fazendo pensar nelas. Nem mãe, nem pai, nem amor. Serei o pior no reino da merda, serei um deus para os bons entendedores. Não quero gente pra quem eu tenha que explicar o que eu falo. Não espero sorrisos de mulheres vulgares, é apenas pra isso que eu serei dono de bordel. Serei o senhor das merdas e explorarei cada merda com o máximo de requinte. Eu quero ser cruel. Eu quero alimentar os animais com carne podre. Quero alimentar os famintos com essa carne. Eu não desejo ter pena, eu prefiro o desprezo. Prefiro o dedo na cara ao tapa no ombro. E, enfim, quero que tudo seja espalhado, que tudo seja confuso e sem definições, que tudo se imponha, que nada se abstenha, que a merda seja tão grande que não possa não ser notada.

domingo, junho 24, 2007

Bukowskiniando n° 2.

Vou calar minha boca. Não sei dessas coisas e nem quero saber. Que necessidade é essa que nem me diz respeito. Eu quero é que se foda. Eu não quero nada. Vou morrer e quero mesmo é morrer em paz na medida do possível.

Essa gente fala muito e tem muita opinião. Eu me irrito. E me irrito facilmente mesmo com outras gentes, gente que fala menos, então por que não me irritaria com essa gente que fala a beça? Eu morro mais cada vez que ouço esses papos. A morte me congela nessas afirmações e me pergunta: - tem certeza que morrer é tão ruim? - É claro que não tenho porra. Só irritação mesmo. De todos os lados.

E eu tava numa boa. Tentando ter uma atitude positiva e tudo o mais. Mas eu não resisto muito tempo e logo toda minha vontade se esfacela. Sabe? Essa gente fica me berrando muito e eu morro, já disse não disse? Então é isso: o rapaz tem mesmo razão: o inferno são os outros.

Eu tava na minha. Tomando minha birita e ouvindo minha música. E meu amigo liga e diz: - tenho uma boa: umas mulher meio chata, mas as duas são uns tesão, tu vai ver. - Ta certo. É claro, fui ver. E lá tava eu vendo. O ver é fácil, o foda é ouvir. Elas eram um tesão mesmo, mas falando eram uma desgraça. Falei pro meu amigo: - cara, to caindo fora. Se vira aí. - Porra, você não vai fazer isso comigo. Se não tiver um pra cada nada feito, elas têm esse jeito de piranha, mas são tudo moça de família. - É, vai ver que esse é o problema, eu digo e caio fora.

Na minha casa de novo eu ligo o computador e ponho minha música e vou escrever. Sim! Yes! É isso! Eu não preciso de ninguém. To livre e tem cerveja na geladeira. Que mais posso querer?

Começo a escrever uma história bonita pra caralho. Uma história que nem tem palavrão de tão bonita que é. É a história de um casal que combina que vai só beijar na boca durante os três primeiros meses de namoro. Eles não são reliogosos nem nada. São dois vagabundos na verdade, mas entraram nessas porque querem sublimar a parada. Tão nessa fase da vida em que acham que se houver sacrifícios pode haver alguma saída. Coitados deles.

O telefone toca e é meu amigo que sentencia: - Tamô indo aí, elas compraram até uma vodca pra te agradar. Já vamos chegar. Porra. A história tava indo bem e agora vem essa gente aqui pra me foder a vida. Tava tudo certo. Eu ia terminar a história e tocar uma e ia dormir. Porra, essa gente nunca entende que sou um anjo. É foda.

Quando eles chegam eu rapidamente desligo meu computador. Se não é bem capaz dessas piranhas quererem saber quem eu sou e aí vou ter que mostrar pra elas um monte de pornografia que rola na rede. Hehehe. Eu me divirto pensando na cara delas. Se bem que é possível elas gostarem da coisa e quererem ver eu e meu amigo trepando. Porra....computador de merda que demora pra desligar.

Elas trouxeram mesmo a vodka pra mim. Me dão a garrafa e pedem copos pro vinho que eles, eles os fracos, irão beber. Ta tudo certo. Cada um bebe o que pode. Nunca enchi o saco de ninguém pra beber mais comigo. Se quiser ir embora antes que vá. He. Essas garotas são mesmo legais, eu penso, enquanto ajudo uma delas, uma que já tem bem louca, a abrir a porra do vinho. Meu saca rolha é uma merda, mas elas acham que é meu estilo. Tadinha delas, elas acham que tudo que eu faço é pensado. Hehehe. Eu gosto disso. Meu amigo deve ter dito pra elas que eu sou escritor e elas devem ser umas piranhas novas de Letras. Hehehe. Pra mim ta ótimo. É só assim pra eu me dar bem.

Quando eu acordo nem sei o que aconteceu. Levanto e vou pra sala e vejo uma delas lá. No quartinho dos fundos ta só meu amigo. Merda. Não sei se eu me dei bem ou ele. Merda. Pelo menos eu acordei pelado e pode ter sido eu. Mas será que eu a expulsei da cama? Ou será que ninguém trepou com ninguém? Meu Deus era o que faltava. Essa bagunça sem nenhuma foda. Se isso tiver acontecido eu vou socar meu amigo. O pior é que é a cara dele esse tipo de coisa. Viadinho do caralho. Volto a dormir.

Eu acordo de novo e do uma olhada na sala e não vejo ninguém e a casa ta limpa. Ta ótimo então. Esse viadinho pelo menos limpou o vomito. Ele sempre vômita. Sempre. E deve ter vômitado aqui e deve ter limpado. Vou pro banho e ligo o chuveiro e sento na minha cadeira de banho e lavo meu saco. É, eu devo ter fodido alguém ontem, eu penso. Hehehe.

Já são oito da noite e to fudido. Se eu dormi até agora pra eu dormir de novo vai ser foda. O pior é que o estoque ta vazio e na merda da t.v não passa nada que preste. Merda de T.V. É por dias assim que tenho que dar razão pros idiotas que falam mal de t.v. Porra. Eu vou é sair daqui, vou dar uma volta. Vou a algum bar, bebo uma e do uma cansada e quando voltar já to pronto pra dormir. É isso.

Quando chego em casa de novo tem uma das piranhas de ontem sentada no sofá. Caralho, o que foi que aconteceu? Ela ta sentada reta e só de camiseta e calcinha. Porra. Ela ta puta e eu não faço idéia do que aconteceu. Porra, era só o que me faltava.

- Oi, eu digo.
- Oi.

Caralho. Devo ter ofendido essa piranha. Ela não vai falar mais nada. Vai ficar ali emburrada até eu perguntar o que aconteceu. Mas, porra?, o que eu tenho a ver com isso? Afinal, foi ela, ou a amiga dela, tanto faz, que me deu vocka. Porra. Agora ela ta ali esperando que eu faça alguma merda. Caralho, eu mato aquele viadinho. Cadê ele agora? Filho da puta.

Vou até a cozinha e vejo um risoto numa panela e um vinho na mesa. Fudeu. Fudeu de vez. Eu arrisco ainda da cozinha:

- Hum.

Ela não responde. A louca ta lá ainda do mesmo jeito, apenas acendeu um cigarro. Caralho, o que eu faço? Porra, ela é gostosa e se me deu e ainda ta aqui é que vai me dar de novo. Porra, se pelo menos ela fosse menos gostosa tava tudo certo, mas assim, desse jeito, e ainda de camiseta e calcinha é foda. Eu tenho que fazer ela falar. Depois que ela falar mal de mim pra mim ela vai me dar. É sempre assim. Seja com uma piranha, seja com a mulher amada. É sempre assim.

Eu abro o vinho e preparo duas taças. Reparo que a cozinha ta impecável. Até a lanterna do parapeito da janela ta brilhando. Começo a ter medo dessa louca que ta na minha sala de camiseta e calcinha. E o pior é que ela gostosa, gostosa pra caralho.

Sento perto dela e lhe dou uma taça. Ela toma um gole sem sair da posição que está. Eu levanto minha taça, toco na dela e digo tin tin. Ela fala tin tin e dá mais um gole na taça, dá um gole bonito de ver, coisa de mulher que bebe, o que me agrada. Encho o a taça dela de novo.

- Tudo bem?
- Tudo, né?
- Esse vinho é bom.
- É. Eu sei.

E a gente ficou ali. Ela não falava nada e eu não insistia porque sabia como era. E também quando mulher quer falar ela fala. Mesmo que não tenha ninguém ouvindo ela fala. A garrafa tava quase no fim quando ela disse:

- Achou mesmo o vinho bom?
- Claro. É um vinho fino.

E ela sorriu pela primeira vez. A gente já devia estar ali a uma 1 hora pelo menos e ela sorriu pela primeira vez. E o sorriso dela era uma borboleta louca e arreganhada e eu disse:

- Nossa, se você tivesse sorrido antes eu já estaria a seus pés pedindo desculpas nem eu sei porquê.

E ela deu uma gargalhada. Uma gargalhada sonora e grave. Não era a melhor gargalhada de uma fêmea, mas era uma gargalhada deliciosa e verdadeira. E depois da gargalhada ela virou a própria taça e olhou pra mim:

- Mas diz, escritor, o que achou de ontem?
- Uma maravilha. Você é fantástica.

E ela deu uma nova gargalhada e saquei, na hora, que tinha me fodido.

- Você não lembra de nada, não é?

Eu sorri e ela sorriu e pegou a garrafa da minha mão e deu a ultima golada e se levantou e pôs sua roupa sempre sorrindo e foi embora e, antes de ir, jogou a chave na minha mão, sorrindo:

- Afinal, quantas chaves você tem?

Eu fiquei olhando ela ir embora sem entender nada. Ela foi sorrindo, sorrindo mesmo, sem ironia. Ela era gostosa e verdadeira e isso é difícil. Quando ela fechou a porta disse, sempre sorrindo: - me liga. E eu fiquei lá, com o ultimo copo na mão, e pensando: espero que aquele viado filha da puta me explique o que aconteceu nessa casa ontem à noite.

sábado, junho 23, 2007

Do caderno da Vovó.

Minha vó mandou esse poeminha num comentário do textinho "Sessão da Tarde". É do caderno de poesia dela que existe a anos e anos. Ela tem um habito que é muito legal de escrever bastante: escreve cartas, em jornal, em livros, e-mails, etc. Ainda hoje pego alguns livros meus que ela leu na época em que eu morava com ela e lá tá algo escrito. É um barato. E foi um hábito que adquiri e agora sempre rabisco meus livros também. Minha vó tem também um blogue, mas, ali, na minha opinião, ela escreve pouco. E garanto que ela tem várias histórias pra contar. Ela é ótima contadora de histórias. Quem conhece, sabe. Portanto lanço a campanha "escreve mais". Quem ler isso aqui e tiver com tempo clica no título e vai no blogue dela e pede pra que ela escreva mais. É isso. Espero que funcione já que nunca fiz campanha nenhuma.

Quanto ao poeminha aí eu achei um barato. É de uma pureza muito legal. Parece até que o mundo era bom e não exestia problemas.

´



No banco do jardim, dois namorados



Num idílio de amor muito gozavam



e os apertos de mãos mais enlevados,



naquele sonho explêndido se achavam





Com os braços suavemente entrelaçados,



da mais doce ilusão participavam



ele com olhos ternos e parados,



ela com os olhos vivos que tentavam





Eu te amo!, exclamou ele, estou certo!



Ninguém nos vê, Aqui tudo é deserto



Dá- me um beijo, querida Juracy...





E ao estalo do beijo ouve-se agudo, o grito



que aquele linguarudo, soltou lá da mangueira



" Bem te vi....Bem te vi"

Conto Para Bukowski.

Eu tinha tomado uma cerveja no bar e tinha pensado: caralho, o álcool me faz bem, eu sinto ele no meu sangue e parece que ta tudo certo. Fui pra casa e sentei na minha e fiquei trocando de canal e pensando que era cedo pra caralho e que eu tinha que fazer alguma coisa. Liguei pra ela:

- E aí?
- Apareceu, é?
- Pois é. Vem pra cá e traz um vinho.
- Ta certo, eu nem ligo.
- Por isso que eu te ligo sempre, docinho.
- Mas olha, só chego aí mais tarde. To enrolada aqui. Daqui umas duas to aí.
- Ta. Me encontra no bar, então.
- Não toma conhaque, ta?

Desliguei o telefone e vi a t.v. Porra. Duas horas é foda. Se eu soubesse nem teria chamado. Era pra ser rápido. Ela chegava, a gente bebia, dava uma foda e saía pra dar umas voltas. Merda. Na t.v tinha uma porra de um programa que falava das novas tecnologias para as armas pessoais. Eram umas armas super modernas e você não precisava nem entender nada pra usar aqueles trabucos. Elas faziam quase tudo e qualquer idiota podia usar com tranqüilidade, era só ter o alvo certo. Tinha até um cara falando das vantagens que elas tinham para os mais novos. Ele dizia que, dependendo do lugar, é necessário sim que as crianças tenham armas desse tipo, que fazem tudo. Achei do caralho que a indústria de armas pensasse nessas coisas.

No bar tinha a mesma gente de sempre. Os mesmos caras que freqüentam aquela merda de lugar. Falei pro Durval que aquele cheiro de mijo tava demais. Que até sempre tinha um cheirinho, mas que tava exagerado. Ele nem falou nada e só mexeu a cabeça. O Durval é um imenso filho da puta isso sim. Ele explora todos os caras que vão lá. Uma vez eu falei isso pra ele e ele disse que nunca tinha me explorado porque eu não era tão idiota como os outros. Ele é mesmo um filho da puta.

Eu já tava na segunda cerveja quando chegou o nojento do Luiz. Porra, eu já tinha feito de tudo pra me afastar do cara. Já tinha saído com ele na porrada pelo menos umas 12 vezes. Mas era sempre a mesma coisa. Depois da briga, no outro dia, ele dizia: Tu sabe que a gente briga porque a gente se ama, né não?

O Luiz era um cara bacana, mas ele ficava bêbado rápido e começava a encher o saco. Começava e falava merda pra caralho. Ficava numas de te convencer do que quer que fosse. Ele, uma vez, ficou puto comigo porque não acreditei na merda da história dele de quando ele tinha recebido um telefonema, por engano, do presidente. Como se fosse o próprio presidente que discasse os números.

Ele já veio falando merda porque, pelo jeito, já tinha bebido. Eu falei pra ele cair fora e daí o Durval interveio e falou alguma merda pra ele e ele bebeu um conhaque e caiu fora. O Durval era um filho da puta, mas também já tinha me salvo de várias.

Eu ainda tava na porra da segunda cerveja e tava bebendo devagar porque eu queria dar uma trepada boa com a Gláucia. Já fazia um tempo que a gente não trepava e eu tava numas de impressionar. O de sempre: mulher bem comida te dá de novo. Pode demorar, mas te dá. Foi bem quando eu pensava isso que o Durval pôs uma dose de conhaque na minha frente e disse o Luiz deixou pago.

Filho da puta do Luiz, mesmo sem estar aqui ele me fode a vida. Olhei pro relógio e vi que faltava meia hora ainda pra Gláucia chegar. Virei o conhaque. Ta tudo certo.

A Gláucia chegou e foi logo falando pra caralho. Ela sempre fala pra caralho. Ela e todas as mulheres desse mundo fodido. Ta certo, ta certo, elas têm duas bocas, não é mesmo?

O vinho que a Gláucia tinha comprado era bom pra caralho. Ela tinha essa coisa de comprar vinho bom. Ela tinha uma grana porque nunca gastava. Trabalhava numa merda de empresa e não fazia nada nunca. Acho que eu era o único acontecimento da vida dela. Ela sempre me tratava bem pra caralho. Era agradável e cheirosa. E mulher cheirosa nunca foi meu forte. Já tinha tido tudo que era mulher, bonita, feia, gostosa, gorda, mas cheirosa era só ela. Coisa rara. Coisa fina.

A Gláucia era gostosa pra caralho, mas era meio ruim de rosto. Ela tinha uma merda de cara chupada e os lábios leporosos. Mas era mesmo gostosa e tinha aquele cheiro. Aquele cheiro bom que só uma puta de luxo, de 300 reais, pode ter. Coisa fina mesmo.

Depois do vinho e da lenga lenga que ela falou sobre os problemas do trabalho e dos planos para as férias a gente trepou. E trepamos pra caralho, durante um tempão. A merda do conhaque me fazia isso e ela sabia. Com conhaque eu demorava pra gozar. Meu pau ficava duro e tudo, mas pra gozar era foda. O Conhaque devia ser receitado pros adolescentes que sempre gozam antes da hora.

- Você bebeu conhaque no bar, não bebeu?
- Claro que não. Por que? To com algum bafo?
- Você sempre ta com bafo. Mas pelo menos agora é com bafo de vinho. E de vinho bom!

O bom da Gláucia era isso. Ela nunca insistia. Ela sabia que eu tava mentindo, mas nunca enchia o saco. Se eu tivesse que casar com uma mulher eu casava com ela. Teve uma época, no inicio, que eu até pensei em ficar com ela, morando junto e tudo o mais. Mas daí ela começou a fazer planos e eu caí fora. Mesmo a Gláucia tinha essa mania de planos.

Depois da segunda trepada eu perguntei se ela não queria dar uma volta e ela disse que se eu quisesse a gente ia. Era isso que eu gostava nela. Ela não tinha problemas em topar qualquer merda que eu falasse. Acho que se eu dissesse pra gente se matar e deixar uma carta culpando o sistema pelo nosso suicídio ela topava.

A gente comprou umas latas no mercado e foi pro trapiche. Eu tava numa boa porque sabia que pelo menos ali ela não ia querer trepar de novo. A gente ficou olhando o oceano e, às vezes, ela voltava a falar da viagem de férias dela porque nessa viagem ela ia conhecer outro oceano. Eu disse que não conhecia oceano nenhum e ela disse porque não quer e disse vamos pra casa. A gente chegou e ela me chupou e eu fiquei de pau duro de novo e nós trepamos. E dessa vez foi tudo no tempo certo. O conhaque já tinha saído do sangue.

sexta-feira, junho 22, 2007

Um sono que não é de hoje. Minha cabeça roda no apartamento e tremo e fumo. Receio de cair, de cair de verdade. Acordei no chão agora a pouco. Não lembro como parei lá e fico pensando se desmaiei e se desmaiei mesmo o que faço. Meus amigos tão avisados que se eu sumir por muito tempo é pra vir aqui em casa. A Simone tem a chave e todos sabem. Agora ainda minha vista embaça e aperto os olhos e levanto e respiro e penso esquece esquece não é hoje que você terá uma nova queda não hoje. Eu lembro que eu tava sorrindo e tudo e depois tava lá no chão, o cdtava no fim, e tava tocando aquela musica que eu nem gosto. Mas eu posso ter simplesmente dormido e não caído, não desmaiado. Ainda to sentindo, aqui na nuca, uma pressão que ocorre sistematicamente. Faz tum, tum tum, tum e para. Agora parou e eu to mais calmo. Isso deve ser da cabeça porque agora que penso nisso tudo parece acontecer. Minhas pernas tremem, meu Deus, minhas mão também, acho que vou tomar banho. É isso, vou tomar banho ouvindo musica clássica e talvez me masturbe. Se masturbar é bom pra abstrair. Vou fazer isso. Eu tava pulando muito, tava correndo e tava falando alto. Talvez seja o excesso de cigarro. Ou de café. Talvez os dois. Ou talvez eu tenha deitado e não lembro. Eu tenho tido esses brancos, mas eu não me impressiono. Não tão facilmente pelo menos. Branco é proteção da memória meu médico falou. Vai ver que é isso. Vai ver que vi o que vi e me protegi com um branco. Eu sou esperto e os brancos me ajudam segundo meu médico. Eu não vou ligar pra ele agora se não ele vai fazer as perguntas e eu vou começar a ter as reações das coisas que ele vai perguntar. Porque é sempre assim porque ele disse que tenho que cuidar da minha imaginação e fazer força pra separar as coisas da vida dos delírios. Foi ele que disse a palavra delírio que eu acho um exagero na verdade. Eu vou tomar banho e daí com a música e com a masturbação fica tudo certo. Depois eu posso ver o filme que eu gravei que é um filme bem bonito e que dá paz de espírito que também é uma coisa que meu médico recomenda. Então fica assim e tá tudo certo: música, masturbação e filme e o mundo será bom.

quandrinhas idiotas n° 2 - o retorno.(ou: porque isso não tem fim)

"É tudo sobre mim
e nem sempre é mentira,
a verdade mesmo é:
cai logo em cima."

da série: quadrinhas idiotas para forjar utilidade.

"É tudo sobre mim
e é tudo mentira,
não enche o saco
e sai de cima."

Que vontade louca, meu benzinho, de te dar beijinho na boca. De fazer escândalo na rua e berrar seu nome sonoro. Vontade de te ter pertinho pra apertar e pra fazer carinho e pra falar coisinhas que só assim, nesse estadinho, poderão ter sentido. Vontade de pegar na mão e de pegar no pé e de pegar na coxa. Vontade de comparar o tamanho das mão e dos pés e de rir da comparação. Vontade de contar as coisas e falar as coisas e falar mais e contar mais e rir bastante porque você nunca entende de primeira. Vontade de ouvir você falar com sua voz de menina e com seus olhos que fogem da vista quando pensam algo que você não quer falar. Vontade de fazer a cama junto e de alugar 7, 8 filmes e ficar o fim de semana inteiro assim na cama com filmes e eventuais pipocas. Vontade de fazer sexo também e de conversar depois do sexo e rir à larga. Vontade de gargalhar durante o sexo durante o gozo bom. E vontade também de fazer sexo de olho bem aberto de ver seu rosto com tesão e de ver como muda de ver se fica mais calmo ou mais sério. Vontade de ver você dormindo e de tampar seu nariz e de te irritar secretamente enquanto dorme. Vontade de acordar e apertar o corpo e perguntar dormiu bem meu doce e ouvir você dizer sim sim meu anjo. Vontade vontade. Vontade pro bem. Vontade pro mal. Vontade vontade.

quarta-feira, junho 20, 2007

Auto Retrato

Ela mora sozinha, eu acho. Eu estou a observando já faz um tempão, mas ainda não entendi. Dias atrás tinha um cara na casa dela. E eles conversavam bastante e pareciam falar de coisas terríveis. Não entendi quem é esse cara na vida dela.
Agora ela tá ali. Num lugar que eu vejo muito bem daqui, que é a mesa que ela senta. Ela põe uma toalha, põe cheia de cuidado. Ela nem sorri nem canta enquanto faz isso. Ela põe a toalha assim, passando a mão pra deixar a toalha bem esticadinha. Mas o que me impressiona é o rosto dela. Tá vazio. Não pra entender o que ela pensa enquanto estica sua toalha.
Ela arruma sua mesa devagar. Vai e volta. Traz uma coisa de cada vez. Eu não entendo porque. Cada vez que ela entra na minha vista tem uma coisa nova na mesa. Agora tem três coisas que vejo, mas tem coisas que tão na mesa e que não consigo ver daqui. Queria tanto ver essas coisas que não consigo ver daqui. Tanto.
Ultimamente tenho pensado em como descobrir o nome dela. Isso não é simples porque só a vejo da minha janela e mesmo assim, o que vejo mesmo, é o reflexo da janela dela num prédio de escritórios que fica em frente a minha casa. Como é que faço, pergunto por porteiro? Tenho que descobrir o nome dela. Tenho.
A mesa tá arrumada. Ela alinhou três objetos. Alinhou duas, três vezes, como se houvesse um sistema para alinhar os objetos, como se ela tivesse TOC ou algo do tipo. Na frente dos objetos alinhados há duas coisas que não consigo distinguir daqui. Maldito reflexo. Ela sai de novo.
Agora ela volta com uma chicarazinha. Uma chicarazinha que daqui parece oca. Ele prepara o que deduzo ser um café com leite. Ela prepara com uma calma louca, uma calma que me dá agonia. Tem um bulizinho, um bulizinho desses antigos, de antiquário talvez, ou de herança, não sei. É um belo bulizinho, mas parece de brinquedo.
(Reparando bem todos os objetos alinhados e mesmo a chicarazinha oca parecem de brinquedo. A toalha também. É verdinha cor de criança. Meu Deus, meu Deus, será que ela é uma criança? Será que ela é uma criança que mora sozinha? Mas isso não faz nenhum sentido . Mesmo que ela fosse muito nova, tipo 16, não seria uma criança, seria uma adolescente. Então é isso: ela é uma adolescente que mora sozinha.)
Ela tá tomando o seu café com leite e fica com o olhar meio vago. Que vontade de saber o que ela tá pensando agora nesse instante. Ela inclina seu corpo pra direita, apoia a cabeça no antebraço e toma o café com leite. Devagar, devagar. Parece que ela tá sussurrando alguma coisa, a boca se mexe. Será que ela tá falando comigo? Será? Pelo reflexo parece que ela me olha, mas isso é impossível. Impossível. Meu Deus, que agonia, que agonia.

terça-feira, junho 19, 2007

Poema Triste, Walter Benjamin

Li só uns dois artigos dele na Universidade. Ele sempre me soou chato. Mais pelos que falavam dele porque dele em si. Os artigos que li eram truncados, mas tinham uma caldo grosso e tal. Mas eu sou preconceituoso e cismo com as coisas, mas mudo de opinião facilmente. E esse poema é meu cala boca.

"Sentar na cadeira e escrever.
Cada vez mais cansado, cada vez mais cansado.
Deitar na hora.
Comer na hora.
Ter dinheiro.
Um presente do Bom Deus.
A vida é magnífica!
O coração bate cada vez mais forte, cada vez mais forte.
O mar é cada vez mais calmo, cada vez mais calmo,
até o fundo."

p/ o poeminha do W. benjamin

Talvez fosse assim:
nada é nunca
além de mim.
'
A vida conta gotas,
tudo é parecido:
a cara torta
no espelho envelhecido
'
(As riminhas,
meu bêbe,
as riminhas
que fiz de você)
'
Talvez seja assim:
nunca é nada
além de mim.

segunda-feira, junho 18, 2007

porque me influencio.

Vamos trepar, certo? Aí a gente trepa e vê como vai ser. A gente vai ter que beijar. E beijo é sempre pior que sexo. É mais cruel. Sexo dá pra ter técnica, entende? Eu mexo ali, eu me esforço aqui, gastamos tempo fazendo o máximo possível. Sexo depende de mais empenho e suor. Beijo não. Sei lá. Mas tem beijo que começa bem e termina mal. Então não há solução. Apenas a gente pelado e se esforçando mais ou menos. Só isso.
Em princípio eu sempre quero agradar, entende? É muito conveniente pra mim te agradar na cama. Faz bem pro meu ego e talvez você espalhe por aí que eu trepo bem. E aí pode sempre uma louca me olhar diferente e pensar 'esse gordinho do caralho até que dá um caldo!'. Nunca se sabe. Quando me esforço no sexo é por isso. Pelo multiplicador da coisa. Uma mulher pode render duas, talvez até três. Mas a maioria só entra nesse mérito com duas amigas. Sabe como é? Faço meus cálculos pra me safar, ou seja, o de sempre.
Mas isso que parece até simples (quando leio pra continuar escrevendo) tem um risco. Risco de 1, eu e você treparmos bem pra caralho e sermos dois fodedores perfeitos e 2, os outros riscos que podem ser, a saber: 1, eu gosto e você não, 2, o inverso: você gostar e eu não, 3, os dois odiarem, 4, um dos dois achar que dá pra melhorar essa coisa. É foda. É foda mesmo.
Sempre tem uma merda de um risco pra se correr. O maldito cinema americano existe pra ensinar a gente isso, mas mesmo assim a gente insiste em negar. Merda de anti americanismo do caralho. O fato é que os caras são foda pra caralho e eu morro de inveja. Inveja é foda. Sempre.
Voltando ao assunto: tem também a coisa de amor ou de paixão. E se pintar. E se pintar assim, daquele jeito louco, aí sim, aí sim, vai foder tudo de vez. Porque essas merdas de sentimentos arrebatadores são foda. A gente tem aquela sensação, aquela sensação que é apenas uma descarga de endorfina, e fica naquelas, com cara de panaca e esperando o grande milagre do amor. Essa ideia de milagre do amor também é coisa de americano, mas não vou falar disso porque se não vai parecer que sou obcecado e não sou mesmo. Até porque adoro aquela cultura de lixo e escrotidão que eles propagam. É, eu sei, é foda mesmo.
Mas apesar de todos os riscos devo dizer que eu ficaria muito animado com uma paixão louca. Uma paixão, paixão mesmo. Dessas que podem durar muito pouco tempo porque se consomem muito rápido, sabe? Dessas sim eu até toparia o risco, tá ligada? Porque dessas eu posso ficar na merda depois, mas será isso: na merda depois da paixão. Agora correr o risco do amor. Do Amor 'a' maiúsculo talvez seja demais. O amor é muito pior, muito mesmo. Ele quer que a gente seja eterno e ser eterno é foda. Porque daí vou ter que pensar nessas merdas que eu faço sem ter medo de morrer. Porque se tiver amor eu vou ter medo de morrer. Você entende isso, não entende? Se tiver amor vou ter que zelar pelo futuro e tal. E isso, isso de ter essa dimensão da porra da vida toda, é um suplício foda, e diria até fodão, de carregar.
De forma que a gente fica assim. A gente trepa e beija e tudo o mais. E depois a gente pensa. Se a merda vier, seja de que lado, eu cuido da minha e você da sua. Agora se a merda for bem pior. Dessas quase incarregáveis. Se for dessas merdas gigantes de elefantes que voam ou de velhos que resistem à mais de 100 anos. Se for dessas, dessas que são mesmo enormes, aí sim, e só assim, a gente entra numas de carregar juntos. Combinado?

domingo, junho 17, 2007

Relatinho: Punhetódromo.

Em Copacabana há um punhetódromo que sempre via, mas que nunca tinha entrado. Ontem finalmente entrei. Tava eu e um amigo. E tinha sido uma pequena seqüência de derrotas: peça sem ingressos, comida bonita de longe e feia de perto, etc. Cogitamos em ir na Vila Mimosa pra coroar a derrota, mas pensamos melhor e como eramos apenas 2 desistimos. Num lugar como a Vila Mimosa, pra um cara que não come puta como eu, é sempre bom ir em turma.

O esquema do punhetódromo é simples: fichas. Tudo funciona com fichas. Lembro de três opções: 3 fichas para 1/2 hora na cabine de filmes pornês, 10 fichas para strip exclusivo durante 4 min. onde você pede e ela faz e fichas para os strips comuns. Cada ficha custa 1 real e vale 1 min no strip comum.

O strip comum acontece em um palco giratório com uma mulher no meio. Ao redor desse palco há várias cabines, cabines com portas e tal, onde há um vidro que embaça quando acaba o tempo da ficha. Há papel para a devida higiene e também um narrador de strip. Essa figura do narrador eu até conhecia de puteiros normais.

A gente comprou apenas duas fichas porque, enfim, não íamos de fato bater punheta ali. Entramos e vimos as fotos das mulheres que dançavam naquela noite. A grande maioria era bem ruinzinha, puta ruim tem seu charme, mas nem sempre. Dei uma olhada no local, vi as figuras que rodavam ali. Muitos velhos e também uns caras meio nerds. Isso mesmo: o esteriótipo dos solitários rondam ali. Quando ainda subia a escada vi um semi executivo com um laptop. Era um cara até 'bem apessoado', como dizem minha tias.

Iniciei os trabalhos e entrei na cabine. Nem fechei a porta com a mão porque fiquei com nojo. Apenas empurrei com o pé e deixei a porta encostada. Pus a ficha e o vidro desembassou. Quase um milagre.

Ela dançava e já tava nua. Não havia mais o que tirar. Era só ela e seu corpo. O palco girava e ela se posicionava para as cabines que estavam ocupadas. Deviam ter poucas cabines ocupadas. Em algum momento ela cismou comigo e começou a dançar pra mim. Achei que era coisa da minha cabeça, mas o narrador disse ' hum, parece que a Susan(não lembro o nome dela) se apaixonou pela cabine 8'. Era eu a cabine 8, ela de fato dançava pra mim. A dança era toda por um esforço de me mostrar as partes do seu corpo: cu, buceta, peito. Não é simples dançar e mostrar isso tudo. Não é mesmo. Mas ela conseguia, anos de prática.

Tem uma coisa dessas mulheres que eu acho absolutamente genial. É um troço que sempre tento falar pros atores. Elas, pelo menos as melhores delas, dançam te encarando. Olham mesmo. Te enfrentam. Elas são donas de si ali quando dançam. São elas que mandam, elas que tem o controle. Essa 1° dançarina tinha isso. Ela me olhava, mas olhava tanto e tão dona de si, que eu até tinha vergonha de olhar pras suas partes. Ficava tímido mesmo de focar cu, buceta, peito. Ela me olhava e ela sabia que me intimidava. Penso até que foi por isso que ela se 'apaixonou' por mim.

Quando o tempo tá acabando a cabine apita em contagem regressiva e, de novo, o vidro embaça misteriosamente. Eu coloquei minha 2° ficha de cara porque, apesar de tudo, sou um moralista que quer uma família margarina. Me encanto com essa coisa mundana dos puteiros, mas desse jeito meio pseudo antropólogo babaca, que é uma merda de um jeito, mas é isso aí.

A 2° dançarina nem me impressionou tanto e tinha uns peitos muito ruins. Peitos mastigados, segundo o meu amigo, e eu concordei. O curioso é que elas sempre tiram a roupa rapidamente, afinal há um monte de punheteiros em pré gozo na cabine. Acho que deve ser por isso.

Não me animiei de comprar mais fichas ou coisa assim. Fumei mais um cigarro ali, olhando aquele mundo, enquanto meu amigo gastava sua 2° ficha. A cerveja era até barata, 2 reais a lata, mas nem bebi nada. Enquanto eu fumava vi um cara tipo indiano(eu sei que indiano é foda, mas era mesmo um tipo indiano), de uns 30 e poucos que comprou quinze fichas. E ele comprou tranquilamente, como um bom consumidor deve fazer. Não havia nada de ridiculo ou decadente nele comprando as fichas. Era um cara um bem resolvido com aquela situação.

Pensei apenas que ele tocaria uma punheta realmente completa, pois 15 minutos de punheta numa cabine daquelas me parece ser tempo pra caralho.

sexta-feira, junho 15, 2007

Sessão da Tarde. Oiés!

Hoje comi várias frutas e pensei em você. Pensei que quando estiver domada você vai me dar várias frutas na boca pela manhã. Era algo que minha ex-namorada fazia porque assim eu a tinha educado. Mas você não fará isso pela boa educação que eu lhe darei, mas sim por entender que é muito bonito alimentar a pessoa amada, pois, quando isso ocorrer, eu serei o seu ser amado. E você me alimentará porque você vai ser bem esperta comigo e me levará no bico. Você vai me enganar sempre com as suas doçuras. E assim, desse jeito, eu vou achar que eu sou o esperto e ficarei muito feliz por mentir pra mim mesmo e acreditar que sou eu que mando. E você vai me deixar acreditar nisso e vai concordar com todas as minhas bobagens só pra me agradar. Eu serei um pequeno reizinho de tão bem tratado e por isso, e só por isso, eu irei tomar tenência e terei uma vida decente ao seu lado, sempre atento às suas vontades e dengos. Seremos, enfim, um casal muito bonitinho e esperto. E a gente irá ao cinema e depois tomará sorvetes. E a gente vai provar um do sorvete do outro na casquinha e dará beijinhos gelados a cada mordida. Será tudo tão bom e meigo que logo se esfacelará num sonho triste porque com tanta ternura a gente não vai conseguir resistir. Aí a gente vai chorar uma, duas semanas, e vai lembrar um do outro com uma tristeza bonita que só vendo. E aí você vai me telefonar e a gente vai se encontrar de novo e vamos conversar sobre todo o amor que sentimos e vamos chegar a conclusão que, enfim, nossa lembrança é tão bela, mas tão bela que iremos sempre conversar sobre ela. E a gente vai sentar nas praças e ficar falando, falando e lembrando e sorrindo. E faremos isso todas as semanas por anos e anos e ficaremos velhinhos assim, um do lado do outro, lembrando do belo passado triste e cada um com um sorvete na mão.

rubrica

para ser dito no megafone:
( - Fica parada e não se mexe. Não olha pra mim. Não olha. Fica com o olhar vago. Assim. Você fica belíssima com essa cara de nada. Não ri. Não pode rir. Tem que ficar assim. Levanta só um pouco os braços. Menos, menos. Só pra sair do prumo. Isso. Levanta eles pra frente. Bem pouquinho, bem pouquinho. Isso. Pode sorrir. Mas só um pouquinho. Não mostre os dentes, não mostre. Agora assim, assim, sem se mexer, olha pra mim e diz 'meu anjo'.
- Meu anjo.
- Eu adoro quando você me obedece, sabia? Adoro.)

House.

Cuddy é uma mulher fantástica. Tem 30 e poucos e é médica e tem os olhos claros e o cabelo preto. Cuddy sofre assim do jeito dela, que é o jeito de uma mulher madura sofrer. Ela sabe de tudo que fala e tem aquela coisa de ser a chefe que a faz irresistível.

quinta-feira, junho 14, 2007

Daqui eu vejo o que eu quero e o que me importa. Minha vida esvaziada na casa verde. Dia bom dia ruim. Senta um pouquinho, escreve um pouquinho, lê um pouquinho, vê um filme e fica triste, põe uma música e quase dança e canta um pouquinho, olha fotos bem velhas de gentes antigas, toma banho de pau duro, se seca de pau duro, aperta o pau duro na cueca um pouquinho, senta de novo, lê de novo e muda uma vírgula um pouquinho, abre outro maço, come uma maça e bebe um pouquinho de água e acende um cigarro, lê mais um pouquinho, pega uma revista, fica com raiva, com muita raiva, vontade de sair à toa um pouquinho, ver putas um pouquinho, lista de coisas, lista de gentes, é melhor comprar mais um maço que já sai um pouquinho, pode beber uma soda no bar, pode ler mais um pouquinho e terminar o livro e comprar o livrinho que anda rodando a cabeça, liga a t.v um pouquinho, dia bom de t.v que tem house, desliga a t.v, esconde os dedos um pouquinho, compra outro maço.

Eu não consigo lembrar do seu rosto. Por mais que eu me esforçe eu não consigo. Lembro apenas do seu corpo pequeno quando se levantou pra ir no banheiro. E mesmo assim só lembro dele de costas. Tão pequenino. E eu nunca gostei de corpos pequenos, nunca.
Lembro apenas que você pôs a sua mão na minha e disse uma coisa pra mim. Uma coisa muito séria que eu nem posso contar. E também que ficou me olhando e esperou que eu falasse, mas eu não falei. Eu levantei e fui assim, bem perto de você. Bem perto mesmo. E olhei pra você e você me olhou e a gente se viu assim bem de pertinho e eu vi as marcas avermelhadas das suas bochechas e eu passei minha mão ali porque eu achei que essas manchas poderiam sair e você sorriu sem graça, como que entendendo minha tantativa inútil de limpar e eu não consegui fazer mais nada e te dei um beijo, um beijinho, no canto da boca e achei teus lábios tão frios. E eu voltei pro meu lugar e continuei te olhando e você falava e parecia animada e eu ficava pensando que eu nunca resistiria a lábios tão frios. E eu fiquei tão triste por isso. Tão triste que eu nem te conto.

quarta-feira, junho 13, 2007

doce inspiração.

Daqui eu te digo o que eu penso. Não se oprima por pouco. Saiba de si e viva em paz. É só o que podemos fazer. Não diga isso pra mim. Não por nada, mas não se preocupe. Eu não sou moleque. Não sou mesmo. Se eu quiser me enganar o problema é meu. Eu não preciso de você pra isso. Não pra isso. Eu me engano com que eu quiser. Pra ter um filho sim eu preciso de você. Mas, enfim, o exame deu negativo e não é esse o caso. Não mesmo.
Eu quero apenas o prazer disso. Eu não quero nada mais. To cascudo e não tenho medo de perder e garanto, e garanto mesmo, que se for pra perder eu já sei. Eu só vou me perder naquilo que me interessar. Não sou moleque, não nisso pelo menos. Sei lá. Talvez eu tenha voltado a minha boa arrogância dos 18 anos. Talvez.
Não sei se isso tudo mudou minha visão. Acho que não. Pra mim você ainda é o bichinho frágil que sempre foi. Mais ou menos canalha eu vou continuar te achando frágil. Seja pela consciência da própria canalhice, seja pela cegueira da mesma. Tanto faz. Tanto faz mesmo. Pra mim você ainda é o bichinho acuado que não se entrega e não se entregará porque tem medo de se perder. E se você é canalha é canalha por fuga e por essa minha psicologia barata. E acho que hoje você viu que essa minha psicologia é mesmo muito barata. Muito, e nada culta. E sim sim muito barata. Que seja. Não to nem aí pra isso, não pra isso.
To aí pro resto: pro resto que é toda mentira bem contada ou mesmo toda canalhice bem resolvida. To aí pelos sonhos todos e também por uns textinhos que eu escrevi por aqui e me agradaram. Até porque se eu quisesse a realidade eu teria feito jornalismo e não teatro, sabe? Eu sou um cara simples. De sim ou não. Um cara que não acredita em vítimas ou opressores. Acho que todos fazem e são aquilo que querem, seja lá como for, todos, na minha opinião são resultados de si mesmo, daquilo que quiseram, embora sempre haja a excessão eu confio mesmo é na regra.
Porque é a regra que me diz isso tudo. Não a regra do mundo ou da dita sociedade, não essa regra. Mas a regra que sou eu mesmo e minha capacidade real de realização, embora hoje eu lhe tenha confessado que eu sou, enfim, um cuzão. Tanto faz, meu bem, tanto faz.
E por tudo isso não aceito esse seu medinho besta, esse seu medinho que não é pra mim. Esse seu medinho que é seu e só seu. E que se assim é, a culpa é sua. Não pelos outros, mas por você mesma. Por você mesma que é assim porque assim quer, seja por ser 'cuzão' ou não. E isso é você. É você esse bichinho frágil que quer ser e que é. Esse bichinho que roda e não se encontra. Esse bichinho que me avisa o que não precisa avisar e que, assim avisando, prova pra mim toda a sua fragilidade.
Beijuca.
Pra que não haja dúvidas.
Rá.
F.

porque eu não resisto.

"Vai te arrumar, meu benzinho
as cinco e meia a gente se encontra.
Com sorte eu te dou um beijinho,
com mais sorte eu te acho tonta."

porque me admirei quando li o blogue indicado pela senhorinha alice.

Eu queria escrever sobre tudo, mas eu não consigo. Meu mundo é pequeno, é sempre pequeno. Eu não tenho a vastidão que vejo por aí. E nem to falando daquelas vastidões terríveis e chatas. Não, não. To falando da vastidão bacanuda e esperta. Porque tem gente que lida bem com isso e tem essa habilidade que é muito difícil, na minha opinião de pateta, que é conseguir citar outras gentes sem se embolar ou se afetar. É mesmo uma beleza quando isso cola. Mas é raro. E tem também a quase regra que leitura de coisas assim tendem a chatice. Mas quando não, quando a citação vira virgula, é uma beleza de se ler. E eu sempre me admiro com essa gente inteligente, culta e tal. Porque tá certo que eu leio e me acho e inteligente e tudo o mais, mas eu não sou culto. Não sou mesmo. Eu sou um falastrão, um admirador apenas daquilo que me pega, embora eu saiba que tem coisa que não me pega, mas que é boa. Eu não me esforço e por isso não sou culto. Até porque acho que tem gente aí que de fato embarca nessas coisas que não me pegam e que, portanto, são cultos espontâneamente. E disso eu entendo, pois isso é todo o meu discurso de ter clareza sobre si e blá-blá-blá. No mais não tem mais nem menos, tem cada um sendo o que é e olhe lá. E, de qualquer maneira, chatos sempre haverão, independente de serem espontâneos ou não.

terça-feira, junho 12, 2007

Diversão de Nerd.

Diversão de nerd é isso:
Sair de casa pra pagar contas e ver que a cidade tá eufórica e lembrar que hoje é dia dos namorados e somar dois mais dois e começar a andar olhando com muita atenção pra todos porque todos tão diferentes, pois inventaram esse dia e todos, ou quase todos, que seja, toparam essa invenção e embarcaram na farsa.
nerd vê:
  1. Homens completamente desajeitados com flores nas mãos. Cabeludo roqueiro com um buquê na mão é o ápice. Roqueiro no Rio já é estranho, pois tem muita natureza aqui. Com flores é mais maluco ainda.
  2. Mulheres também com buquês, mas sem expressão. Não dá pra entender se estão felizes ou tristes. Talvez as flores tenham sido dadas pelos colegas de trabalho, foi o que pensei.
  3. No Shopping muita muita gente. Casais de todos os tipos. Destaque pros casais de gente mais velha e pros que estavam brigando. Tinha também os casais gays, tendo uma ala discreta e outra ostensiva. A ostensiva parecia mais feliz.
  4. Muita gente comprando presente de última hora. A cara de aflição estampada porque provavelmente o presente é ruim já que não foi pensado. É impressionante como um troço tão idiota pode criar uma culpa tão desagradável. Tive um terrível flashback e sorri aliviado.
  5. No banco um cara falando no telefone com o que supus ser a amante já que era uma conversa atravessada, como se ela não pudesse falar. Mas isso não sei, sei só que foi o que pensei.
  6. Oh, sim sim. Não posso esquecer: hoje é a estreia do show do Roberto Carlos no Canecão. Os caras são foda. Sabem mesmo ser estratégicos e fazer o tal marketing. Impressionante.
  7. Pra finalizar o melhor, que nem tem a ver de fato. Aqui no prédio já. To esperando o elevador e escondendo minha sacola porque esse porteiro dessa hora é um zóiudo filha da puta - mas isso não vem ao caso agora. To lá e vem um garotinho a toda velocidade e derrapa com suas sandálias de borracha e se estabaca feio, mas não dá mole e levanta e continua pilhado e fala pro pai e pra mãe que não doeu e continua quicando e entramos no elevador e ele dispara a falar e a inventar músicas( que é uma coisa que minhas sobrinhas também fazem) e antes, bem pouco antes de descerem no 3° andar, ele canta essa pérola num ritmo estranho de garotinho alucinado: papai, papai é um biscoitinho e mamãe, mamãe é uma cesta de pãozinho. . Rará. Rarará!

***********

As mocinhas me olham com desprezo, mas eu gosto. Eu gosto do desprezo delas. São tolas pra mim que só reparo é na bunda. Eu quero apenas a bunda delas. Mulher sem bunda eu não suporto, ainda mais se for mocinha. Toda mocinha tem que ter uma boa bunda. Tem que ter tem que ter. E uma boa bunda nem sempre é o que se pensa. Uma boa bunda é aquela que tem curva suficiente pra ser um bom apoio de mão na hora do sexo, ou ainda aquela que tem covinhas para colocar os dedões quando de quatro. Agora se uma mocinha sem bunda sabe rebolar, Meu Deus, Meu Jesus, eu caso com ela e esqueço todas as minhas convicções.

do bom blogue do solda. clica aqui.



p. leminski.

pra ler em voz alta.

Adeus. Apenas eu. Sempre eu. Há quem diga que seja meu ego. Há quem diga e não responda. E eu me pergunto: cadê tu, que nem fala nem sabe? Cadê tu que me olha, mas não me atravessa? Faça sua vida ser livre, faça seus olhos fazerem de conta. Me manipule e me faça de gato e sapato. Eu gosto.
Mas esse sim nem não. Essa cara que disfarça porque parece fita. Essa mancha que sai na primeira lavagem. É tudo contado demais pra que pareça real. É tudo óbvio demais pra que haja tantos melindres.

Dor dor,


dor ruim.


É melhor:


você sem mim.

segunda-feira, junho 11, 2007

Meu olho seco passeia pela casa e eu vejo a parede verde e penso em coisas terríveis. Lá fora o barulho da rua e das pessoas parecem um tipo de canto estrangeiro. As vezes fico horas na janela olhando pros homens que trabalham e tento entender como se faz pra suportar a coisa toda. Eles parecem em paz com seus martelos e capacetes. Parecem prontos pra qualquer coisa. Não parecem gente, parecem outra coisa.
A moça que eu olho não me vê e eu adoro olhar sem ser visto. Eu sou o espião dela. Eu cuido dela e ela nem imagina que pode contar comigo. Naquela foto que eu vi um dia ela parecia estar muito feliz, embora fizesse força para parecer triste. É isso que eu penso enquanto reparo em tudo que ela faz. É tudo sobre ela, mas ela insiste em ser sonsa e não me topar de frente.
Em casa tem um rádio tocando e também um monte de arquivos abertos no computador. Arquivos de sonhos escritos que me alimentam e envenenam, pendendo mais pra um dos lados de acordo com o dia. Dia sim, dia não é o que sempre imagino. São as pequenas defesas que eu crio pra acreditar nas minha próprias mentiras. É uma maneira de viver.

domingo, junho 10, 2007

A noite ando com as pernas esticadas e me sinto muito bem. Não falo com ninguém, mas comprimento todas as moças alegres de Copa. Eu queria muito entrar na vida delas. Queria muito sentar num bar e conversar e dividir cigarros. Elas parecem ser bem mais espertas que as meninas que falo, pois elas não tem aquela vaidade da tristeza e do sofrimento que é tão comum nas mocinhas que fazem teatro que são, enfim, as mocinhas com quem mais converso. Mas é claro, dirão os idiotas, que elas também são tristes. Mas o ponto que os idiotas não entendem é que a tristeza delas não é de vaidade e isso é toda a diferença. Quando fui na Vila Mimosa vi dois tipos de camelôs: os que vendem brinquedos e os que vendem cosméticos. E eles vendem os dois muito bem, obrigado. Gosto das moças de Copa e ponho a mão no fogo que elas devem ser as loucas mais deliciosas que existem, com choros histéricos e creme com cheiro de morango. A pele macia de uma boa puta é sempre incomparável. E isso eu garanto.

sábado, junho 09, 2007

CLARAH AVERBUCK!

About Me
Name: Clarah Averbuck
Location: São Paulo, BR
Nariz de pugilista, coração de moça e cabeça dura.
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ACABEI DE LER TODO O BLOGUE DELA. É FODÃO. O QUE TÁ LÁ NA 'CAPA' QUE ABRE NÃO É O MELHOR. VALE FUÇAR E SIM SIM LER TUDO. ALÉM DE QUÊ ELA É BELÍSSIMA E JÁ TÁ NO MEU ORKUT DE BELAS MULHERES. ELA FALA MUITO DE AMOR. E ISSO É DIFÍCIL A BEÇA. ACHO MESMO, EMBORA ME ARRISQUE. E ELA É MULHERZINHA E NÃO É. DIFÍCIL EXPLICAR, MAS LENDO É CLARO. DEFINITIVAMENTE ELA NÃO É BABACA FALANDO DE AMOR. O QUE É RARO E É DIFÍCIL. E ELA CONSEGUE E ME DÁ TESÃO. A DESCRIÇÃO QUE ELA TEM DE SI MESMA É TESUDA E DOCE, COMO SÓ UMA MULHER TESUDA E DOCE FARIA. NA VERDADE EU QUERO ELA PRA MIM. PRA SER MINHA E ME DIZER UMAS COISAS QUE ACHO QUE ELA DIRIA. ELA DEVE SER MESMO TERRÍVEL. TERRÍVEL E DELICIOSA, POIS UM SEM O OUTRO NADA FEITO. CLIQUE NO TÍTULO E SALVE NOS FAVORITOS E LEIA TUDO EM TRÊS NOITES BÊBADAS. É O QUE EU RECOMENDO.
p.s. ana, se ler isso, entre e entre e leia e salve. você também fala de amor, né mesmo?

meu velho amigo

É impossível reproduzir exatamente o que meu amigo me falou, mas foi mais ou menos assim:

Eu não entendi aquele dia. A gente tinha saído, tinha bebido. Não lembro muito bem, mas tinha havido alguma discussão, tinha algum clima ruim e eu não lembro porquê. Eu sempre lembro dos climas ruins, mas nunca dos porquês. E nesse dia ela tava muito bonita, sabe? Sabe quando você tá com um mulher e fica pensando 'caralho, ela é a coisa mais tesuda que existe'? Era um dia assim. Ela tava vestida de botas e vestido de frio, era uma coisa. Se não me engano tava de jaqueta jeans também. E eu adoro jaqueta jeans em mulheres espertas. E a gente tava assim, meio abalado, sabe? Mas eu tava num tipo de coisa de quebrar aquilo, de quebrar aquele clima de merda. Eu tava tentando ser divertido e contar minhas histórinhas. E a gente subiu pro nosso quarto e ela ainda mantinha essa atitude, mas eu me esforçava e via que tava dando um certo resultado ainda que ela insistisse com a teimosia de mulher dela. Porque mulher é teimosa mesmo e ela era assim também e também sabia que era papel dela fazer aquilo porque daí eu continuava tentando remediar essa coisa de merda que tava no ar. E eu achei que ela tava sacando a minha assim como eu tava sacando a dela, que era essa coisa de resistir e sorrir ao mesmo tempo, sabe como é? Ela ficava fazendo suas exclamações e tudo, mas havia um prazer visível nela. Um prazer que ela deixava eu ver e que me fazia ter certeza disso. E assim, assim nesse pacote, eu comecei a tarar ela de um jeito mais agressivo, saca? Eu fiquei calando a boca dela com uns beijos, uns beijos roubados e babados, saca? Uns beijos pra marcar território. E ela continuava nessa mistura de riso e de bronca e continuava sorrindo e, as vezes, ria mesmo, e ria alto, mas ainda com a atitude de to brava, sabe? E eu insistia em dar essa cárater tesudo nas coisas e ela insistia na dela e eu disse que ela era a pocahontas porque ela tava de vestido e botas e que eu tava com tesão nela porque ela era a pocahontas e porque eu queria trepar com ela assim, de saia e botas, num tipo de fetiche e de disputa de força, sabe? E ela ao mesmo tempo em que me beijava soltava suas queixas e, olha, as queixas eram assim, daquele tipo meio porrada que fala o que pensa mesmo, ou seja, era agressivo o que ela me falava e eu tentava interromper ela e beijava ela e ela deixava e eu metia minha mão em baixo do vestido dela e falava pocahontas e ela ria e me beijava e parava tudo e soltava umas agressividades e de novo eu e de novo ela. E nesse clima louco a gente foi ficando tesudo, sabe? Sabe quando você fica tesudo e entra no clima de ser bicho? Ela me agredindo e a gente disputando força e tudo o mais. E ela já tava sem calcinha porque nesse meio eu tinha tirado a calcinha dela e tavamos loucos e ela falava pára, mas ria e me beijava e sacou que a brincadeira era mesmo a mistura daquilo tudo e eu entrei mais na onda e comecei a por o pau pra fora e passar nela, passar sabe?, sem entrar mesmo e aí, não sei o que foi que aconteceu, mas aí ela embarrerou e aumentou a agressividade e eu voltei a fazer minha fita, mas ela não cedeu e começou a ficar muito agressiva mesmo, agressiva de uma maneira que já não era a de antes e eu fiquei vendido porque parecia que tava tudo tão claro, sabe? Mas daí ela deu essa travada e eu não entendi e a gente parou, e parou mesmo, e eu saquei que a merda era maior e ela me deu um puta discurso sobre quem era ela e essas coisas e eu não entendi nada e olhava pra ela e pensava que ela tava mentido porque ela tava se fazendo de desentendida, o que é mesmo uma coisa muito irritante. E eu ali sem ação e sem entender. Sem entender nada de nada porque aquela reação dela parecia ser cerebral, sabe? Era uma reação de um lado racional e escroto. De um lado que era ela falando 'eu sou mulher, mas não sou mulherzinha e eu me imponho e se me quiser você tem que engolir isso' e eu pensava que isso não tinha nada a ver com aquilo, com aquilo que era uma manifestação de amor, sabe?, uma manifestação de amor. Mesmo. Eu sabia daquilo que ela tava falando e eu até concordava, mas eu pensava que ela tinha viajado porque era bem mais simples, bem mais. Era uma coisa pra um dia, um dia de sexo bom e diferente entre duas pessoas que já se conhecem a algum tempo. Era só isso. E era uma manifestação de amor, porra.
Porra, depois desse dia tudo fudeu. Foi depois desse dia que tudo acabou e ficou pior e morreu e morreu agonizante, que é uma merda de maneira de morrer.

sexta-feira, junho 08, 2007

é tudo sobre mim.

Porque foi como foi e lembro que você não me entendeu num dia tão importante. Que você me disse que não tava do meu lado. Que o que meu inimigo me falava era que estava certo. Eu precisava apenas de você. De você segurando minha onda, embora não concordasse comigo. Eu queria apenas a mão no fogo. Eu sempre quero a mão no fogo. Nada de sei não sei. To fora.
E tem aquela história que um amigo meu me contou e que é apenas disso que se trata: de ser incompreendido justamente no momento em que a mão no fogo é tudo se quer. De perceber que isso e aquilo foi incapacidade de se abandonar e de esquecer que você tem suas convicções e blá-blá. Naquele dia eu saberia que o que você estava fazendo não era sincero, mas era pra mim e era generoso. E era belo por isso e por isso eu casaria, mas já não caso mais. Eu tenho raiva, não saudades. Demorou muito pra me cair a ficha e não vai demorar mais, não agora. Não contigo e sua máscara de não sei quem sou. Sai dessa. Você sabe do que se trata a vida, né não? Você sabe de tudo: como viver melhor e ser mais cuidadoso e comer coisas menos gordurosas. Você tem essa aura louca de perseguir uma coisa, uma coisa que te defina e que te faça ver o mundo de modo chapado. No fim você quer ver o mundo de modo chapado. Coisa que eu até entendo e entendo mesmo sem preconceito. Mas agora, agora mesmo, é como se o tempo tivesse me roubado. E essa é a minha raiva: um tempo grande que perdeu o sentido é um tempo roubado. E na média eu estou ótimo e só não pulo e berro por aí porque me falta o dinheiro da libertação. Você lembra dele, não lembra? Mas nem sei se é assim como eu digo. É que tem duas coisas que sempre me voltam, apenas duas. Porque essas duas foram o aviso do tempo que eu não entendi. Eram duas manifestações disso tudo, disso tudo que denotava nossa impossibilidade de ser pra sempre ou de ser muito. E nesses dias essas duas coisas tem me rodado a cabeça, sabe? Me rodam porque eu fico puto que não tenha visto alí qual era, enfim, o nosso problema. O tempo teria nos roubado menos.

quinta-feira, junho 07, 2007

Do Galhardo. Fodão. Clica Aqui.


Para Sra J. R - a moça mais elegante que conheço.

Eu não sei o que acontece, mas eu acredito em tudo aquilo, sabe? Eu acredito naquilo e não dependo da aprovação de todos. Eu não sei bem como explicar, mas eu percebo alí, e em tudo, uma potência louca de algo muito real. Talvez porque aquilo seja muito pessoal pra mim e não pra vocês. E eu tenho muita clareza de que eu gosto daquilo e de que eu sou aquilo, não na vida porque a vida não interessa, mas no lance de fazer uma coisa no palco é aquilo que eu quero. Eu acho que a gente tem que cutucar cada vez com a vara mais curta. Acho que temos que ter coragem pra não precisar pensar com outro filtro que não seja o nosso. E talvez aí seja o grande problema. Eu tenho certeza que aquele é meu filtro, que aquele é o meu barato. Eu gosto do que eu faço porque eu sei porque eu faço e porque aquilo me importa. Mas isso é pessoal, é até intimo. E se você, ou vocês, não tiverem um lance com isso, se vocês acharem outras coisas e tiverem outras viagens pra si mesmas, aí é uma questão de posicionamento e de direção que se quer dar ao trabalho. Eu só posso fazer o que eu faço e minha ambição é fazer o que eu faço cada vez melhor e com mais requinte e com a vara mais curta. Eu não quero ter personalidades múltiplas, não quero fazer um realismo aqui, um expressionismo alí. Eu quero me repetir. Me repetir bem pra caralho. Lembra da histórinha que sempre conto do pintor Japa que é especializado num único ideograma? Lembra? Então, eu quero ser o pintor Japa que tenta atingir o êxtase, o ápice pela repetição. Sim, sim. Meu reino por eu ser eu mesmo e cada vez mais. Por a gente ser cada vez mais a gente, ainda que isso me elimine da própria Cia. Eu juro que não ficaria magoado, juro. Ficaria satisfeito em saber que vocês fazem o que vocês querem assim como eu faço o que eu quero e o que me diz respeito e me dá tesão. Sim, tesão. Porque eu tenho um tesão enorme no nosso teatrinho. E eu tenho esse tesão porque eu sei o que eu quero com aquilo. E definitivamente eu não quero agradar a L, ou o C e muito menos o R. Sabe?
Concordo que há um conhecimento técnico a se adquirir. Acho que pra ser especialista tem que se dedicar e 1 - aprofundar-se em si e 2- ampliar a si mesmo. Mas definitivamente não sei qual é a obrigação de saber fazer um realismo, por exemplo. Pode ser uma onda, um treinamento. Mas é só isso. É tipo diabético: já que me falta insulina eu pego insulina pra injetar. Mas é paliativo. E é triste porque é uma doença eterna, né? Por mais que a gente aprenda a conviver com ela. Insatisfação é isso. Insegurança também. A única droga pra essas coisas é ter clareza de si. E isso também é paliativo. Saca?
Sei lá, minha querida, sei lá. É como eu te disse: eu me sinto ótimo e minha única encrenca é grana. De resto eu quero mesmo é fazer o que eu quero e o que eu faço. Eu adoro, sabe? Pra mim é afetivo, é sentido de vida. Eu me repito na Cia. assim como eu me repito no blogue. Eu sou quase um idiota de tão coerente que eu sou. E se eu não me acho idiota é simplesmente porque eu não me acho idiota. Talvez eu seja mesmo muito arrogante em ter essa certeza e essa clareza, mas foda-se. Foda-se se acham que é só arrogância. Eu sei dos meus e os meus sabem de mim. Eu não quero que o mundo me entenda, não quero. Eu quero minha turma e meu quarteirão. E acho, acho mesmo, que tem muita gente que é do meu quarteirão, mas que eu ainda não conheço. E cedo ou tarde eu vou conhecer e eles e eu seremos uma turma e nos lamberemos alegres e bêbados. E só.

No fim de tudo eu te acho triste. Me parece um bichinho. Uma coisinha pequena que se sufoca com as coisas que põe na boca. Será que você se deixaria arrebatar? Será que abriria as pernas e diria ''seja violento''? Não. Acho que não.

quarta-feira, junho 06, 2007

Nem posso mais seguir. Minha cara gorda e meu nariz entupido. A cada espirro eu acendo um cigarro que é pra fazer pirraça. E eu espirro bastante. Em Curitiba a gente fala 'piá do dianho', que é mesmo uma grande expressão. E ouvindo uma musiquinha aí e fico vendo a letra e tentando praticar meu inglês capenga. Uma grande diversão.

Morre devagar,
bem devagarzinho.
Deixa eu ver seus olhinhos secando,
deixa eu ouvir seu suspiro fraco.
Deixa eu pegar na sua mão pequenina
e sentir seus ossinhos finos e frios.
Mas morre de olhos abertos
e deixa a boca semi-cerrada
que é pra eu lhe dar um beijinho
e pra que você vá em paz.
.
Morre assim bonitinha:
um quase sorriso
sem mostrar os dentes.

terça-feira, junho 05, 2007

nostalgia.

Saudades loucas de quando eu tinha 18 anos e minha arrogância era por vitalidade e não por defesa. Eu era um moleque besta e esperto que morava em Sampa com três belas garotas que organizavam ótimas festas onde eu nunca mexia um palito. A vida era boa e eu lia os livros e dava discursos inflamados sobre isso me sentindo um pequeno deus da cultura. Eu me via como o gênio a ser descoberto, como a próxima revelação do teatro nacional. Eu era deslumbrado e não me dava conta disso e, portanto, vivia em paz. O meu quintal era enorme e nas ruas eu sempre andava cheio de pensamentos loucos sobre as glórias futuras. Era uma vida gloriosa porque eu não sabia de nada e porque só a ignorância proporciona esse estado de glória. Era tudo que só o passado pode ser e tudo que só os hormônios explicam. Eu sorria com facilidade e conversava com os desconhecidos e gostava de quase todos porque quase todos gostavam de mim. O mundo era justo e o impossível era apenas uma palavra vazia usada pelos fracos.

(...)
Na T. V tem duas gostosas se bulindo. Elas se esfregam uma na outra. São duas loiras americanas com os enormes peitos de silicone. O peito é artificial, mas mesmo assim dá tesão. Meu pau tá meia bomba e eu to olhando pra elas e pensando que elas tem muita habilidade em fazer esse troço. Não chega a ser um programa pornográfico, mostram apenas os pêlos e os peitos e a bunda, mas sempre sem abrir a perna. São duas bundas de gesso. Elas tem um jeito estranho de passar a mão uma na outra e as vezes parece que elas tão só se coçando.
(...)

segunda-feira, junho 04, 2007

Do Blogue do Carah. Fodão.


tédio na 3ª série b

é tudo sobre mim.

Eu não gosto de gente que elogia a roupa de outro. Sou um cara preconceituoso. Até entendo uma pessoa dizendo: nossa, hoje você tá muito muito bonita, mas não entendo quem diz: esse seu cachecol é maravilhoso. Sei lá, é preconceito puro. E preconceito não precisa de explicação, não é mesmo? É que essa gente que elogia cachecóis ou coisas assim são sempre tão espertas, sabe? De uma esperteza que não tenho e que desprezo. Não gosto de gente que fica numas de 'seu direito de consumidor', não gosto. Acho essa gente uma coisa longa, uma coisa calculada, uma coisa que não sou eu e que , portanto, não me interessa. Sempre gostei de gente parecida comigo e eu não quero mudar e não quero conhecer gente que muda, sabe? Minha filosofia é de butiquim e tende a desprezar o estranho e o desconhecido. Não que eu ache isso certo, mas sei que isso sou eu e sei que não quero essa gente elegante e artística que fala e comenta sobre tudo que lê. Porra, eu leio sabe? Eu agora tô lendo Moby Dick e eu sempre tô lendo algo, mas não é disso que eu quero falar, entende? Eu falo das coisas, das coisas idiotas que me parecem ser as coisas da minha vida e tal. Eu insisto em dizer que sou preconceituoso e também que não gosto desse tipo de vaidade. É meu jeito, minha maneira. Não é a verdade do mundo, mas é o meu lance, o meu lance que é a vagabundagem e o papo despretensioso de uma cerveja. Essa gente que bebe pra falar sério é um troço do outro mundo e que me dá uma tremenda dor no saco. Eu não acho que eu tô certo nem nada, mas eu gosto de mim e dos meus, não tenho tolerância pra todos esses que são o mundo. Sei lá, eu prefiro isso. Eu prefiro o mundo besta de papos vazios e sem pretensão. Eu acho mais honesto. É uma questão de estilo, é um jeito e é só isso. E não um dogma que neguinho tenha que entrar numas ou concordar.
E no fim, no fim de tudo, eu continuo achando que é só minha solidão de ser livre que me importa. O resto são histórias e possibilidades que nem sempre me interessam.

domingo, junho 03, 2007

pelo tédio.

Mais ou menos parado e a cara mais ou menos cheia. Foi assim:
- Deixa de lado essas coisinhas miúdas.
- Não posso, não posso mesmo. Essas coisinhas miúdas são todo o meu sentido.
- Credo. A tua vida deve ser triste.
- Não acho, mas acho que é miserável, assim como eu acho que sua vida também é. Mas isso é só o que eu acho. E Não me importo. Não mesmo.
- É. Você gosta de não se importar com nada. Você gosta disso. Eu não entendo esse seu gosto de falar sozinho.
- Porra. É tão simples. Eu não preciso de você. É tudo mentira, oras. Pare de achar que sou idiota porque eu não sou. Se me faço de idiota é porque acho que isso é alguma vantagem. Sou simples. Bem simples. Minha simplicidade é estratégica...haha...
- Eu vou embora. Eu tô cansada. Eu não quero saber. Fique aí, fique feliz se puder porque eu vou dormir.
- Tá. Durma bem e com os anjos. Eu não acredito em Deus, mas acredito nos anjos. Durma bem.
- Brigada. Beijos. Beijos loucos. Você gosta disso, não gosta? Gosta que eu diga 'beijos loucos'? Então eu digo: durma bem e beijos loucos.
- Tá. Haha...Beijos, beijos loucos, durma bem.

sábado, junho 02, 2007

É assim: a mentira me confunde, mas também me satisfaz. As vezes eu minto tanto que torno a mentira um monstro e perco a linha. E eu falo disso e pareço saber do que falo, mas a verdade é que eu sei que sou uma farsa e que, embora não sempre, muitas vezes me alegro com isso.
O pior é que mato pessoas legais nas mentiras assim como invento gente que não existe. Mas pior ainda é que quase sempre prefiro as minhas invenções porque elas são obedientes e generosas. E sou um tipo antigo que adora gente obediente e generosa, ainda mais se essa obediência for pra mim e se essa generosidade for um mimo delicado de uma moça bonita. Mas isso é muito raro, muito mesmo. As mulheres bonitas, na maioria, são chatas e burras, ou inteligentes demais, mas jamais generosas.
( Nessas horas eu penso que se eu fosse mulher eu seria a diaba mais esperta e manipuladora do mundo. Teria qualquer amante e seria dona de todos eles apenas fazendo de conta que são eles que mandam em mim.)
E o problema é todo esse, sabe? É aquela coisa besta e óbvia do velho Frankstein(?). Aquela coisa que é assim da ordem triste do criador que não controla a criatura. Que é uma coisa muita antiga e que tá na Bíblia e no Prometeu. E que tá em qualquer coisa que seja muito humana, embora sempre soe como algo muito divino.
Minha tristeza é antiga e também é antiga minha confusão entre verdade e mentira e já que a verdade eu não consigo controlar eu continuo insistindo na mentira, embora essa também me confunda e também me faça sentir assim, assim, como um anjo de asas cortadas. Mesmo a mentira precisa de verosimilhança - e isso foi titio Brook quem me ensinou.
Enfim, não se trata de ter certeza, mas sim de cogitar uma possibilidade que possa ser possível. Ainda que não seja.
Beijuca.
F.